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Estado de Minas Brasil S/A

Brasil tem de voltar ao jogo mundial, com ind�stria e agro

Uma estrat�gia de desenvolvimento para p�r o pa�s no jogo mundial, com ind�stria, agro e minera��o


18/09/2022 09:30 - atualizado 18/09/2022 09:36

soja
A China importa mais de 100 milh�es de toneladas de soja. Cerca de 30% v�m dos EUA, grande parte do resto, do Brasil (foto: PIXABAY )
A duas semanas da elei��o geral em primeiro turno, com resultados consolidados � luz das pesquisas mais recentes, j� passa da hora o exame das quest�es substantivas � espera de solu��o para muito al�m dos assuntos laterais que t�m ocupado as aten��es, considerando-se o que est� em disputa no cen�rio dom�stico e no n�vel geopol�tico.
 
O pa�s como ator secund�rio do choque entre as grandes pot�ncias � um assunto dos mais urgentes, embora a maioria da, digamos, opini�o esclarecida desconhe�a os movimentos subterr�neos que op�em China e EUA no tabuleiro global. Eles envolvem poderes agonizantes como a R�ssia, emergentes como �ndia, Ir� e Turquia, coadjuvantes como o bloco europeu, com Alemanha e Fran�a � frente, e pe�es, como n�s e os pa�ses latinos e africanos, regi�es ricas dos insumos cobi�ados por todos.
 
Pelo que diz a oposi��o ao governo Bolsonaro, em parte confirmada pelo desmonte dos �rg�os de controle e prote��o ambiental sob a sua orienta��o, o Brasil se tornou um p�ria internacional. � fato.

Mas a verdade � um pouco mais matizada. A orienta��o de extrema-direita do governo � vista com desconfian�a pelos EUA de Joe Biden, pela China de Xi Jinping e pelos europeus. China, por�m, � o nosso maior importador de gr�os, carnes e min�rios, e o maior investidor, especialmente em log�stica e energia. E � com EUA que a economia e nossas empresas nacionais e estrangeiras est�o mais entrela�adas.
 
 
Confus�o pol�tica em pa�ses disputados por pot�ncias, em geral por suas riquezas naturais ou posi��o estrat�gica no mapa, sem que haja um vi�s preferencial por nenhuma delas, tende a ser uma ocorr�ncia enigmaticamente comum. E falo em enigma para satisfazer os c�ticos.

Houvesse pensamento estrat�gico na governan�a do Estado brasileiro – como havia entre o p�s-guerra e o ocaso dos governos militares – e, possivelmente, tais temas estivessem mapeados e endere�ados. N�o s� pelo que se enxerga a olho nu: a alta produtividade do agro e a relativa facilidade tamb�m a baixo custo da explora��o mineral. Mas nos tornamos um pa�s que avalia mal o seu potencial vis�vel, ignora desenvolvimento, e n�o entra em acordo sobre o tamanho da pobreza.

Do funeral � oferenda
 
H� mais para ser valorizado. A abund�ncia de �gua, por exemplo, � quest�o de seguran�a para as superpot�ncias, sendo que EUA e China enfrentam per�odos de estiagem severa, que se acentuam a cada ano, ocupando posi��o proeminente nas discuss�es sobre o clima.
 
No Brasil, o tema surge nas manchetes quando a estiagem diminui o volume d’�gua nas barragens das hidrel�tricas e nos reservat�rios que abastecem os moradores das grandes cidades. � mais que isso.
A agricultura produtiva � irrigada por meio de equipamentos de piv� central, com diferentes necessidades. Soja requer exposi��o a �gua dez vezes maior que a produ��o de milho, sendo a primeira mais necess�ria pela China que o segundo pela raz�o contr�ria � nossa.
 
� onde entra o pensamento estrat�gico que o tal fundamentalismo de mercado, servindo-me da express�o usada pela nova direita dos EUA, arruinou no Brasil desde a morat�ria da d�vida externa no apag�o do governo militar, em 1982, e de novo, em 1987, na redemocratiza��o.

� quando come�a o longo funeral do planejamento econ�mico no pa�s e a desindustrializa��o como oferenda aos deuses do mercado.
 
Tivessem sido mantidas as duas concep��es de pol�tica de Estado, o planejamento e a primazia da ind�stria competitiva, com as revis�es e atualiza��es, e hoje no conflito em curso no mundo provavelmente ser�amos poder ou emergente ou coadjuvante, n�o pe�es, investindo em energia e log�stica para escoar os insumos que o mundo demanda, n�o para tamb�m servir os interesses nacionais mais amplos.

O que fazer. O que evitar
 
O que est� feito n�o tem volta. Mas conhecendo-se o passado quando o produto da China era menor que o nosso, sem ind�stria sofisticada como t�nhamos, fica claro o que fazer e o que evitar.

A import�ncia do agro deve ser acentuada, assim como dos min�rios, mas conectando-os � reindustrializa��o movida a tecnologia, sem as quais o setor de servi�os perder� o dinamismo gerador de empregos.
 
Tais vis�es requerem arte e intelig�ncia no minueto geopol�tico.

China tem 20% da popula��o mundial mas cerca de 7% da terra ar�vel do mundo, que al�m de pouca encolheu, segundo relat�rio de fonte de intelig�ncia de Washington que escreve sob o pseud�nimo NS Lyons. A propor��o de terras adequadas ao cultivo na China baixou de 19% em 2010 para 13% em 2020, em meio � urbaniza��o e � polui��o do solo e da �gua. Ainda assim, produz 95% de suas necessidades de gr�os.
 
Os 5% de que depende de gr�os s�o uma enormidade. A China consome 120 milh�es de toneladas de soja por ano, quase toda a safra dos EUA, mas importa mais de 100 milh�es de toneladas, ou cerca de 62% de toda a soja comercializada no mundo. Cerca de 30% v�m dos EUA, grande parte do resto, do Brasil. Sem a soja, sua enorme ind�stria de carne su�na (a maior do mundo), principal prote�na da dieta dos chineses, entraria em colapso. E o que lhe falta? �gua, que temos.

Pense nisso em 2 de outubro
 
Tais n�meros dissecados indicam um caminho para o novo governo e o Congresso eleitos, al�m dos investidores e empres�rios da economia produtiva, chacoalhando os acomodados na ciranda financeira.
 
A reindustrializa��o com foco nas tecnologias de fronteira tamb�m � altamente dependente de oferta abundante de �gua. A produ��o de semicondutores de �ltima gera��o, de 3 nan�metros (equivalente a 1 bilion�simo de 1 metro) para menos, exige resfriamento a �gua.
 
Eles s�o feitos com minerais escassos no mundo, parte dos quais h� no Brasil. Uma pol�tica que incentive a explora��o e a sua fundi��o no pa�s serviria de moeda de troca com empresas de semicondutores usados em baterias de ve�culo el�trico, em placas de energia solar e em eletr�nicos em geral. As montadoras instaladas no Brasil pedem essa estrat�gia antes que se tornem t�o somente importadoras.
 
O cuidado a tomar n�o � com o que incomoda economistas neoliberais e seus porta-vozes na imprensa: o receio de captura do dinheiro p�blico a pretexto de incentivar “campe�es nacionais”. O risco pode ser evitado com maior envolvimento do mercado de capitais privado.

O que exige aten��o � a China ser o principal fabricante desses minerais, dominando toda a cadeia de produ��o, da mina
� usinagem.
 
Um arranjo bem estruturado poria o pa�s no jogo mundial em grande estilo com uma estrat�gia de desenvolvimento que vitamine o agro e a minera��o, promova ind�stria de ponta com tecnologia e nos ponha na mesa principal dos atores globais. Pense nisso em 2 de outubro.

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