
Trata-se de adivinha��o porque Lula n�o abriu ainda o jogo do que faria uma vez eleito, mas n�o desautoriza quem pode falar por ele, como a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do partido, nem os ditos “economistas do PT”, todos ansiosos para chamar a aten��o. � t�tica de marketing pol�tico, tanto quanto a de seus desafetos.
Em situa��o normal, as supostas an�lises t�cnicas, isentas, por presun��o, seriam palavras ao vento, dada a enorme dist�ncia entre o que diz o candidato e o que ele faz depois de eleito. O interesse nesta corrida eleitoral, que legalmente nem come�ou, est� no que as ditas preocupa��es dos economistas revelam nas entrelinhas. Atente-se, que a maioria se preocupa com Lula, n�o com Bolsonaro reeleito.
Tais “impress�es” acusam o receio dos cr�ticos de que a dianteira de Lula nas pesquisas de inten��o de voto n�o ceda e se confirme no dia de vota��o. Se um presidenci�vel � o sujeito de tantos artigos � revelia dos desejados pelos porta-vozes de segmentos da economia, isto significa que est�o dando como irrevers�vel o resultado.
Tamb�m tentam com seus ju�zos prevendo o fim dos tempos caso Lula se eleja firmar a frente que carimba o PT como insensato fiscal. � uma linha auxiliar � campanha do medo da “comuniza��o”, a t�tica de Bolsonaro, e a de associ�-lo � corrup��o, do ex-juiz S�rgio Moro.
Outra percep��o � de que tais esfor�os ser�o em v�o, se a massa de pobres, mais de 70% do eleitorado, j� estiver com cabe�a feita devido � falta de empatia de Bolsonaro com as milhares de v�timas da pandemia, entre mortos e sequelados, e sua avers�o �s vacinas.
Os caciques do centr�o que o apoiam sup�em que o Aux�lio Brasil de R$ 400 atrair� o voto dos desatentos. Mas antes o b�nus ter� de ser dissociado do Bolsa Fam�lia criado por Lula. O que h� � o mau-humor por surgir j� insuficiente para cobrir a infla��o da cesta b�sica.
O que � �til discutir
Ent�o, prop�em-se leis mais duras, pris�o para ladr�es do er�rio, questiona-se a legitimidade do Congresso, critica-se a leni�ncia dos ministros do STF, assim como enxugamento de programas sociais, corte ou redu��o dos encargos sociais sobre as empresas, reforma administrativa para congelar aumento salarial de servidor e abolir o instituto da estabilidade. A��es t�picas, como fechar bares para proteger alco�latras, em vez de trat�-los para livr�-los do v�cio.
No Brasil de 2022, cria do sentimento antipol�tica sa�do da Lava-Jato que elegeu Bolsonaro em 2018, todo pol�tico n�o presta, o que tiver carimbo do Estado � ruim ou obra de comunista, os burocratas s�o sanguessugas, as mentes abertas comungam com o dem�nio etc.
� uma situa��o resumida pela m�xima atribu�da ao grande Tim Maia, segundo o qual o Brasil n�o pode dar certo porque aqui prostituta se apaixona, cafet�o tem ci�me, traficante se vicia e pobre � de direita. Acrescente-se que aqui muitos empres�rios, especialmente os de menor porte, culpam o Estado pelas suas dificuldades.
Como mudar o Brasil
Registre-se que nenhuma economia num pa�s continental e popula��o acima de 200 milh�es de habitantes pode ambicionar o pleno emprego e a prosperidade escalando de uma gera��o para outra sem atividade industrial diversificada e inovadora. � essa ind�stria que bombeia o dinamismo de servi�os, gerador da maioria dos empregos e renda.
Muda-se indo � raiz dos problemas. A gest�o p�blica disfuncional � derivada de uma estrutura de governan�a que n�o governa, em parte porque feita para que muitos atores estranhos � efic�cia do Estado sejam correias de transmiss�o de interesses esp�rios e alheios � fun��o esperada do setor p�blico, seus servi�os e regula��o.
N�o se extirpa corrup��o com leis draconianas nem pol�cia em todo lado, mas com revis�o cont�nua de processos, com programas digitais dos sistema gerenciais, com absoluta transpar�ncia e n�o a formal, do tipo me engana que eu gosto. O RH do tempo do DASP, Departamento de Administra��o do Servi�o P�blico, era muito mais moderno que o atual, gerido por funcion�rios bem formados e diligentes.
A pol�tica valorizada
A formula��o da pol�tica econ�mica focada na meta de gerar emprego e renda implica priorizar a inova��o industrial e a infraestrutura, que no est�gio em que se encontra no pa�s sua amplia��o j� levaria a ativar o importante ramo dos bens de capital. Qual o problema, se necess�rio for, de o investimento p�blico financiar parte? O credor s� poder� aplaudir, n�o ter urtic�rias como sugerem os economistas que batem ponto na imprensa e p�em medo nos empres�rios nacionais.
Enfrentam-se os temas aqui falados com diversos pontos de vista e n�o cancelando quem diverge das ideias obsoletas, como o economista Andr� Lara Resende, o mais brilhante de sua gera��o ainda ativo.
Os presidenci�veis inquietos receber�o tais vis�es com agrado, mas precisam saber que elas existem. Ou conhecem as possibilidades, que s�o as aplicadas nos pa�ses mais bem-sucedidos, ou fracassaremos, e n�o s� o eleito, como o pa�s do passado que desprezou o futuro.