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Estado de Minas LULA ELEITO

Zema e a derrota de Bolsonaro: o erro de c�lculo do governador de Minas

Governador achou que arrancaria de Minas a vit�ria a Bolsonaro e viraria her�i nacional do bolsonarismo, tornando-se sucessor do presidente na elei��o de 2026


30/10/2022 22:34
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Zema e Bolsonaro em comício em Juiz de Fora, cidade onde, neste domingo, o presidente também foi derrotado
Zema e Bolsonaro em com�cio em Juiz de Fora, cidade onde, neste domingo, o presidente tamb�m foi derrotado (foto: DOUGLAS MAGNO / AFP)

Minas Gerais n�o virou. E mais uma vez, fez jus � pecha de “estado que guarda o pa�s”: Lula alcan�ou 50,90% dos votos v�lidos em territ�rio nacional; em Minas, obteve 50,20%. Enquanto Bolsonaro arrebanhou 49,13% no Brasil; no estado levou 49,80%.

Se Romeu Zema n�o conseguiu entregar a Jair Bolsonaro o “trof�u” do eleitorado mineiro a Jair Bolsonaro, � indiscut�vel que, entre o primeiro e o segundo turno, a dist�ncia entre o desafiante e o incumbente caiu de 4,69 pontos percentuais para 0,49 ponto percentual.

Tamb�m � verdade que, entre os dois turnos, Lula saiu de 5.802.571 votos para 6.174.077, um aumento de 371.506 votos, o que representa 6,4%. J� Bolsonaro cresceu 16,9% entre os dois turnos, saltando de 5.239.264 votos para 6.124.498, um aumento superior � m�dia nacional.
No Brasil, Bolsonaro registrou um crescimento de 13,9% entre o primeiro turno, - quando teve 51.072.345 votos - , e o segundo turno, com 58.187.313 votos. Minas lhe deu, portanto, 3 pontos percentuais acima da m�dia nacional. Tal � o efeito que pode ser atribu�do � for�a tarefa, coordenada pelo governador Romeu Zema (Novo) que se abateu sobre o eleitor mineiro sem a menor cerim�nia. 

Foi ligado o trator no estado. Romeu Zema - que, no primeiro turno, para vencer a fatura evitou se posicionar com Bolsonaro, aceitando de bom grado o voto Lulema -, uma vez eleito, resolveu assumir onde sempre esteve: o governo de Minas e a sua estrutura burocr�tica em press�o sobre prefeitos e deputados se alinhou organicamente aos empres�rios e � m�quina do governo federal, que operou os conhecidos abusos, como o empr�stimo consignado a benefici�rios do Aux�lio Brasil.

A este pool se juntaram os pastores tocando o terror sobre fi�is e amea�ando com o fogo do inferno quem votasse no petista. Patr�es amea�aram demitir empregados; organizaram rodas de conversa e visitas presidenciais a frigor�ficos. Um p�riplo pat�tico que remonta � Rep�blica Velha e �s estripulias narradas por V�tor Nunes Leal no livro Coronelismo, enxada e voto.

Mas os eleitores lulistas e antibolsonaristas resistiram, presos ao horror pela ret�rica da viol�ncia armamentista e das mem�rias do negacionismo, al�m dos discursos cru�is proferidos pelo atual presidente durante a pandemia. O eleitor mineiro demonstrou grande altivez. 

Para Romeu Zema, que sa�ra vitorioso com a reelei��o em primeiro turno sobre o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), foi uma rodada eleitoral desnecess�ria. Apostou, com o f�gado, energizado pelo �dio que alimenta ao PT e mirando em 2026.

Zema achou que arrancaria de Minas a vit�ria a Bolsonaro e sairia desta parada como o her�i nacional do bolsonarismo. Ato cont�nuo, imaginou que seria o sucessor de Bolsonaro � elei��o presidencial de 2026.

O c�lculo foi equivocado por todos os �ngulos que se examine. A come�ar pelo detalhe de que Bolsonaro n�o � dado a lealdades, e, como se viu nas elei��es de 2018, deixou os seus aliados de primeira hora pelo caminho.

Em segundo lugar, se vencesse as elei��es, Bolsonaro concentraria tanto poder que, a exemplo do roteiro t�o bem desenhado por Steven Levitsky e Daniel Ziblatt em Como as democracias morrem, com o controle do Congresso, faria as altera��es constitucionais que lentamente consagrariam o estado totalit�rio religoso no Brasil.

Colocar fim � limita��o da reelei��o seria s� uma das possibilidades. Nesse contexto, n�o haveria pa�s algum para Zema se eleger presidente. E por fim e n�o menos importante, Romeu Zema se lan�ou nesta aventura como se n�o houvesse amanh�. Atacou Lula pessoalmente mais do que o faria um estadista mineiro. Reeleito para governar uma Minas endividada, est� com as batatas � m�o. Precisar� humildemente construir pontes com o governo federal. 

Pela frente s�o anos dif�ceis, de um pa�s dividido pela ret�rica da viol�ncia, numa dimens�o alternativa de narrativas, em desequil�brio fiscal e profundas demandas sociais. Zema poder� sempre apostar no fracasso absoluto do futuro governo do presidente eleito Lula. Mas pouco ter� a ganhar, j� que a prateleira da oposi��o j� est� preenchida pelo pr�prio Jair Bolsonaro.

O governador reeleito precisar� sair dessa sombra sinistra: n�o h� espa�o pol�tico para que navegue na disputa presidencial de 2026 concorrendo contra o bolsonarismo.  A menos que se contente em concorrer ao Senado Federal e, de novo, encontrar pela frente Alexandre Kalil correndo por uma das duas cadeiras em disputa no pr�ximo pleito.

J� Rodrigo Pacheco (PSD), que com Lula eleito renova chances de se manter � frente do Congresso Nacional, estar� em 2026 pronto para correr atr�s de seu mais sonhado projeto pol�tico: o governo de Minas.

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