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Estado de Minas CARNAVAL

BH est� cinza de novo, ap�s o carnaval que o povo e blocos colocaram na rua

DJ Naroca denuncia o descaso do poder p�blico em rela��o aos trabalhadores que constru�ram o lucrativo mercado da folia na capital mineira


20/02/2022 04:00 - atualizado 19/02/2022 07:40

No início do século 20, pierrôs desfilam em corso no carnaval de BH
No in�cio do s�culo 20, corsos animavam a folia belo-horizontina (foto: Fotos: Arquivo EM/reprodu��o)

Naroca

Musicista, DJ e professora

Pelos idos de 2008, se duas pessoas se encontrassem em Belo Horizonte �s v�speras do carnaval, provavelmente o papo seria: “E a�, vai viajar? Pra onde voc� vai?”.

Ficar na cidade era uma op��o bastante impens�vel. No m�nimo, a turma ia ca�ar um s�tio, um lugar pra beber o feriado inteiro, caso n�o fosse chegada a subir e descer ladeira em Diamantina e Olinda ou se esbaldar na Cidade Maravilhosa. Lembremos que naquela �poca a situa��o pol�tica e econ�mica do pa�s era beeeeem diferente, e o dinheiro do povo dava pra sonhar em viajar e ainda sobrava pra tomar uns bons lat�o!


Corta para 2013. Quarta-feira de cinzas, e a cidade mais colorida do que nunca! Estamos no Santa Tereza, numa rua deliciosa que o bloco I Wanna Love You ocupou para curar a ressaca dos foli�es e foli�s da cidade ap�s, no m�nimo, 15 dias de muito carnaval. O bloco re�ne tambores, cordas e amigues ao redor do reggae. Carnavaliza as m�sicas do Bob Marley e de outros �cones do estilo. Assim como o Chama o S�ndico coloca Tim Maia e Jorge Ben nos ritmos mais inesperados, a Alcova Libertina tropicaliza os g�nios do rock, o Ent�o Brilha!, a Juventude Bronzeada e as Havayanas Usadas iluminam a cidade com seu ax� multicultural, enquanto Babadan, Magia Negra, Angola Janga, Unidos do Barro Preto e as Lhamas fazem cruzamentos r�tmicos e visuais para afirmar a luta contra todos os preconceitos.

Bruta Flor, Baque de Mina, Bloco Clandestinas e Sagrada Profana trazem a voz das mulheres que todos os dias pedem mais respeito e equidade, enquanto Garotas Solteiras, Al� Abacaxi, Truck do Desejo e Corte Devassa v�m de caravela sambando na cara do patriarcado com muito luxo. Assim como o Samba Queixinho, o Swing Safado, o Seu Vizinho e os Tioz�es do Pagode botam o povo pra descer at� o ch�o com o melhor do Brasil. Assim como os Filhos de Tcha Tcha e de Gil, os canarinhos do Tico Tico, as santas do pau oco da Tet�, a multid�o do Bloco da Praia, as mimosas do Mam� na Vaca e tantos outros “bloquinhos”, escolas de samba e blocos caricatos lindos que n�o consegui listar n�o se cansam de cantar e tocar e marchar e afirmar: a cidade � nossa! Cada rua, cada esquina desta cidade � dos seus habitantes. Por que temos que sair da nossa cidade pra celebrar a festa mais importante da cultura brasileira?

Eis que, naquela quarta-feira de cores, ap�s o reggae comer solto na rua da casinha amarela de porta azul, saiu o Bloco do Manjeric�o, n�o sem a transi��o deslumbrante do Coletivo P�poc�, que criou hist�ria e est�tica na cidade. E foi em uma quarta-feira, como diria a deusa Luedji, que ap�s a saga de todo um carnaval, depois do reggae, depois do Manjeric�o, uma turminha silenciosa e bela estreou o primeiro bloco de nudismo da cidade: salve as Almas Peladas! Procure saber...

Corta para 2022. A cidade est� cinza de novo. N�o fosse o C.U.R.A. e os grafites que tanto a colorem, estaria pior. Quem p�de deu o seu jeito de viajar em janeiro, esse luxo j� n�o � mais pra todo mundo – o pa�s vive o pior momento econ�mico das �ltimas d�cadas. Vamos para o segundo ano consecutivo sem o carnaval de rua que fez esta cidade renascer das cinzas, que colocou BH no mapa cultural de onde ela passava longe, que levantou nossa autoestima enquanto sociedade, que gerou empregos, encontros e alegrias.

E o pior: vamos para o segundo ano consecutivo sem apoio nenhum do poder p�blico, que tem lidado com muito descaso com os trabalhadores e trabalhadoras da folia: ambulantes, m�sicos, bandas, produtores, t�cnicos, DJs, bailarinos, regentes, costureiras e uma s�rie de pessoas que constru�ram o mercado milion�rio para que marcas de cerveja e produtores ricos pudessem lucrar rios de dinheiro com suas licita��es.

O que vemos hoje s�o almas peladas de apoio, incentivo, aux�lio emergencial, acolhimento e reconhecimento por parte daqueles que, um dia, pegaram carona num trio el�trico financiado pela multid�o.

A SE��O 'BLOCO NA RUA', PUBLICADA AOS DOMINGOS NA COLUNA HIT, TRAZ TEXTO SOBRE O CARNAVAL ESCRITO POR UM CONVIDADO E FOTO DE FOLIAS DE OUTROS TEMPOS

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