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Estado de Minas

O mau humor ingl�s e a dificuldade de fazer negocia��es

Negociadores da Uni�o Europeia est�o em Londres numa tentativa de demonstrar que levaram a s�rio a exaspera��o de Boris Johnson na semana passada


25/10/2020 04:00 - atualizado 25/10/2020 07:23

Boris avisou que era para o Reino Unido se preparar para não ter acordo comercial com a União Europeia (foto: Daniel Leal-Olivas/AFP (eex11300))
Boris avisou que era para o Reino Unido se preparar para n�o ter acordo comercial com a Uni�o Europeia (foto: Daniel Leal-Olivas/AFP (eex11300))

A Inglaterra venceu a 2ª Guerra Mundial, mas perdeu a Europa para os derrotados. Em meados do s�culo 18, Montesquieu publicou em seu Do Esp�rito das Leis uma an�lise curiosa sobre os ingleses. Para ele, seria um povo “incapaz de suportar os atrasos, as delongas, os detalhes e a frieza das negocia��es: nelas, eles teriam muito menos chance de sucesso do que qualquer outra na��o; e, portanto, perdem atrav�s de tratados o que obtiveram atrav�s das armas”.

A julgar pela exaspera��o de Boris Johnson, primeiro-ministro brit�nico, semana passada, Montesquieu segue guiando a estrat�gia do continente na rela��o com a ranzinza ilha.

Boris avisou que tinha desistido de negociar os termos do Brexit com Bruxelas e que era para o Reino Unido se preparar para n�o ter acordo comercial com a Uni�o Europeia (UE). O ano de 2020 foi acordado como sendo de transi��o em que as partes negociariam como conviveriam a partir de 2021.
 
Ou seja, o pa�s tende a passar a seco da situa��o de membro da UE para uma rela��o comercial que Boris – tentando ser did�tico para seu p�blico prev� ser como a que a Austr�lia mant�m com o bloco europeu. No duro, o que a Austr�lia tem com a UE � o que as regras da OMC estipulam. Ou seja, rela��o � l� australiana � sair sem acordo comercial.

Hoje, negociadores da UE est�o em Londres numa tentativa de demonstrar que levaram a s�rio a exaspera��o de Boris Johnson na semana passada. A UE tem tido muito mais margem de manobra do que o Reino Unido, mas ambas as partes preferem que pare�a que a m� vontade parte do outro lado. At� ent�o, os negociadores do governo brit�nico estavam instru�dos a pedir uma rela��o pr�xima a que o Canad� mant�m com a UE.

Os brit�nicos queriam duas coisas: exercer completamente a separa��o da UE em termos legais como votado no Brexit, mas selecionar algumas �reas comerciais de seu interesse que continuariam a funcionar comercialmente, desvinculadas do arcabou�o legal europeu que rege as rela��es. Na cabe�a brit�nica tal seria uma proposta simples e direta. Mas Bruxelas, orientada por Paris e Berlim, insiste em n�o aceitar a ideia de que as regras europeias deixariam de valer no Reino Unido, enquanto que as regras brit�nicas seriam aceitas daqui para frente como se de fato fossem as regras europeias.

Por um lado, faz sentido o argumento da UE de que se o Reino Unido conseguisse o que queria, passaria a parecer a muitos outros membros da UE conveniente tentar uma rela��o semelhante. Ganhar os b�nus sem levar os �nus. Por outro lado, a Europa, com frieza, atrasou e encheu de detalhes as negocia��es justamente para mais uma vez manter a sina: fazer os ingleses perderem atrav�s dos tratados o que eles obtiveram atrav�s do plebiscito.

Afinal, em larga medida � dif�cil imaginar a forma��o da UE sem a ocorr�ncia da II Guerra Mundial que, no fim das contas, foi vencida, no contexto da Europa Ocidental, pelo Reino Unido. Inv�s de se beneficiar de uma configura��o europeia que obteve atrav�s das armas, o Reino Unido foi metendo os p�s pelas m�os d�cada ap�s d�cada de constru��o, atrav�s de tratados, da Uni�o Europeia. O bloco virou um projeto latino-alem�o que gera formid�vel capital e projeta poder que s� tem precedentes naquela parte do mundo na �poca dos imp�rios.

Sem ser colocada para fora, a pr�pria Inglaterra com seu “certo car�ter impaciente que n�o permite suportar as mesmas coisas por muito tempo,” mais a “coragem”, que Montesquieu aponta “beirar a obstina��o”, decidiu se despedir das controv�rsias continentais e viver por conta pr�pria.

Pois, existe tamb�m o lado dos que lembram que durante muitos anos a Inglaterra, numa fase em que pouco se dava com o continente, manteve um tratado aparentemente desvantajoso para si com Portugal, no qual se comprometia a absorver boa parte dos vinhos do pa�s ib�rico. Entretanto, observou Adam Smith, tamb�m no s�culo 18, que o tratado, apesar da reclama��o dos ingleses, era “uma obra-prima da pol�tica comercial” do pa�s. Porque de fato foi o caminho para que Portugal transferisse para cofres ingleses o ouro em excesso que recebia do Brasil para financiar a revolu��o industrial.

O que de fato acontecer�, s� observando o resultado daqui a uns anos na compara��o do Reino Unido com o continente. Uma vari�vel � clara a nosso favor: o Brasil voltou a se tornar muito mais complementar ao Reino Unido agora fora da UE. Os ingleses v�o precisar diversificar para n�o serem explorados pela UE. Quanto ao Brasil, basta lembrar que � pela diversifica��o que temos que sobrevivemos. E ter boas rela��es com um pa�s que preza a liberdade e a autoridade de seus costumes, n�o vai nos prejudicar. (com Henrique Delgado)


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