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Estado de Minas ECONOMIA

Ra�zes do atraso nas previs�es dos arautos do caos no mercado financeiro

'Resist�ncia a transformar o governo e a economia � de quem critica para manter o status quo'


23/01/2022 04:00 - atualizado 23/01/2022 07:58

Nesta foto de arquivo tirada em 31 de dezembro de 2021, um homem passa por um quadro de avisos exibindo os preços dos combustíveis em um posto de gasolina no centro de São Paulo, Brasil
"A gest�o p�blica disfuncional � derivada de uma estrutura de governan�a que n�o governa" (foto: Filipe Ara�jo/AFP - 31/12/21)

Como nos programas de audit�rio, em que o animador esconde algu�m ou algo, d� umas dicas sobre o mist�rio e desafia os participantes a adivinhar o que seria, n�o passa dia sem que economistas ligados ao mercado financeiro venham a p�blico criticar e at� prever, como arautos do caos, o fracasso de um eventual governo petista.

Trata-se de adivinha��o porque Lula n�o abriu ainda o jogo do que faria uma vez eleito, mas n�o desautoriza quem pode falar por ele, como a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do partido, nem os ditos “economistas do PT”, todos ansiosos para chamar a aten��o. � t�tica de marketing pol�tico, tanto quanto a de seus desafetos.

Em situa��o normal, as supostas an�lises t�cnicas, isentas, por presun��o, seriam palavras ao vento, dada a enorme dist�ncia entre o que diz o candidato e o que ele faz depois de eleito. O interesse nesta corrida eleitoral, que legalmente nem come�ou, est� no que as ditas preocupa��es dos economistas revelam nas entrelinhas. Atente-se, que a maioria se preocupa com Lula, n�o com Bolsonaro reeleito.

Tais “impress�es” acusam o receio dos cr�ticos de que a dianteira de Lula nas pesquisas de inten��o de voto n�o ceda e se confirme no dia de vota��o. Se um presidenci�vel � o sujeito de tantos artigos � revelia dos desejados pelos porta-vozes de segmentos da economia, isto significa que est�o dando como irrevers�vel o resultado.

Tamb�m tentam com seus ju�zos prevendo o fim dos tempos caso Lula se eleja firmar a frente que carimba o PT como insensato fiscal. � uma linha auxiliar � campanha do medo da “comuniza��o”, a t�tica de Bolsonaro, e a de associ�-lo � corrup��o, do ex-juiz S�rgio Moro.

Outra percep��o � de que tais esfor�os ser�o em v�o, se a massa de pobres, mais de 70% do eleitorado, j� estiver com cabe�a feita devido � falta de empatia de Bolsonaro com as milhares de v�timas da pandemia, entre mortos e sequelados, e sua avers�o �s vacinas.

Os caciques do centr�o que o apoiam sup�em que o Aux�lio Brasil de R$ 400 atrair� o voto dos desatentos. Mas antes o b�nus ter� de ser dissociado do Bolsa Fam�lia criado por Lula. O que h� � o mau-humor por surgir j� insuficiente para cobrir a infla��o da cesta b�sica.

O que � �til discutir

Talvez fosse mais �til discutir o que precisa ser feito para atender a necessidade da maioria do eleitorado, o que em �ltima inst�ncia � fun��o da pol�tica econ�mica e da disposi��o dos empres�rios em confiar na economia. O resto � tert�lia acad�mica.
Essa parada � a mais dif�cil. Embora j� haja razo�vel consenso de que a economia est� estagnada h� mais de 40 anos, as causas formam uma cacofonia de explica��es, em geral focadas no excesso de gastos p�blicos, no intervencionismo estatal e na corrup��o dos pol�ticos.

Ent�o, prop�em-se leis mais duras, pris�o para ladr�es do er�rio, questiona-se a legitimidade do Congresso, critica-se a leni�ncia dos ministros do STF, assim como enxugamento de programas sociais, corte ou redu��o dos encargos sociais sobre as empresas, reforma administrativa para congelar aumento salarial de servidor e abolir o instituto da estabilidade. A��es t�picas, como fechar bares para proteger alco�latras, em vez de trat�-los para livr�-los do v�cio.

No Brasil de 2022, cria do sentimento antipol�tica sa�do da Lava-Jato que elegeu Bolsonaro em 2018, todo pol�tico n�o presta, o que tiver carimbo do Estado � ruim ou obra de comunista, os burocratas s�o sanguessugas, as mentes abertas comungam com o dem�nio etc.

� uma situa��o resumida pela m�xima atribu�da ao grande Tim Maia, segundo o qual o Brasil n�o pode dar certo porque aqui prostituta se apaixona, cafet�o tem ci�me, traficante se vicia e pobre � de direita. Acrescente-se que aqui muitos empres�rios, especialmente os de menor porte, culpam o Estado pelas suas dificuldades.

Como mudar o Brasil

Como mudar o Brasil emperrado pela aus�ncia de desenvolvimento h� mais de quatro d�cadas, que perdeu a import�ncia industrial que j� teve at� os anos 1980, quando China e Coreia do Sul tinham parques fabris menores e menos diversificados que o brasileiro?

Registre-se que nenhuma economia num pa�s continental e popula��o acima de 200 milh�es de habitantes pode ambicionar o pleno emprego e a prosperidade escalando de uma gera��o para outra sem atividade industrial diversificada e inovadora. � essa ind�stria que bombeia o dinamismo de servi�os, gerador da maioria dos empregos e renda.

Muda-se indo � raiz dos problemas. A gest�o p�blica disfuncional � derivada de uma estrutura de governan�a que n�o governa, em parte porque feita para que muitos atores estranhos � efic�cia do Estado sejam correias de transmiss�o de interesses esp�rios e alheios � fun��o esperada do setor p�blico, seus servi�os e regula��o.

N�o se extirpa corrup��o com leis draconianas nem pol�cia em todo lado, mas com revis�o cont�nua de processos, com programas digitais dos sistema gerenciais, com absoluta transpar�ncia e n�o a formal, do tipo me engana que eu gosto. O RH do tempo do DASP, Departamento de Administra��o do Servi�o P�blico, era muito mais moderno que o atual, gerido por funcion�rios bem formados e diligentes.

A m�quina p�blica � complexa, como qualquer grande corpora��o, n�o permitindo amadorismo nem influ�ncias subalternas a seu corpo.

A pol�tica valorizada

Um sistema pol�tico voltado ao umbigo dos dirigentes de partidos � como senha para arrombar o cofre. O papel do legislador merece ser revisado at� para o pol�tico ser valorizado. Sem isso, o tanque de �gua das opera��es Lava Jato nunca bastar�. Quando se chega a esse ponto, o po�o j� secou. Esc�ndalos assim levam os respons�veis � cadeia nos EUA, mas as empresas continuam abertas com nova dire��o.

A formula��o da pol�tica econ�mica focada na meta de gerar emprego e renda implica priorizar a inova��o industrial e a infraestrutura, que no est�gio em que se encontra no pa�s sua amplia��o j� levaria a ativar o importante ramo dos bens de capital. Qual o problema, se necess�rio for, de o investimento p�blico financiar parte? O credor s� poder� aplaudir, n�o ter urtic�rias como sugerem os economistas que batem ponto na imprensa e p�em medo nos empres�rios nacionais.

Enfrentam-se os temas aqui falados com diversos pontos de vista e n�o cancelando quem diverge das ideias obsoletas, como o economista Andr� Lara Resende, o mais brilhante de sua gera��o ainda ativo.

Os presidenci�veis inquietos receber�o tais vis�es com agrado, mas precisam saber que elas existem. Ou conhecem as possibilidades, que s�o as aplicadas nos pa�ses mais bem-sucedidos, ou fracassaremos, e n�o s� o eleito, como o pa�s do passado que desprezou o futuro.

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