
Pode ser um lugar de forte censura, controle social de um Grande Irm�o multifacetado � moda de "1984", de George Orwell, castas de minorias com vozes isoladas em seu lugar de fala, mas menos viol�ncia na escola. Meu filho dever� ser mais obediente, um tanto quanto servil, mas menos agredido e bullyinado. Imagino.
invas�o da Ucr�nia, de que o modelo de vida ocidental est� deixando os homens mais frouxos.
O del�rio me ocorreu diante da tese que circulou em c�rculos pensantes mais � direita, em meio � rea��o inicial t�mida dos l�deres ocidentais � Teria criado uma gera��o de fracotes amedrontados, de menos testosterona, que se reflete no perfil dos principais presidentes que hoje comandam o mundo civilizado.
Contra o estilo Vladimir Putin de reconstruir um imp�rio a porrete, formou-se uma galeria de pangu�s cheio de dedos de quem perdeu o bonde: Emmanuel Macron da Fran�a, Boris Johnson do Reino Unido e Joe Biden dos EUA.
Perdemos uma Angela Merkel na Alemanha por um socialista ut�pico (com o perd�o da redund�ncia) e ganhamos o filho de Pierre Trudeau no Canad�, um vexame no enfrentamento do movimento anti vacina. Dois dos �ltimos brucutus estilo Putin, eleitos para mudar o quadro, Donald Trump e Jair Bolsonaro, est�o desmoralizados.
Tem mesmo certa frouxid�o comprov�vel em nossas refer�ncias culturais, no cinema, na TV, nas artes, na imprensa, no comportamento cotidiano, no caf� da manh�, na escola, no trabalho e, claro, na balada.
O homem alfa est� semi morto na cultura ocidental. S� ainda bate muito em mulher em lugares, como no Brasil, onde a cultura jur�dica ainda � alfa. Os ju�zes podem at� ser progressivamente gays em esp�rito, mas alfas ao p� da lei.
Em 30 anos, estima-se que o n�mero de varia��es gays ser� superior � dos chamados cisg�neros, essas pessoas que se acham no direito de se verem como mulher ou homem apenas porque nasceram com vagina ou p�nis.
Se a cacetada testosteronal de Putin suscita a ideia de frouxid�o de uma civiliza��o que construiu as cidades a ferro e fogo, tamb�m sugere que estamos melhores do que nunca em superioridade moral e tecnol�gica. Na medida em que n�o precisamos mais matar gente para asfixiar ditadores.
A R�ssia que amea�ou usar ogivas semi nucleares em sua guerra quase dom�stica, num �bvio sinal de fraqueza, amanheceu nesta segunda-feira sob um hecatombe de dimens�es at�micas em seu sistema financeiro.
Ao inv�s de apertar o bot�o vermelho de disparo de m�sseis intercontinentais, os l�deres pangu�s mandaram digitar alguns c�digos que isolou o seu sistema banc�rio do resto do mundo e sequestrou as reservas de seus bancos centrais fora do pa�s.
Como se um ex�rcito inimigo invadisse e saqueasse todas as riquezas acumuladas em seus cofres, o saque planet�rio a partir de um teclado derrubou sua moeda, sua bolsa, suas empresas.
Mantido o bloqueio por mais tempo, vai quebr�-las ao redor do mundo e colocar em risco as reservas tamb�m de seus cidad�os, sobretudo a dos oligarcas que sustentam o regime e que, n�o por acaso, adoram o Ocidente para fazer investimentos.
Paralelamente, enquanto suas rotas a�reas e eletr�nicas v�o sendo abortadas, o jovem presidente da Ucr�nia p�e em marcha algumas mensagens de resist�ncia numa rede de 18 milh�es de seguidores mais poderosa que blindados, avi�es, submarinos e ogivas.
Sim, o Instagram, o Twitter, a tecnologia que p�e ou tira avi�es do ar, derruba ou impulsiona a internet, bloqueia o dinheiro do �ltimo cidad�o da Ant�rtida e pode sequestrar o dinheiro dos oligarcas em qualquer lugar do mundo, s�o conquistas da civiliza��o que constru�mos. A maioria dos avan�os tecnol�gicos desde sempre, sobretudo nos �ltimos anos, � produ��o ocidental.
Que torna um anacronismo ditadores de canh�o e TV estatal, sonhando em reconstruir e controlar um imp�rio a bala. Como � o caso de Putin, de seu parceiro na China e de seus similares no Oriente, em parte estacionados no s�culo XV.
Apesar de nossas falhas morais e de nossas derrapagens, uma Venezuela ou uma Cuba aqui e ali, nosso meio de vida ainda � o da criatividade que move, destr�i e reconstr�i quando preciso m�quinas, ditaduras, democracias.
A quest�o ent�o nem � de democracia versus ditadura, liberdade versus despotismo, mas de modernidade contra o atraso. A civiliza��o ocidental trava uma guerra sem armas convencionais que deixa patente o quanto Putin e seus iguais est�o anacr�nicos.
N�o � certamente casual que a popula��o da Ucr�nia, majoritariamente e em apoio de 94% a seu l�der, quer estar ligada a esse mundo, assim como ocorre com todos os pa�ses que o experimentam. Desde pelo menos a derrubada do Muro de Berlim, quando as diferen�as de modo de vida entre as Alemanhas oriental e ocidental ficaram gritantes.
Pode ser que um dia os imp�rios russo e chin�s, bem como as ditaduras religiosas orientais, se modernizem. Assim como pode ser tamb�m que o cerceamento da liberdade e da diverg�ncia, primeira condi��o da criatividade e do progresso humanos que fez a diferen�a para o Ocidente, nos leve de volta �s cavernas.
Mas esses movimentos costumam levar s�culos, �s vezes mil�nios. A turma do politicamente correto e de voca��o gay, muito criativa ali�s, maioria nos meios mais influentes (universidade, imprensa e ind�stria cultural), ainda tem muito terreno a conquistar e muita guerra a travar antes de nos destruir.
Ou n�o, nunca. Nossa civiliza��o tem a vantagem, ainda insuper�vel, de corrigir-se.