Fala, Capita:
“Eu fui pra detonar o sistema. Contei tudo que eu sabia. Botei muito pol�tico na cadeia. E mesmo assim o sistema continuava de p�. O sistema entrega a m�o pra salvar o bra�o. O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideran�as. E custa caro. Muito caro. O sistema � muito maior do que eu pensava. N�o � � toa que entra Governo, sai Governo, a corrup��o continua. O sistema � foda.”
Come�a com a candidatura de malfeitores, em busca de dinheiro f�cil e poder. Aproveitam-se da baixa escolaridade e apolitiza��o do eleitorado. Uma vez eleitos, aglutinam-se e iniciam a “rockonha”, como ensinou Jo�o de Santo Cristo.
Aparelhamento do Estado, ocupa��o de postos-chave, indica��es e apadrinhamentos. Arrecada��o oficial e oficiosa. Distribui��o de dinheiro e favores. A teia cresce e os l�deres adquirem influ�ncia e poder. O c�rculo vicioso ganha corpo e a cada ciclo eleitoral se fortalece.
A m�quina do executivo torna-se imensa, burocr�tica, incontrol�vel. Cresce em inefici�ncia e corrup��o. Expande seus tent�culos para estados e munic�pios. O m�todo � replicado � exaust�o, e a rede torna-se onipotente e onipresente. J� n�o h� limites para o Estado. Gigantesco, opressor, regulador, controlador, monopolista, fisiologista, corporativista… corrupto!
Legislativo e Executivo tornam-se siameses. Um n�o vive sem o outro. Um precisa do outro. E juntos precisam de dinheiro. Muito dinheiro! Tem in�cio a ca�a ao tesouro. A iniciativa privada � presa f�cil. Ou por gan�ncia ou por coniv�ncia ou por mera sobreviv�ncia. A fome encontra a vontade de comer. O Sistema agora � corpo e mente.
Vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores, presidente. C�mara Municipal, Prefeitura, Assembleia Legislativa, Pal�cio do Governo, Congresso Nacional, Pal�cio da Alvorada. Assessores, motoristas, seguran�as, cafezinho, viagens, di�rias, jatinhos, aux�lio isso, aux�lio aquilo, reembolso educa��o, reembolso sa�de, reembolso alimenta��o, cota parlamentar, fundo eleitoral, cot�o, assalt�o!
O dinheiro come�a a jorrar. A m�quina come�a a girar. O Sistema est� feliz. Enquanto cresce, a sociedade empobrece. Ano ap�s ano, d�cada ap�s d�cada, elei��o ap�s elei��o. Um looping atemporal assume o controle das nossas vidas e do Pa�s.
Se falta dinheiro, aumenta-se a arrecada��o. Se falta apoio, compram-se consci�ncias. Se falta mercado, aumenta-se os pre�os. Regula��o � a chave. Burocracia � a chave. Economia fechada � a chave. A falta de alternativa empurra os capitais p�blico e privado para os mesmos grandes grupos, controladores e financiadores do… Sistema!
Agora s� falta a cabe�a para o “corpo e mente”. Falta a chancela, o carimbo da lei. O aparato precisa n�o atrapalhar. Melhor se ajudar. Cria-se o arcabou�o: Pol�cias (municipal, militar, federal, rodovi�ria, legislativa…), Minist�rios P�blicos (da Uni�o, do estado, do trabalho, do meio-ambiente…), Tribunais (estadual, federal, regional, de contas do munic�pio, do estado, da Uni�o…), Juizados e Cortes (superior, Supremo, especiais...), Operadores do Direito (procuradores e promotores estaduais, municipais, federais, do trabalho, do meio-ambiente, da inf�ncia e da juventude; advogados, ju�zes, desembargadores, ministros, advogados-gerais…). E tome assessores, secret�rias, motoristas, seguran�as, bl� bl� bl�.
As indica��es pol�ticas correm soltas. As nomea��es por interesses predominam. O compadrio se alastra. A corrup��o segue forte. A prote��o tamb�m. Dinheiro, poder e prest�gio d�o as cartas. As benesses s�o inebriantes. A casta de todas as castas perde a no��o, o contato com a realidade. Cabe�a, corpo e mente agora s�o um s� agente do mal. O ciclo se fecha! O Sistema est� formado. S� precisa se manter. S� precisa se perpetuar.
Do lado de fora, a popula��o indefesa. Cidad�os, consumidores, contribuintes abandonados em direitos e esmagados por deveres. Milh�es de micros, pequenos, m�dios e grandes empres�rios acachapados, espremidos, subjugados. O Estado que oprime, dificulta e empurra para a marginalidade e informalidade � o mesmo que aparece para corromper e ser corrompido. Fiscais, secret�rios, ag�ncias reguladoras, �rg�os de controle.
Alvar�s, autoriza��es, documentos, certid�es, Ibama, Anvisa, Bombeiros, Meio-Ambiente, leis municipais, leis estaduais, leis federais, autarquias, entidades de classe, advogados, contadores, certificadores, auditores… Formam-se os sat�lites que orbitam em torno do monstro Estado e alimentam o Sistema -- e dele se alimentam, retirando o alimento de quem est� fora.
IRPF, ISS, ICMS, INSS, FGTS, PIS, PASEP, CID, IPI, COFINS, II, ITR, ITBI, IPVA, ITCMD, CSSL, IPTU, IOF, IRPJ, IOF… PQP!
Secretaria da Fazenda municipal e estadual; Minist�rio da Fazenda. Secretaria de Seguran�a P�blica municipal e estadual; Minist�rio da Justi�a, Secretaria da Sa�de municipal e estadual; Minist�rio da Sa�de. Secretaria da Educa��o municipal e estadual. Minist�rio da Educa��o. Tanta gente, tantos �rg�os, tanto dinheiro e nada funciona. Mas o Sistema quer mais: Secretarias municipais e estaduais, e minist�rios da Igualdade Racial, da Mulher, do Meio-Ambiente, dos Direitos Humanos, da Cultura, do Turismo, do Esporte, da Ind�stria, da Agricultura, do Pai, do Filho e do Esp�rito Santo, Am�m!
Petrobras, Eletrobras, Telebras, Caixa, Banco do Brasil, Correios, Casa da Moeda, Infraero, BNDESPar, Gasoil, Codevasf, Embrapa, Conab, Cohab, Gaspetro, Valec, Casemg, Ceagesp, Comlurb, Codep, Codern, Codomar, Dataprev, Cerpro, Codesa, CBTU, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Furnas, Uirapuru, Arauc�ria, Cemig, Itaipu, Liquig�s, Transpetro, Eletronuclear, Nuclebras. S�o 418 Roubobras, 800 mil barnab�s, R$ 10 bilh�es por ano para o Sistema se divertir e voc� pagar.
A cada dois anos. A cada quatro anos. A cada oito anos novos agentes alcan�am o Sistema. Alcan�am o Poder. Muito poucos (ou quase nenhum) s�o limpos. Os que n�o s�o aderem ao Sistema, por interesse e autoprote��o. Os limpinhos n�o conseguem protagonismo. Logo desistem ou n�o s�o reeleitos ou reconduzidos aos cargos. O mal se dissemina. Torna-se absoluto. Impregna todas as esferas e Poderes. Atinge e corrompe o tecido social que, revoltado, anestesiado, sem op��o, adere �s m�s pr�ticas.
Do camel� ao m�dico. Do professor ao pastor. Desrespeito, viol�ncia, suborno, mau comportamento urbano. Selvageria, mortes, acidentes, tr�fico, estupros. Intoler�ncia, irrita��o extrema, abandono, polariza��o, �dio... elei��es! Hora de recome�ar tudo outra vez. Hora de manter o looping vivo e operante. O Sistema cooptou o N�o-Sistema e o fez ref�m, escravo, anestesiado, servil, Brasil.
Eu te protejo, voc� me protege. Eu te sustento, voc� me sustenta. Eu te apoio, voc� me apoia. Eu te elejo, voc� me elege. Eu te nomeio, voc� me nomeia. E a meus amigos e parentes, por favor. S� favor. Tamos juntos e juntos venceremos. O Sistema unido jamais ser� vencido. O Sistema � realmente foda.