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Estado de Minas PAULO RABELLO DE CASTRO

Com quantos paus?

"A primeira medida do futuro presidente j� provou sua arg�cia de gest�o pol�tica, ao nomear o vice como coordenador da transi��o"


05/11/2022 04:00 - atualizado 05/11/2022 07:26

Lula e Alckmin
O presidente eleito Lula tem como desafio liderar um Pa�s rigorosamente dividido ao meio entre duas rejei��es de dimens�es nacionais. Ele provou sua arg�cia de gest�o pol�tica ao nomear o vice Geraldo Alckmin como coordenador da transi��o (foto: NELSON ALMEIDA / AFP)

 

A express�o popular “Com quantos paus se faz uma canoa” significa que nem sempre � f�cil reunir o que � preciso para fazer a coisa certa. Esse � o desafio de Lula ao se apresentar, pela terceira vez, para liderar um pa�s rigorosamente dividido ao meio entre duas rejei��es de dimens�es nacionais.

Sua vit�ria foi na v�rgula, dentro da decantada “margem de erro”, n�o obstante legal e irrevog�vel. Mas para fazer a canoa do Brasil navegar com estabilidade e rumo, a lideran�a de Lula tem que mostrar mais elementos construtivos do que a boa agenda de desejos contida em sua Carta ao Brasil, documento de campanha emitido pouco antes da vota��o em segundo turno e repetida na longa fala do candidato vencedor ao final da contagem dos votos.

 

Seriam tr�s as principais grandezas do desafio posto ao experiente pol�tico. Primeiro, o de uma economia travada pelo baixo potencial de crescimento. Na campanha, Lula nem tocou nesse tema, apenas repetindo que o pa�s precisa gerar mais empregos “de carteira assinada”, o que nos remete ao impasse dos custos da ind�stria brasileira, leia-se reforma do manic�mio tribut�rio.

O segundo desafio �, por assim dizer, dentro da cozinha do governo, portanto um impasse de gest�o, pois as promessas generosas da campanha – aumentar aux�lios e sal�rio m�nimo, elevar isen��o de Imposto de Renda, promover mais investimentos nos estados, entre tantas outras bondades, at� justas – n�o cabem em nenhum or�amento equilibrado, a menos que outras despesas de cunho obrigat�rio passassem por uma revis�o baseada em efici�ncia. Muito dif�cil de acontecer.

Por �ltimo, um desafio maior ainda, que � o de fazer funcionar bem o que foi desenhado para n�o dar certo: a representa��o pol�tica fragmentada do Congresso, que espelha muito mal o que seria uma “agenda pol�tica do povo brasileiro”. Para aperfei�oar essa canoa, seria necess�ria uma revis�o constitucional das regras eleitorais, como a supress�o do direito � reelei��o em cargos executivos e mesmo no Legislativo, o excrescente voto proporcional e outras aberra��es.

 

Apesar do tamanho do projeto da canoa, o candidato eleito re�ne habilidades e experi�ncia, al�m de ter buscado um vice – Geraldo Alckmin – com capacidades pol�ticas similares �s dele pr�prio para tentar a tarefa de mobilizar o pa�s, estimulando os nervos ociosos do organismo coletivo. A quest�o tamb�m � de tempo e de sorte ao escalar um time de apoio que traga solu��es efetivas em prazos curtos que se esvaem nos poucos dias de uma transi��o j� pontuada por compreens�veis interrup��es de descanso, por turn�s pelo estrangeiro e festas de fim de ano. � muito pouco tempo para martelar pregos nessa canoa. N�o d� para chegar aprendendo. � preciso chegar fazendo.

 

A primeira medida do futuro presidente j� provou sua arg�cia de gest�o pol�tica, ao nomear o vice como coordenador da transi��o. Geraldo Alckmin � quem, como candidato na campanha de 2018, havia constru�do o mais amplo leque de alian�as com os partidos que a m�dia chama de Centr�o. Ele sabe em que portas bater e o que dizer; portanto, vai reunir os paus que faltam para a canoa navegar, ao mexer nas rubricas or�ament�rias que viabilizem o atendimento das mais urgentes promessas da chapa Lula-Alckmin. O presidente eleito pegou para si o conserto da frente externa, do di�logo com l�deres do Ocidente e dos Brics, algo que consegue fazer bastante bem. No tumultuado ambiente mundial, que vai piorar bastante antes de melhorar, toda delicadeza � necess�ria para construir pontes em vez de derrub�-las.

 

Resta a frente federativa, de longe a mais complicada, pois � cascuda a agenda com os 27 governadores, dos quais 14 de inclina��o oposicionista, e com uma ampla lista de reivindica��es – que v�o da reposi��o das receitas de ICMS perdidas pela nova lei que uniformizou e rebaixou as al�quotas sobre combust�veis, energia e comunica��es, at� uma revis�o (ali�s necess�ria) dos termos das d�vidas carregadas pelos estados perante o Tesouro Nacional. Lula falou em pedir aos governadores que apontassem seus dois ou tr�s principais projetos de investimentos regionais. Seria esse o esbo�o de um novo PAC, o pol�mico Programa de Acelera��o do Crescimento, de 2007. Lula tamb�m acenou com a participa��o do BNDES nesse esfor�o, o que faria todo sentido. Mas como, se o banco de desenvolvimento est� para ser sangrado em mais R$ 45 bilh�es em devolu��o antecipada ao Tesouro, ap�s anos – desde 2016 – de sucessivas “doa��es de sangue” que deixaram o BNDES uma institui��o financeira esqu�lida? S�o desafios de primeira grandeza que, provavelmente, depender�o de emendas � Constitui��o. Lula ganharia um tempo precioso se essas PECs viessem envelopadas numa ampla revis�o constitucional.

 

O tempo urge, os paus est�o espalhados no terreno e a canoa ainda por construir.

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