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Estado de Minas OPINI�O

O que vai pelo mundo: a falta de fluidez sobre pol�tica internacional

O mundo vive hoje de uma s� vez todos os choques de crises anteriores, resumem os melhores especialistas


03/04/2022 04:00 - atualizado 02/04/2022 20:22

Os comerciantes trabalham no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em 11 de março de 2022 na cidade de Nova York
'A crise de inadimpl�ncia ser� mundial e a previs�o � a de quebra de mais de uma centena de pa�ses' (foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP)
Ningu�m consegue mais ter fluidez na conversa sobre pol�tica internacional. Todos se esfor�am para dizer com �nfase alguma coisa e deixar no ar um recado para algu�m. Dar not�cia, comentar, conversar virou uma forma excitada de falar de si mesmo. No notici�rio de televis�o, ent�o, a impress�o que se tem � de que a guerra R�ssia-Ucr�nia est� na sala e que v�o bombardear nossa cozinha. A irracionalidade e o abandono do ju�zo polu�ram o ar.

Os impactos econ�micos do conflito s�o definitivos e ser�o de longo prazo. O mundo vive hoje de uma s� vez todos os choques de crises anteriores, resumem os melhores especialistas. A crise de inadimpl�ncia ser� mundial e a previs�o � a de quebra de mais de uma centena de pa�ses. A economia ser� dedicada � produ��o de energia, e n�o o  contr�rio, maldi��o brasileira que vai predominar em todo o mundo. Fugir do petr�leo e seus derivados � o maior desafio do hemisf�rio norte, onde se consome 80% da produ��o mundial desta energia suja.

Enquanto isso, como se fosse uma resolu��o de um congresso de arcanjos, surge � esquerda e � direita uma inesperada converg�ncia. A mais espetacular consequ�ncia da brutalidade Russa na Ucr�nia � concluir que, do ponto de vista dos princ�pios morais que sustentam a sociedade democr�tica, o pensamento pol�tico continua uma l�stima. Putin quer ser o sol que n�o declina e conta, pelo mundo, com o apoio espiritual dos partidos e dos governantes autorit�rios de esquerda e de direita.

Para a Uni�o Europeia, a invas�o da Ucr�nia est� sendo vista de forma semelhante aos atentados de 11 de setembro nos EUA. Aumentou a preocupa��o com a seguran�a no continente, a desconfian�a contra as inten��es de Putin em rela��o ao uso do seu arsenal de guerra contra a Europa e, imediatamente, aumentaram os gastos militares.

E, assim, deve aumentar consistentemente na pr�xima d�cada a for�a do complexo industrial militar que j� domina a mentalidade norte-americana desde a Segunda Guerra Mundial. Da mesma maneira, diante da necessidade de se reconfigurar a engenharia atual de produ��o e distribui��o de energia na Europa, muito dependente da R�ssia, e de alimento, em todo o mundo, a seguran�a energ�tica e alimentar entra de forma decisiva na defini��o de estrat�gias geopol�ticas.

Em an�lise da conjuntura internacional do m�s de mar�o, o Conselho de Economia Empresarial e Pol�tica da Fecom�rcio de S�o Paulo descreve bem o cen�rio mundial. Segundo o CEEP, a crise energ�tica, que j� mostrava um quadro dif�cil durante a pandemia com a insist�ncia da Opep em manter o n�vel de produ��o, foi intensificada com a sa�da da R�ssia de boa parte do mercado de petr�leo.

Como o mundo vive um processo inflacion�rio, este efeito pode ser devastador. Pol�ticas monet�rias ser�o cada vez mais contracionistas no mundo, com risco real de estagfla��o, principalmente na Europa.

Os EUA absorveram, pelo menos por enquanto, de forma mais favor�vel, os impactos da guerra, at� porque a depend�ncia americana da energia russa � bem menor. A economia continuou mostrando crescimento e o mercado de trabalho permanece aquecido. Al�m disso, a bolsa n�o caiu e n�o houve corrida por t�tulos.

Na China, a invas�o russa vem causando problemas internos. A posi��o titubeante do presidente Xi Jinping vem sendo criticada pelo receio de san��es ocidentais. Xi j� vem sendo pressionado por parte do partido pela pol�tica isolacionista e pelas restri��es feitas ao setor privado no pa�s. As cr�ticas s�o dirigidas no sentido de culp�-lo pela redu��o do crescimento econ�mico. Para reverter esse quadro de instabilidade pol�tica, o governo deve abusar de pol�ticas expansionistas, gerando um custo adicional para o futuro, mas garantindo crescimento maior no curto prazo.

O debate no mundo econ�mico continua sendo infla��o. O choque ex�geno da invas�o da Ucr�nia piorou o cen�rio, e os bancos centrais internacionais ainda est�o “atr�s da curva”. O ajuste no futuro certamente ter� que ser maior. N�o h� muito espa�o para a vida inteligente e muito imaginativa quando se trata de controle da moeda.

Enfim, o capitalismo demonstrou que � o maior sistema de coopera��o em atividade no mundo e deixar� a R�ssia sem sa�da, se insistir em ficar fora do sistema democr�tico mundial. A velocidade com que se articularam decis�es n�o militares e a alta conectividade que o mundo ocidental estabeleceu – melhor aproveitando a era tecnol�gica, a internet e as consequ�ncias econ�micas e socioculturais da globaliza��o – deixaram o governo russo fora do radar civilizado. Li��o da guerra: o autointeresse do cidad�o � melhor atendido por governos democr�ticos. (Com Henrique Delgado)
 

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