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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Uma homenagem aos 46 anos sem o Batatinha do Cruzeiro

Na r�dio, a triste Balada n� 07: "...ainda balan�a na rede seu �ltimo gol." D�i at� hoje. Roberto Monteiro j� fazia parte da fam�lia.


11/05/2022 04:00 - atualizado 11/05/2022 18:30

Roberto Batata em jogo contra o Alianza do Peru, na Libertadores de 1976. Jogo vencido pela equipe celeste por 7 a 1
Roberto Batata em jogo contra o Alianza do Peru, na Libertadores de 1976. Jogo vencido pela equipe celeste por 7 a 1 (foto: Arquivo Estado de Minas)

Uma semana para lavar a alma celeste. Do Gin�sio do Horto, passando por Bras�lia e chegando ao espa�o sideral. Uma sequ�ncia de fatos incr�veis para o cruzeirense. Primeiro, como profetiza a Torcida Fan�ti-cruz (TFC) com o “canta que sai gol”, empurrados pela Orquestra Azul das arquibancadas, vencemos o Gr�mio. Depois, a not�cia de que a Na��o Azul estar� representada numa viagem espacial com o cruzeirense Victor Hespanha. E por fim, para a explos�o de alegria de milhares de apoiadores de Lula, candidato � Presid�ncia da Rep�blica, se declarando torcedor do Time do Povo Mineiro, o Cruzeiro.

Mas essa semana tamb�m � de saudade, principalmente para os que viveram intensamente o ano de 1976. Nesta sexta-feira (13/05) completam-se 46 anos da morte de um g�nio da bola: Roberto Batata. Por essa passagem, convidei o amigo Evaldo Alc�ntara, cruzeirense da querida Coluna, no Vale do Rio Doce, para escrever uma homenagem ao saudoso Batatinha.

***

Era 1977. O menino do interior, passeando pelo centro da capital, encontrava-se no Paiol, armaz�m de seus tios na Avenida Santos Dumont. Virou-se s�rio para um deles e disparou: “Tio Alo�sio, que not�cia o senhor me d� da vi�va do finado Roberto Batata?”

Foi uma risada s�, deixando o menino desconcertado. Ele n�o entendeu se as gargalhadas vieram pelo inusitado da pergunta, por sua preocupa��o com uma vi�va que sequer conhecia ou pelo discreto pleonasmo. Certo � que a goza��o em fam�lia perdura at� hoje, mesmo o garoto j� passado dos 50 anos.

Mas, o que muitos n�o sabem, � que aquela preocupa��o fazia sentido. O menino era um cruzeirense apaixonado. Ainda sentia a falta do �dolo que partira de repente, e a fam�lia dele lhe importava.

A paix�o nascera em 1973 e 1974, quando pediu aos pais um r�dio de presente de anivers�rio para acompanhar as partidas e o notici�rio do Cruzeiro.

O radinho �s vezes ficava na janela da sala, aberta para a pra�a. Assim a meninada, que se reunia por ali para jogar bola, tamb�m podia ouvir e sonhar com os lances de Raul, Nelinho, Moraes, Darci, Vanderlei, Piazza, Z� Carlos, Jairzinho, Palhinha, Eduardo, Roberto Batata, Jo�ozinho e companhia. Um tima�o!

Quem fazia uma defesa gritava: “Rauuul.” Os batedores de falta eram todos Nelinho. Os dribladores, Jo�ozinho ou Batata. Um desarme, Z� Carlos ou Piazza. Uma chegada mais forte, era Moraes. Os gols de Palhinha ou Jairzinho. O Rabo de Vaca era exclusividade do Eduardo.

Em 1975, a gl�ria. Toda a cidade de Coluna acompanhou a emissora de r�dio reprisando, a pedido do menino, o gola�o de Palhinha no 3 a 2 sobre o Santa Cruz, que classificou a Raposa para a final do Brasileiro. Jogo �nico em Porto Alegre: Cruzeiro x Inter, Nelinho x Manga, Palhinha x Figueroa, Eduardo x Falc�o. Jo�ozinho infernal, mas um gol no m�nimo discut�vel e mais um vice Brasileiro.

Em 1976, a magia da Copa Libertadores, os 5 x 4 no mesmo Inter. Mais que uma vingan�a, um dos maiores jogos da hist�ria do futebol brasileiro. O t�tulo veio de Santiago, detr�s dos Andes, em jogo desempate, em cima do todo poderoso River Plate, base da Sele��o Argentina que seria campe� do Mundo em 1978. Um gol atrevido do Bailarino da Toca, ouvido no r�dio de um fusca estacionado na pracinha de Coluna. Explos�o de alegria e foguetes numa noite de inverno estrelada numa cidadezinha perdida no interior de Minas.

Mas, em meio a isto tudo, a morte de Roberto Batata, num acidente de carro, aos 13/05/1976. Chegando a Belo Horizonte, vindo do Peru, depois de mais uma vit�ria pela Libertadores, com um gol seu, cansado, pegou o carro para dirigir at� Tr�s Cora��es para buscar a esposa e o filho de apenas 11 meses.

O radinho contou tudo e ainda ressoa cada detalhe da tr�gica hist�ria de Roberto Batata, Batata, Batatinha, 26 anos. Craque com 281 jogos, 110 gols e passagens pela Sele��o Brasileira. Partia prematuramente. N�o driblou seu �ltimo advers�rio, um caminh�o. Na r�dio, a triste Balada nº 07: “...ainda balan�a na rede seu �ltimo gol.” D�i at� hoje. Roberto Monteiro j� fazia parte da fam�lia.

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