As f�rias chegaram. Mas h� condi��es para curtir o merecido descanso

Oba! As f�rias chegaram. Com elas, os livros descansam, o rel�gio ganha aposentadoria, os deveres de casa ficam na gaveta. Mas, pra curtir as benesses, uma condi��o se imp�e. Lembre-se de que f�rias joga no time plural. Sempre: As f�rias s�o bem-vindas. Boas f�rias, mo�ada. As f�rias de julho s�o curtinhas, mas esperadas com ansiedade. Eta f�rias boas! 

As palavras s�o criaturas dos homens. Como os criadores, t�m manias. Algumas s� se usam no plural. � o caso de anais, antolhos, c�s, condol�ncias, ex�quias, f�rias, fezes, n�pcias, �culos, olheiras, p�sames, v�veres. Os naipes do baralho tamb�m entraram na onda (dama de copas, rei de espadas, dois de ouros, nove de paus). 

Artigos, adjetivos, pronomes e verbos a elas relacionados v�o atr�s. Concordam com elas: As f�rias escolares est�o mais curtas ano ap�s ano. Felizes f�rias, mo�ada! Apresentou os p�sames � fam�lia. Voc� viu meus �culos escuros? S� encontro os de grau.

Estar de f�rias ou em f�rias? O sujeito est� em coma, em transe, em p�nico, em perigo, mas… de f�rias ou em f�rias? Eta coisa boa! T�o boa que voc� pode escolher: Em julho vou estar de f�rias. Em julho, vou estar em f�rias.

Tudo muda? Sim, gra�as aos deuses, nenhum rio passa duas vezes sob a mesma ponte. Movimento � a ordem. Exemplos? O dia d� lugar � noite. A primavera, ao ver�o; o ver�o, ao outono; o outono, ao inverno. A estiagem prepara a chegada da chuva. A �gua corre. Se ficar parada, apodrece. Esperta, a Lua varia de fases e de cara.

N�s, que de poste n�o temos nada, seguimos a regra. Variamos o cabelo, a roupa, os sapatos, a comida, a cor do batom e do esmalte. Vamos �s urnas a cada dois anos. Escolhemos roteiros diferentes para viagens. O verbo viajar entra em cartaz. Viajar se conjuga sempre com j: viajo, viaja, viajamos, viajam; que eu viaje, ele viaje, n�s viajemos, eles viajem.

Apesar da l�gica, a forma viajem sofre agress�es impiedosas. Muitos, mas muitos mesmo, escrevem-na com g. Bobeiam. Viagem � substantivo. O nome n�o tem nada a ver com o verbo. Um pertence a uma classe. O outro, a outra: ag�ncia de viagem, viagem a Miami, preparativos para a viagem.

Bateu a d�vida? Recorra a macete pra l� de vira-lata. Ponha a palavra no plural. Se ela joga no time de homens e jovens, n�o duvide. Voc� est� �s voltas com o substantivo. Veja: Eles querem p�r os p�s na estrada? Que ponham. Viajem e fa�am boa viagem. (Viajem e fa�am boas viagens.) Am�m.

A confus�o entre viagem e viajem n�o se deve ao acaso. Tem a ver com os verbos eleger e agir. Adeptos ao troca-troca, eles mascaram a apar�ncia. A letra g, como quem n�o quer nada, vira j.

Por qu�? Em todos os tempos e modos, a pron�ncia tem de ser g�. Mas, quando o g � seguido de a ou o, a confus�o pede passagem. Soa ga, go (elego, elega). O jeito? Vem, j: elejo, elege, elegemos, elegem; que eu eleja, n�s elejamos, eles elejam.

Eleger tem companheiros. Entre eles, agir. O verbo que manda p�r a m�o na massa imp�e a pron�ncia g�. Pra chegar l�, s� h� um jeito – pedir socorro ao j: ajo, age, agimos, agem; que eu aja, ele aja, n�s ajamos, eles ajam.

Sou secret�ria de uma escola. Lido o dia todo com nome de alunos. Uma quest�o me deixa constantemente em d�vida. Trata-se da grafia do nome das crian�as. O que devo fazer? Acentuo as mai�sculas ou n�o?

• Maria Ant�nia Costa, Niter�i

Em portugu�s, as mai�sculas n�o gozam de privil�gios. T�m o mesmo tratamento das min�sculas. Devem ser acentuadas quando necess�rio (�sia, �ndia). Pressup�e-se que os cart�rios saibam disso. Mas, se na certid�o n�o aparecer o acento, respeite o registro. Como no jogo do bicho, vale o que est� escrito. � lei. 

“Deus usa o sil�ncio para ensinar sobre a responsabilidade das palavras.”

• Paulo Coelho