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A Fran�a perde a esperan�a e interesse na pol�tica est� no menor n�vel

''Confian�a com rela��o a pessoas de outra nacionalidade atingiu ponto mais baixo da s�rie iniciada em 2009. Quase metade dos franceses quer pa�s mais fechado''


28/02/2021 04:00 - atualizado 27/02/2021 20:11

''Os debates principais na França fermentam a confusão e o presidente Emmanuel Macron contribui para isso''(foto: Thomas Coex/Pool/AFP)
''Os debates principais na Fran�a fermentam a confus�o e o presidente Emmanuel Macron contribui para isso'' (foto: Thomas Coex/Pool/AFP)

Dias atr�s, a principal pesquisa francesa sobre confian�a pol�tica veio a p�blico com dados complicados. Realizada pelo Cevipof, de Paris, a pesquisa compara a opini�o de franceses, alem�es, italianos e brit�nicos sobre o estado de esp�rito dessas popula��es. Nela se v�, por exemplo, que o sentimento de medo caiu significativamente do ano passado para c� entre os franceses, o que � bom, mas o sentimento de abatimento explodiu.

Comparado a italianos, brit�nicos e alem�es, o interesse dos franceses na pol�tica est� no n�vel mais baixo; por outro lado, o descontentamento com o capitalismo � o mais alto. Mas isso numa sociedade em que a maioria das pessoas est� se identificando com pautas conservadoras.

Al�m disso, 77% das pessoas apresentam sentimentos negativos em rela��o � pol�tica. J� a confian�a com rela��o a pessoas de outra nacionalidade atingiu o ponto mais baixo da s�rie iniciada em 2009 e quase metade dos franceses pensa que o pa�s deva se fechar mais, inclusive economicamente.

Os debates principais na Fran�a fermentam a confus�o e Emmanuel Macron contribui para isso. Porque 62% dos franceses veem o Isl� como uma amea�a para a rep�blica, o presidente resolveu chamar o problema de “separatismo” e mostrar uma dureza ao fechar a discuss�o na ideia de que o pa�s estaria sob ataque n�o s� do Isl�, mas at� das “tradi��es anglo-sax�s”.

Enquanto Macron tenta se mostrar como o en�rgico l�der acima da pol�tica capaz de proteger a rep�blica, problemas comportamentais das elites parisienses geram esc�ndalos que estremecem as bases muito bem-estruturadas – mas muito fechadas e de pouca responsabiliza��o p�blica – dos clubes parisienses que criaram Macron e sustentam sua vis�o do que � a rep�blica.

Entre as muitas vers�es poss�veis, h� duas chaves importantes para compreender o que se passa no pa�s. Uma liter�ria e outra sociol�gica.

No lado sociol�gico, o bendito Alain Touraine, aos 95 anos, lembra que a Fran�a n�o “cessa de escolher o campo do Estado contra a sociedade”. Podem ser os conservadores tradicionais admiradores de De Gaulle, ou socialistas, ou comunistas. A Fran�a � uma sucess�o de ciclos e clubes sociais hierarquizados em defesa do Estado.

No lado liter�rio, o maldito Michel Houellebecq, em seu livro “Submiss�o”, publicado antes do fen�meno Macron, imaginou um segundo turno entre Marine Le Pen e o imagin�rio l�der da imagin�ria Irmandade Mu�ulmana Francesa. Na s�tira de Houellebecq, o l�der mu�ulmano se torna presidente ap�s ganhar o segundo turno com o apoio do establishment que havia se despeda�ado no primeiro turno.

� interessante que para a ascens�o de Macron ajudou a ideia de que ele seria um l�der al�m da esquerda e da direita, acima de partidos. A conversa fiada do mundo atual que alimenta a ousadia dos med�ocres. Conversa que assegura o n�o despeda�amento do establishment, que embora colocado como esteio da rep�blica anda indiferente � sua agonia. Uma rep�blica cujos valores n�o seriam servidos pelos reacion�rios da fam�lia Le Pen, mas que chegaram a um ter�o dos votos no segundo turno da elei��o passada, em 2017, com Marine Le Pen.

A Fran�a que segura esse voto extremista h� mais tempo pode chegar por �ltimo ao fim do ciclo da experimenta��o internacional com a extrema-direita. O partido reacion�rio dos Le Pen, cujo mais recente nome � Reagrupamento Nacional, foi “normalizado” nos �ltimos anos. Em parte por erros de Macron, em parte pelo esfor�o de anos da Le Pen em suavizar o discurso e cativar o centro. Sinais de que essa coisa do Macron querer ser esperto demais est� fazendo os franceses perderem a esperan�a.

As trapalhadas francesas com a COVID-19 s�o exemplo. Entre os membros permanentes do Conselho de Seguran�a da ONU, a Fran�a � o �nico que n�o conseguiu at� aqui produzir uma vacina pr�pria. Enquanto isso, Macron, cuja esperteza ultrapassa o pr�prio talento, fica falando mal da vacina brit�nica para seu p�blico dom�stico.  E atrav�s de entrevista ao Financial Times de Londres inicia um movimento para denunciar o absurdo que � as vacinas serem produzidas nos pa�ses ricos e n�o serem enviadas para os pa�ses pobres.

Macron mant�m um arcaico deslumbramento pelo G7, que deseja reviver com mal�cias como essa de apontar um “perigo” de China e R�ssia fazerem diplomacia com vacina. Mas sua concep��o, em pleno 2021, de que multilateralismo � o G7 � tr�pega. Mais sinal de que precisa da Alemanha (que tem vacina) para falar em nome da Europa. Uma Europa que de fato devia estar enviando vacina mundo afora. Mas n�o est� porque, no fundo, o m�ximo que a sofistica��o de Macron atinge � a preocupa��o com o aspecto de marketing da opera��o. (Com Henrique Delgado)

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