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A farsa como m�todo: ataques �s urnas e a amplia��o do Aux�lio Brasil

Campanha turvada por amea�as e pervers�es ideol�gicas n�o serve ao progresso e ao bem-estar


14/08/2022 04:00 - atualizado 14/08/2022 07:36

Urnas eletrônicas
Urnas eletr�nicas: sem qualquer prova, Bolsonaro questiona seguran�a dos equipamentos (foto: Antonio Augusrto/Ascom/TSE)


A atua��o de Jair Bolsonaro na Presid�ncia da Rep�blica n�o � a de um pol�tico comum. Ele lidera uma campanha de descr�dito das cortes superiores e da urna eletr�nica, acusada por ele de permitir que as elei��es sejam fraudadas. Ao mesmo tempo, apoiou os seus aliados do centr�o, no Congresso, para mudar a Constitui��o, arrombar a lei de responsabilidade fiscal e furar o teto constitucional de gasto para arrumar R$ 45 bilh�es inexistentes entre agosto e dezembro e dar R$ 200 a mais ao b�nus de R$ 400 mensais do Aux�lio Brasil.
 
Se estivesse realmente convencido de que as urnas permitem fraudes e que os ministros do STF lotados no TSE o perseguem, como o novo presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, n�o teria mandado o ministro Paulo Guedes sujar a imagem de ultraliberal e de gestor austero para aprovar a “PEC da compra de votos”, sustentada num “estado de emerg�ncia” fajuto. Foi uma forma de n�o serem acusados de cometer crime de responsabilidade.
 
Muito menos teria mobilizado sua base no Congresso, cujo expoente � o presidente da C�mara, Arthur Lira, para aprovar outra PEC, a do calote dos precat�rios, dando um bei�o estimado em R$ 200 bilh�es legado ao futuro governo no pagamento de d�vidas l�quidas e certas federais. Tamb�m n�o teria feito da Petrobras uma porta-girat�ria de presidentes at� achar um mais disposto a manipular os pre�os dos combust�veis, engrossando o corte for�ado do ICMS da gasolina, do g�s de cozinha e do diesel � revelia da autonomia dos estados.
 
S�o tais medidas que est�o dando alento ao crescimento da economia e, portanto, do emprego, apesar de baixa qualidade, e desinflando a infla��o, influenciada pelo corte de impostos nos combust�veis e na energia el�trica, al�m da boa-vontade da dire��o da Petrobras. N�o s�o resultados estruturais, no sentido de que vierem para ficar, os custos v�o aparecer no in�cio do pr�ximo ano. Mas quem se importa?
 
Guedes voltou a falar em crescimento em V, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, do mesmo PP de Lira e rapos�o do centr�o, disse que a gest�o da economia est� dando exemplo ao mundo, e Bolsonaro foi ao Twitter ironizar os manifestos em defesa da democracia e do TSE, lidos na quinta-feira num evento grandioso da Faculdade de Direito da USP, no hist�rico Largo do S�o Francisco. Tuitou que aquele fora um grande dia, mas devido ao an�ncio pela Petrobras do corte de R$ 0,20 do diesel. As pesquisas sugerem que est� funcionando para ele.

Inspira��o que vem do frio

Do p�s-guerra at� a queda do Muro de Berlim, em 1989, era dif�cil o cidad�o comum diferenciar not�cia verdadeira do que hoje muitos chamam de “narrativa”, dentro da qual se inserem as fake news, um produto nocivo da liberdade das redes sociais, usadas para gerar tr�fego com o qual as plataformas lucram vendendo publicidade.
 
Naquela �poca, os vil�es vinham do frio, dos comunistas da Uni�o Sovi�tica antes de sua dissolu��o, enquanto os EUA seriam o basti�o da liberdade. Os dois lados manipulavam o que estivesse ao alcance: do notici�rio ao mundo cultural (filmes, m�sica, shows etc.).
 
A URSS deu lugar � R�ssia, e tudo mudou para tudo continuar igual. O iliberalismo ascendeu na R�ssia do czar dos novos tempos e velhas pr�ticas – Vladimir Putin, ex-chef�o da KGB. Ele criou um estado olig�rquico sob as vestes da democracia liberal, inspirando Donald Trump nos EUA e a nova internacional iliberal de Orb�n, na Hungria, Erdogan, na Turquia, e... Sim, ele. E n�o sabemos lidar com isso.
 
Nossas for�as sociais fizeram o certo ao se reunir em torno de uma frente in�dita entre capital, trabalho e entidades da sociedade civil organizada em defesa do Estado Democr�tico de Direito. Foi um basta aos ensaios golpistas, sem explicitar de quem se tratava. Foi uma a��o necess�ria. Depois de alguma hesita��o, Bolsonaro insinuou supostas raz�es partid�rias nos atos que entrar�o para a hist�ria e tentou desacreditar as suas lideran�as.

Sem golpe. Mas com trapa�as

O que vir�? Um golpe? Dif�cil. As For�as Armadas fazem chegar a ouvidos certos que nada t�m a ver com o assanhamento dos colegas fardados aposentados que Bolsonaro recrutou e premia regiamente.
 
Como corpora��o de Estado, reprovam as falas de Bolsonaro dizendo que � o comandante supremo das FAs, que est� na Constitui��o mais como �nfase do seu car�ter apol�tico que como um t�tulo hier�rquico na cadeia de comando militar. O problema dessa t�tica � conhecer os limites e a hora de recuar. Ao nomear o ex-comandante do Ex�rcito para o Minist�rio da Defesa, um cargo civil, e v�-lo criar ainda mais embara�os � lisura do TSE nas elei��es, Bolsonaro exorbitou.
 
Poderia jogar panos quentes, pois acuou o STF, que re�ne, em tese, elementos para pedir ao Congresso autoriza��o para process�-lo. N�o o far� agora, possivelmente depois, caso perca a reelei��o e o foro privilegiado. E � o que o levou a ir al�m do ensaiado, gerando a mobiliza��o da sociedade, que parece ter vindo para ficar. Esse � o fato novo n�o previsto pelos rapos�es da pol�tica.

E a opera��o para desacreditar a resist�ncia aos seus maus modos? � ris�vel. A maioria o faz por ignor�ncia, al�m de ser inexpressiva no empresariado, v�rios sem empresa ou aposentados.
 
� o caso dos que estranharam o manifesto subscrito pela Fiesp, Febraban, Abdib, IBA, Abiove, FecomercioSP, Amcham etc. Um deles postou no grupo de WhatsApp de uma entidade nem sequer chamada: “Esta carta deveria se chamar Em Defesa da Ditadura do Supremo Tribunal Federal”. Outro alertou que o comunismo derrotado pela “revolu��o de 1964” estaria de volta. Mais sem no��o, imposs�vel.

Melhor enfrentar assombra��o

O que ser� daqui at� as elei��es? Muita bagun�a institucional. As institui��es, ali�s, provaram estar obsoletas. Se estivessem ok, os chefes da Lava Jato n�o a teriam usado para expurgar candidaturas, e isso, diga-se, com a assist�ncia luxuosa de parte da imprensa.
 
S� agora, depois de juiz virar ministro do principal beneficiado das patranhas de 2018, san��es come�am a ser aplicadas. E o chefe do Ex�rcito que na v�spera do julgamento do habeas corpus em favor de Lula no STF foi ao Twitter falar de consequ�ncias da decis�o? E Lula, por que n�o se explica e tira a limpo o que aconteceu?
 
O pa�s est� como fam�lias que passam por um dissabor de algum dos seus e evitam tocar no assunto. Melhor enfrentar que dar corda para assombra��o. J� h� zumbis demais, todos muito vivos, a nos agoniar.
O extremismo na direita, que se disfar�a como liberal na economia e conservador nos costumes, foi tolerado at� a irrup��o dos atos c�vicos. A esquerda incapaz de aceitar seus contr�rios como um fato normal numa democracia tamb�m n�o tem lugar no arco democr�tico que sustenta o Estado de Direito. Toda sociedade aberta est� sujeita aos v�rus das pervers�es ideol�gicas. As bem-sucedidas se acautelam com vacinas contra essas pervers�es. O risco de pandemia est� alto.

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