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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Se n�o for sofrido, n�o � Galo: conhe�a a bilion�ria batalha da Arena MRV

Empurrada por um time de excel�ncia e uma torcida que n�o desiste, dar� aos mais de 8 milh�es de atleticanos muito mais que um est�dio, mas uma casa, um lar


11/12/2022 07:00 - atualizado 11/12/2022 08:09
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Arena MRV
Arena MRV: a casa da Massa atleticana (foto: Arthur William/Ag�ncia Espacial de Comunica��o)
Toda hist�ria �pica tem vil�es e mocinhos, passagens boas e ruins, momentos hist�ricos e protagonistas indispens�veis ao final feliz, ou triste, da jornada que se quer ou se pretende narrar. A Arena MRV, est�dio do Galo em fase final de constru��o no bairro Calif�rnia em Belo Horizonte, n�o poderia ser diferente; s� n�o precisava ser “t�o sofrido assim”, como diria M�rio Henrique Caixa, o narrador dos jogos do Atl�tico Mineiro pela R�dio Itatiaia, de Belo Horizonte.

Idealizada durante a dor (na derrota para o Raja Casablanca, no Mundial de Clubes do Marrocos em 2013), forjada nas idas e vindas e obst�culos aparentemente intranspon�veis (como a pandemia do novo coronav�rus), e finalmente vitoriosa em meio � crise financeira mundial, decorrente da guerra na Ucr�nia, al�m de um pra l� de conturbado momento pol�tico-social no Brasil, a casa da Massa atleticana insiste em “lutar, lutar, lutar, com toda a nossa ra�a pra vencer”.

Or�ado inicialmente em 410 milh�es de reais, o est�dio do alvinegro mineiro sofreu acr�scimos de custos impens�veis e inimagin�veis at� mesmo para o mais pessimista dos pessimistas. Insumos como o a�o, por exemplo, subiram, desde o in�cio da constru��o, estupendos 200%. Cimento, 100%. M�o de obra, 70%. A engenharia financeira projetada para fazer frente � obra foi para as brecas, e novas fontes de financiamento tiveram de ser pensadas para bancar o quase 1 bilh�o de reais atuais.

O Galo havia composto o or�amento inicial com a venda de metade do shopping Diamond Mall (250 milh�es de reais), venda de cadeiras e camarotes (100 milh�es de reais) e “naming rights” (60 milh�es de reais). Tudo parecia perfeito at� que, al�m dos imprevistos acima, surgiram as famigeradas contrapartidas impostas pelo Poder P�blico, no �mbito estadual (meio ambiente e social) e municipal (infraestrutura vi�ria e outras condicionantes). Foram exig�ncias in�ditas e cifras na casa das centenas de milh�es de reais,

Estamos falando aqui, caros e caras, de 250 milh�es de reais, sendo 80 milh�es, ou mais, dispens�veis n�o fossem o extremo e excessivo rigor, para n�o dizer arbitrariedade, da prefeitura de Belo Horizonte, e a burocracia infernal que atrasou o in�cio das obras em pelo menos dois anos, gerando custos extras, a valor presente, da ordem de mais de 150 milh�es de reais. Tudo somado, pasmem e lamentem os atleticanos, a Arena MRV custar�, ao final, 400 milh�es de reais a mais do que poderia ter custado.

Para que o torcedor tenha uma ideia do montante de dinheiro que estamos falando, a venda da segunda metade do Diamond Mall ir� gerar, se muito, o mesmo valor aos cofres do Clube. Todo esse dinheiro ser� usado para abater a chamada d�vida onerosa do Galo, que draga, anualmente, cerca de 90 milh�es de reais em juros. Imaginem esse dinheiro todo sendo utilizado para quitar o d�bito do Atl�tico e minimizar o impacto da d�vida. Imaginou? Passou muita raiva? Pois �. Eu tamb�m. Lembremos dos pol�ticos na hora do voto. 

No �mbito estadual, as condicionantes custaram cerca de 50 milh�es de reais e jamais foram questionadas ou lamentadas pelo Clube, afinal, tratam-se de contrapartidas sociais (projetos s�cio-educativos, assistenciais etc.) e ambientais (parques, jardins e �rvores), boas causas que j� fazem parte da filosofia da administra��o do CAM, que tem, inclusive, ligado a si o Instituto Galo, entidade filantr�pica in�dita no Pa�s, cujos resultados j� ultrapassam todas as expectativas. 

Tampouco �, ou jamais foi objeto de reclama��o e contrariedade, as in�meras obras vi�rias necess�rias para o bom deslocamento de entrada e sa�da da Arena nos dias de jogos e outras atividades, al�m da melhoria de tr�nsito em geral da regi�o. O Atl�tico entende ser um benef�cio � popula��o do entorno da Arena o alargamento de cal�adas, a constru��o de viadutos e passarelas e diversas outras obras de melhoria urbana na �rea de influ�ncia do est�dio. Ser� um verdadeiro legado para Belo Horizonte.

A revolta gira em torno dos excessos. Como compara��o, as arenas do Palmeiras e do Corinthians tiveram, em valores atuais, 25 e 40 milh�es de reais, respectivamente, de contrapartidas. E continua complicada a rela��o com o Poder P�blico, que permanece exercendo enorme press�o a despeito de todos os esfor�os e dinheiro gastos. O Comam, �rg�o ligado � PBH, por exemplo, obrigou o Atl�tico a plantar cerca de 50 mil mudas (10% de todas as �rvores que existem na cidade!!) e cuidar delas por treze anos.

Alexandre kalil
Alexandre Kalil, ex-prefeito de BH (foto: T�lio Kaizer/Superesportes )
Em cidades administradas de forma din�mica, moderna e liberal, um equipamento desse porte seria recebido com pompas e circunst�ncias, haja vista os impactos positivos para a cidade: gera��o de emprego, pagamento de impostos e desenvolvimento da regi�o. Infelizmente, foi exatamente o oposto que se viu por aqui desde o in�cio. Sabiam que o Galo ter� de edificar e manter um parque linear por 30 anos? E que dever� construir uma passarela na BR-040? Por qu�? Ora, porque o prefeito, l� atr�s, quis assim.

Arena e Atl�tico enfrentaram at� mesmo a mudan�a de uma legisla��o federal, que al�m de atrasar o processo de licenciamento, custou-lhes dezenas de milh�es de reais a mais, e ainda assim, em meio a desapropria��es n�o previstas e investimentos espetaculares em tecnologias in�ditas no Pa�s, entregar�o um est�dio com custo por assento inferior �s das arenas constru�das para a Copa do Mundo de 2014. Outro n�mero estupendo e desprezado pelo Poder P�blico: mais de 4.4 mil funcion�rios e 150 empresas envolvidas na obra.  

Prevista para ser inaugurada em mar�o de 2023, a Arena MRV encontra-se cansada, � verdade, jogando com nove em campo, enquanto seu advers�rio joga com onze, contando com a ajuda do juiz e do VAR, e ainda ter� de aguentar mais oito minutos de acr�scimos. Mas Ela � brava, � resiliente… � Galo! E empurrada por um time de excel�ncia nos bastidores e por uma torcida que n�o desiste nunca, sair� campe� e dar� aos mais de oito milh�es de atleticanos apaixonados muito mais que um est�dio, mas uma casa, um lar.

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