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Estado de Minas COLUNA

Risco geopol�tico na Europa

O risco geopol�tico � a desconfian�a de que o equil�brio est� se tornando incalcul�vel e a fala da guerra mais atual do que a da paz


06/03/2022 04:00 - atualizado 06/03/2022 13:23

Com HENRIQUE DELGADO

O presidente da Rússia, Vladimir Putin
Putin parece tomar decis�es que demonstram desinteresse em quest�es econ�micas e comerciais de simples bem-estar (foto: Alexey NIKOLSKY/SPUTNIK/AFP)
Organizado por Dario Caldara e Matteo Iacoviello e utilizado pelo FED, o Banco Central dos EUA, o �ndice de Risco Geopol�tico ultrapassou a barreira dos 400 pontos com a invas�o russa da Ucr�nia. 

O �ndice de Caldara e Iacoviello � um indicador de percep��o de risco medido a partir da cobertura de 10 jornais de 1985 para c�. Dada a impossibilidade de uma medi��o perfeita, esse �ndice, com todas suas limita��es, ajuda a comparar o impacto da percep��o de crises internacionais ao longo dos anos.

Por exemplo, a barreira de 400 pontos s� foi ultrapassada em seis ocasi�es nos 37 anos de 1985 para c�. Isso ajuda a ver que o grau da preocupa��o geral � especialmente alto.

As outras cinco ocasi�es foram: a guerra do Golfo em 1991; os ataques terroristas de setembro de 2001 (onde o �ndice foi a mais de mil pontos); a invas�o do Iraque pelos EUA em 2003; os ataques terroristas perpetrados no metr� de Londres em julho de 2005; e o assassinato do general iraniano Soleimani, na capital do Iraque, por ordem expl�cita do presidente Trump, em janeiro de 2020.

Cada um a seu jeito, todos momentos que causaram apreens�o acerca da estabilidade do regime de seguran�a global.

Com a declara��o pela OMS da COVID-19 como uma pandemia global em mar�o de 2020, o mundo foi colocado em confinamento, e as pessoas se dividiram entre a esperan�a e a preocupa��o. A esperan�a era de que a pandemia seria a p� de cal no esp�rito de animosidade e conflito exagerado que geram uma desordem global e um mal-estar generalizado.

Por outro lado, a preocupa��o era de que a pandemia n�o mudaria (para melhor) a ordem mundial e de que seria justamente um solo f�rtil para ainda mais confus�o.

Putin parece tomar decis�es que demonstram desinteresse em quest�es econ�micas e comerciais de simples bem-estar, s� tem olhos para a alta pol�tica e abra�ou o militarismo para al�m de sua obsess�o com servi�os secretos. N�o � realismo, mas um profundo mal-estar com a posi��o da R�ssia, que Putin confunde com a posi��o dele, no mundo. 

N�o � de hoje que uma vis�o de que modos alternativos e diplom�ticos de se fazer pol�tica internacional s�o f�teis est�o na cabe�a de maus governantes. Fracos e fortes est�o todos achando que s� a for�a resolve. Essa � a maior trag�dia da �ltima d�cada. E todas as pot�ncias est�o pedagogicamente implicadas.

A ideia de que a for�a militar n�o serve apenas para a defesa, mas tamb�m para se reorganizar a ordem das coisas, foi testada com a anexa��o da Crimeia em 2014. Invas�o que agora se estende para a Ucr�nia.

E n�o est�o errados os que temem que a percep��o de seguran�a de Moscou seja de que precisa avan�ar um pouco mais para oeste. Mas o que a R�ssia quer mesmo � um acordo executivo no mais alto n�vel com os EUA para consolidar no��es de honra e coexist�ncia. Algo que ela recentemente conseguiu com a China. 

No in�cio dos anos 1990, a Uni�o Sovi�tica em seus estertores via com boa vontade a manuten��o da OTAN na Europa para ancorar a reunificada Alemanha. Eventualmente, a expans�o da Uni�o Europeia e da OTAN para o leste passou a deixar para l� a manuten��o da boa vontade russa.

E a Uni�o Europeia passou a pregar sua “autonomia estrat�gica”, enquanto nos EUA aumentava o sentimento por privilegiar uma agenda “Am�rica em primeiro lugar” entre republicanos e democratas. 

Ainda assim, a OTAN continua unida no Atl�ntico bem ao Norte e com uma importante rea��o ao despotismo de Putin que parece dar pouca import�ncia para defender a seguran�a humana e os direitos humanos. Todavia, a rea��o da OTAN � uma rea��o que mescla elementos de hierarquia e de precariedade.

Afinal, os EUA s�o os comandantes supremos da OTAN, a qual se estrutura em torno do compromisso de defesa coletiva. Mas com a pr�tica do “America First” s�o os EUA mesmo que fissuram sua hegemonia na Europa. 

Essa quebra na vis�o que os EUA manifestam sobre sua fun��o no mundo tamb�m � um mal-estar com a realidade e for�a improvisa��o de “aliados” na Europa. A� mora o perigo. N�o � nem quest�o de coer�ncia, trata-se apenas da possibilidade de que d� errado e pragmaticamente n�o funcione. Assim, a Uni�o Europeia se v� for�ada a tratar da pr�pria seguran�a ainda dentro da OTAN. Tem que se liderar sem se comandar.

Em um mundo t�o preocupado com quest�es de bom comportamento segue-se existindo uma obsoleta vis�o que enfatiza dicotomias entre Oriente-Ocidente, norte-sul, forte-fraco. E � nessas brechas que o autoritarismo avan�a. Porque ele organiza o que vai se mantendo desorganizado por falta de compreens�o e responsabilidade.

O risco geopol�tico � a desconfian�a de que o equil�brio est� se tornando incalcul�vel e a fala da guerra mais atual do que a da paz.

PAULO DELGADO, Soci�logo
contato: @paulodelgado.com.br

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