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Estado de Minas BRASIL S/A

O risco da ina��o: pa�s tem potencial para ser melhor e maior

'Sem l�deres inovadores, mudan�as tecnol�gicas trar�o desemprego em vez de gerar oportunidades'


11/09/2022 04:00 - atualizado 10/09/2022 20:35

Pessoas caminham pelo site Nasdaq Composite na Times Square, enquanto as ações globais caíram na terça-feira, à medida que aumentam as preocupações de que o aumento da inflação levará os bancos centrais a apertar a política monetária em 11 de maio de 2021 na cidade de Nova York
'Livre mercado dissociado do interesse nacional implica decad�ncia econ�mica e a radicaliza��o pol�tica vista nos EUA, It�lia, Chile, Argentina e... sim, no Brasil' (foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP)

A chinelagem de Bolsonaro, fazendo da comemora��o do bicenten�rio da Independ�ncia escada para promover a sua reelei��o, aprofundou a disson�ncia sobre os temas que exigem aten��o do governante de hoje e o de amanh�, se estivermos interessados com o bem-estar no pa�s.
 
Futuro significa os pr�ximos dois a tr�s anos, dada a velocidade dos eventos disruptivos em curso no mundo e mesmo no Brasil, tipo a migra��o a passos largos de opera��es banc�rias da rede de ag�ncias f�sicas para aplicativos de celular e a motoriza��o de ve�culos com bateria el�trica em vez do centen�rio motor a combust�o movido a gasolina, diesel ou etanol. Imagine o impacto dessas mudan�as.
 
Considere, por analogia, a migra��o da fotografia anal�gica para a digital, eliminando filmes e redes de laborat�rios para revel�-los. Milhares de empregos foram perdidos, como o streaming na televis�o matou as lojinhas de aluguel de filmes e colapsou a Blockbuster, a grande cadeia do ramo. � o que est� em marcha em �reas decisivas.
 
Ve�culo el�trico n�o dispensa apenas gasolina, diesel e etanol. A sua mec�nica � mais simples, prescinde a profus�o de componentes e pe�as, e exatamente por isso a sua difus�o ir� fechar a mir�ade de oficinas, que � o maior empregador da cadeia automotiva. A ideia de propulsores h�bridos, com um pequeno motor a etanol, s� serve para retardar o dom�nio do novo padr�o j� assumido pelas montadoras.
 
Novas tecnologias �s vezes custam para vingar, mas, passada a fase pioneira, ou sucumbem, como o walkman, dizimado pelo iPod, que por sua vez foi descontinuado pelos aplicativos de m�sica inseridos no iPhone e outros celulares, ou definem uma nova categoria de bens de consumo, o caso do pr�prio telefone celular, hoje, com os avan�os tecnol�gicos, um supercomputador que cabe no bolso da cal�a e muito mais possante que o da nave que levou o homem � Lua em 1969.
 
As maravilhas tecnol�gicas fascinam a todos, mas � raro nos darmos conta das sequelas, que exigem n�o restri��es � sua propaga��o, j� que invi�veis, mas reformas, ousadia e a��es ativas para estarmos � frente do processo, aproveitando as oportunidades da transforma��o. Governante obtuso, nesta d�cada de rupturas, antecipa desastres.

O alerta das montadoras

A resist�ncia a uma estrat�gia nacional no setor automotivo, sob a ilus�o de que o mercado resolver� sozinho, por exemplo, trar� uma dr�stica redu��o da atividade no Brasil. Ford j� se foi. Outras v�o segui-la se faltar o que a maioria dos pa�ses com produ��o pr�pria est� fazendo: pol�ticas de incentivo � renova��o da frota, entre ve�culos comerciais e autom�veis, e apoio � convers�o das f�bricas.
 
A falta de dire��o quase levou a Prefeitura de S�o Paulo a fechar a importa��o de mais de mil �nibus el�tricos da China quando o pa�s tem ind�strias que poderiam atender a encomenda. Com a media��o da Fiesp e do governo do estado, a compra se deu no Brasil.
 
Por tais coisas a Mercedes, maior fabricante de �nibus e caminh�es do pa�s, anunciou esta semana a dispensa de 3,6 mil empregados, com a terceiriza��o de parte da opera��o. Foi forte a divulga��o de que desde 2011 a empresa alem� n�o remete lucros � matriz.
 
Registre-se que o setor automotivo � o mais relevante da economia em termos de impostos e empregos, mais que o agro, se incluirmos a produ��o de petr�leo, o com�rcio, postos de servi�os e oficinas.
Economia bem-gerida requer pragmatismo, n�o a ideologia libert�ria que quase p�e de quatro o colosso industrial dos EUA e fez do Reino Unido um grande entreposto ancorado numa pra�a financeira vol�til.

Social � piv� da pol�tica

Livre mercado dissociado do interesse nacional implica decad�ncia econ�mica e a radicaliza��o pol�tica vista nos EUA, It�lia, Chile, Argentina e... sim, no Brasil. Sem o social como piv� da pol�tica, tanto faz quem est� no poder: a esquerda estatizante (Venezuela) ou a direita neoliberal (Chile). Derrocada n�o tem ideologia.
 
O que pode evit�-la � uma estrat�gia econ�mica e pol�tica que fa�a a economia crescer a taxas aceleradas por meio de investimento, n�o s� pela demanda, criando empregos e expectativa de ascens�o social. Trata-se de urg�ncia pacificadora e necess�ria para reempregar os demitidos pelas atividades submetidas a rupturas tecnol�gicas.
 
No setor banc�rio, a mudan�a � irrefre�vel desde que o smartphone se tornou o banco port�til de pessoas e empresas e o Banco Central lan�ou o PIX, servi�o de pagamento instant�neo. Isso reduz o fluxo �s ag�ncias, o custo do cr�dito e o n�mero de banc�rios.
 
Em 2020, 67% das opera��es banc�rias foram realizadas pelo celular ou internet, contra apenas 3% nas ag�ncias. Nos EUA, prev�-se o fim das ag�ncias at� 2034, talvez bem antes. Cart�es de cr�dito tamb�m tendem a desaparecer, substitu�dos pelo pagamento por aproxima��o.
 
O que fazer com as pessoas desempregadas pela tecnologia e as que chegam ao mercado de trabalho? Com mais tecnologia e uma agenda de abund�ncia, come�ando por casas para todos e medicina intensiva.

Uma agenda da abund�ncia

Uma agenda de abund�ncia pode, rapidamente, formar uma coes�o que re�na o sentimento pol�tico difuso, hoje envenenado pela ret�rica do �dio e do ressentimento, al�m da falta de perspectiva.

Ela comporta a��es administrativas e estrat�gicas. Administrativas compreendem programas simples e de resultado imediato, como cr�dito para aquisi��o de m�quinas e equipamentos, fun��o do Finame, linha do BNDES inviabilizada pelo custo financeiro baseado num t�tulo do Tesouro de cinco anos. Se o BC sobe a Selic, sobe o custo da d�vida p�blica e, portanto, do financiamento do BNDES. E muito mais.
 
A proposta de Ciro Gomes encampada por Lula de ampla renegocia��o de d�vidas de pessoas e empresas tem efeito libertador, esp�cie de faxina de passivos que arru�nam a sa�de mental da economia. Dif�cil � supor retomada do crescimento com taxa de juro b�sica de 13,75% ao ano, ou 3,7% descontada a infla��o, a maior taxa real entre as 31 maiores economias, das quais em 27 s�o fortemente negativas.
 
A��es estrat�gicas numa agenda da abund�ncia tratam de inserir as empresas privadas, com suporte do governo, no jogo tecnol�gico com os recursos que dispomos. Os minerais usados em semicondutores e na gera��o de energia solar e e�lica s�o recursos escassos no mundo e dispon�veis no Brasil. Sua explora��o deveria condicionar-se a quem investir para process�-los alguns degraus acima da cadeia produtiva.

N�o � chav�o considerar que o pa�s tem potencial para ser melhor e maior do que tem sido para n�s. Claro, sem chinelagem, demagogia e o cinismo preconceituoso e obtuso de ditas elites desnorteadas.
 

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