Farpas entre Bolsonaro e Macron colocam bilh�es de d�lares em jogo

� preciso apagar inc�ndios no Brasil de hoje. N�o apenas os que infelizmente queimam a floresta amaz�nica e aniquilam a vida selvagem em nome de uma gan�ncia desenfreada e que vai na contram�o da rota que o mundo busca seguir.

Ao tratar da quest�o do aumento exorbitante do desmatamento e consequentemente das queimadas que extrapolaram o normal para per�odos de seca como sendo pessoal contra ele, o presidente Jair Bolsonaro coloca mais fogo no debate em torno da quest�o ambiental brasileira. E nesse caso, quem pode se queimar s�o os empres�rios do agroneg�cio, que correm risco de perder mercados conquistados depois de anos de esfor�o para mostrar que a produ��o agropecu�ria brasileira segue padr�es de sustentabilidade.

Algumas dezenas de bilh�es de d�lares est�o em jogo na troca de farpas entre o l�der brasileiro e o franc�s Emmanuel Macron. Acordos comerciais e contratos envolvendo compra e venda entre pa�ses n�o s�o fechados da noite para o dia, da mesma forma que n�o s�o desfeitos na primeira tempestade. Mas tamb�m nenhum tem garantia de vig�ncia sob qualquer condi��o.

E a amea�a de barrar o acordo entre Uni�o Europeia e Mercosul por quest�es ambientais ganhou argumento concreto com os inc�ndios florestais. E mais, a desconfian�a que tomou conta dos importadores de produtos do agroneg�cio brasileiro � real. A Finl�ndia, que ocupa a presid�ncia da Uni�o Europeia, j� formalizou pedido para barrar a importa��o de carnes do Brasil pelos pa�ses do bloco.

Mesmo o acordo com a Associa��o Europeia de Livre-Com�rcio (Efta), que re�ne Noruega, Su��a, Isl�ndia e Liechtenstein, com o Mercosul, assinado em meio � repercuss�o internacional das queimadas na Amaz�nia, corre o risco de se arrastar sem gerar os efeitos esperados dadas as diverg�ncias entre o governo noruegu�s e o brasileiro. Os acordos comerciais n�o ser�o desfeitos, mas podem ser inviabilizados no curto prazo, o que � ruim para uma economia que tenta sair da estagna��o em que se encontra, como a brasileira.

Para se ter ideia do impacto de um embargo � carne brasileira na Europa, no ano passado o pa�s exportou US$ 6,7 bilh�es de carne bovina e os pa�ses europeus responderam por US$ 728,16 milh�es desse total, segundo dados da Associa��o Brasileira das Ind�strias Exportadoras de Carne (Abiec), que re�ne mais de 30 empresas que respondem por 92% da carne bovina brasileira negociada no mercado internacional.

Temendo um estrago na imagem dos produtores brasileiros no exterior, a entidade divulgou na ter�a-feira uma nota de rep�dio contra os desmatamentos ilegais na qual aponta o que pode apagar o 'fogo' que amea�a a imagem do agroneg�cio brasileiro no mundo. “Ressaltamos a confian�a na implementa��o de medidas de combate a pr�ticas ilegais de desmatamento e na identifica��o e puni��o dos respons�veis por tais a��es”.

Os exportadores sabem que apenas a comprova��o de que o Brasil combate o desmatamento ilegal, os focos de inc�ndio est�o controlados e que os respons�veis pelos inc�ndios ter�o puni��o pode restaurar totalmente a confian�a dos importadores nos produtos brasileiros. Ocorre que o combate ao desmatamento depende da estrutura que foi esvaziada pelo governo Bolsonaro nos �rg�os e conselhos de controle ambiental. Essa corre��o de rota, que pode recolocar o Brasil nos n�veis de confian�a conquistados ao longo dos �ltimos anos e que fizeram do pa�s o segundo maior produtor de carne bovina do planeta, atr�s apenas dos Estados Unidos, ainda � incerta.