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Estado de Minas ECONOM�S EM BOM PORTUGU�S

O trip� das li��es da pandemia: sa�de-educa��o-economia

No in�cio da pandemia, muitos foram os que acreditaram que viv�amos oportunidade para reflex�o e mudan�a


05/04/2022 08:43

Voluntários vacinam moradores contra COVID-19 em distrito na China
Volunt�rios vacinam moradores contra COVID-19 em distrito na China (foto: Hector RETAMAL / AFP)


Estudo recente da consultoria McKinsey elencou dez li��es que o mundo deveria ter aprendido nos dois primeiros anos da pandemia da COVID-19. O estudo traz, para al�m da s�ntese dos principais pontos debatidos ao longo desses dois anos, diretrizes que n�o podem ser abandonadas e/ou que precisam ser cobradas dos gestores p�blicos e da sociedade.
 
Pouco se avan�ou em termos humanit�rios nessa pandemia e muito ainda precisa ser constru�do para que sa�de, economia e educa��o harmonizem-se e criem riqueza e prosperidade para todas Na��es. As dez li��es listadas pela McKinsey deveriam ser mantras para sociedades, gestores p�blicos, empres�rios e l�deres em geral. 
A primeira li��o afirma que “as doen�as infecciosas s�o um problema de toda sociedade”. Impactos indiretos ainda t�m causado profundos danos, donde destacam-se:

- (i) adiamento dos cuidados preventivos e rotineiros da sa�de individual;
- (ii) sobrecarga do sistema de sa�de;
- (iii) crescimento da fadiga e da sa�de mental;
- (iv) lacuna educacional sofrida sobremaneira pelas crian�as mais pobres;
- e (v) consequ�ncias econ�micas ainda persistentes como desemprego e reduzida diversidade da atividade econ�mica, em est�gios e ritmos diferentes ao longo do mundo.

A bem da verdade, a primeira li��o abarca o trip� sa�de-educa��o-economia, tamb�m subjacente a outra li��o que afirma que ”escolas s�o o verdadeiro fulcro para o funcionamento da sociedade”. Cada vez mais saem novos estudos apontando que o fechamento das escolas exp�s as crian�as em todo mundo, afetou a sa�de mental das pessoas e serviu para destruir lares, sobretudo aqueles cujas rela��es afetivas eram mais fragilizadas. Do ponto de vista educacional, as crian�as mais pobres foram, indubitavelmente, mais afetadas, muito embora o estudo remoto tenha se mostrado fr�gil para todas as classes sociais.

Outra li��o diz respeito � “mudan�a no paradigma das vacinas”: o mundo presenciou o desenvolvimento de n�mero expressivo de vacinas de alta qualidade, em tempo recorde. Entretanto, a efici�ncia na produ��o de vacina e sua distribui��o equitativa aponta para a exig�ncia de mudan�as sist�micas: os pa�ses em desenvolvimento n�o podem ficar fora desse processo.

O desafio que se apresenta � a necessidade urgente de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), bem como da endogeneiza��o da tecnologia e da produ��o para todos os pa�ses. A quest�o esbarra na limita��o econ�mica, geradora do ciclo autoalimentado de depend�ncia externa dos pa�ses menos desenvolvidos, associada � falta de capacidade de desenvolvimento cient�fico e tecnol�gico, apesar de v�rios pa�ses j� estarem dedicando mais recursos para o combate �s pandemias e ao desenvolvimento de pesquisas.

Enquanto nos pa�ses menos desenvolvidos vive-se o desafio de implantar estrutura de pesquisa e desenvolvimento (P&D), no mundo como um todo, o ceticismo de parte da popula��o em rela��o �s vacinas tem fragilizado a confian�a na pol�tica p�blica de sa�de e na condu��o dos governos. Da� origina-se a li��o da “confian�a como uma das mais delicadas exig�ncias no combate � pandemia”. Construir pactos sociais de confian�a em rela��o � �rea biom�dica e as pol�ticas de sa�de p�blica s�o fundamentais para a efic�cia no combate �s pandemias.

Do pacto de confian�a emerge outra li��o: “as pol�ticas governamentais importam, mas em determinadas circunst�ncias o comportamento individual importa ainda mais”. A recusa de parcela expressiva da popula��o mundial em se vacinar tornou-se uma das causas dos novos espraiamentos do v�rus e da maior demora em combate-lo. 

Do lado da economia, a li��o mais r�pida que todos puderam apreender foi que “est�mulos econ�micos funcionam somente com fortes medidas de sa�de p�blica”: a economia n�o caminha sem a sa�de e vice-versa e a pandemia deixou isso bem claro. 

Sobre o mercado de trabalho, tamb�m se sabe que “o trabalho nunca mais ser� o mesmo: a pandemia provou que:

- (i) h� nova defini��o para trabalhadores essenciais;
- (ii) n�mero e tipo de trabalho que precisamos � bem diferente atualmente;
-(iii) trabalhadores com melhores forma��es e conhecimento podem, em sua maioria, exercer suas atividades de casa.

Empregados e empregadores veem as rela��es de trabalho de forma diferente atualmente, gerando um questionamento profundo sobre as formas e rela��es de trabalho. 

At� ontem, 04/4, o Brasil registrou trinta milh�es de casos de COVID-19, desde o in�cio da pandemia. Esse resultado est� mascarando a subnotifica��o dos primeiros meses da doen�a, bem como os casos n�o declarados e assintom�ticos. Desse total, 660.381 foram a �bito, segundo maior registro em termos absolutos no mundo. No in�cio da pandemia, constru�mos um estudo, na Funda��o Jo�o Pinheiro, com alguns cen�rios de morte por COVID-19. Na avalia��o de alguns cr�ticos � �poca, fomos considerados pessimistas por definirmos 2% como um cen�rio realista. Erramos na temporalidade, mas n�o no alcance. 

Desde julho de 2020, ainda no in�cio da pandemia, o governo federal tomou a decis�o de interromper a divulga��o di�ria dos dados sobre COVID-19. De l� para c�, desinforma��es e estrat�gias de desencorajar a popula��o a se vacinar, a usar m�scara e manter o distanciamento social foram combatidas pelas esferas estadual e municipal. Em meio a ceticismos sanit�rios, aumentou-se o risco de desinforma��o e adiamento no sistema vacinal de imuniza��o. Ainda segundo o estudo da McKinsey, “o risco de voltarmos a viver situa��o similar a essa relaciona-se diretamente ao tipo de institui��es e investimentos que estabelecermos a partir de agora”.

H� tempo que as rela��es humanas t�m dado motivos para desesperan�a. No in�cio da pandemia, muitos foram os que acreditaram que viv�amos oportunidade para reflex�o e mudan�a. Eu me inclu�a nesse grupo. Em meio � pandemia, o mundo tem vivenciado a derrubada do regime “democr�tico” de Myanmar, as ofensivas na S�ria, o abandono do povo do Afeganist�o a toda sorte de priva��es e viol�ncias dos talib�s e, mais recentemente, a guerra (“conflito” s� para quem quer minimizar a sangria humana) na Ucr�nia. 

Ser� necess�ria perseveran�a para que o mundo realmente aprenda as li��es da COVID-19. Por enquanto, prevalece a sensa��o de fim do novo normal, com guerras, fome, desemprego e �xodos humanos por todos os cantos do mundo. 

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