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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Quem � voc�, vereadora Fl�via, para determinar quem � bem-vindo(a) a BH?

A vereadora tem o direito de acreditar e defender o que quiser e bem entender, desde que o fa�a de maneira compat�vel com o cargo e a Casa


06/04/2023 11:10 - atualizado 06/04/2023 11:12

Vereadora Flávia Borja
Transfobia expl�cita (foto: Reprodu��o/YouTube)

A vereadora Fl�via Borja, do PP, um dos partidos com maior hist�rico de corrup��o do Brasil em todos os tempos, provavelmente uma auto declarada “cidad� de bem”, assumiu seu lado Nikolas Ferreira, pejorativamente apelidado “chupetinha” - talvez por seus dotes ocultos pelo inconsciente ainda inseguro - e proferiu uma fala abjeta, asquerosa, digna dessa gente extremista que se arvora dona do pa�s, sempre em nome de Deus (qual?), da fam�lia (a pr�pria!) e da p�tria (que piada!).

O bom de ser, digamos, antipetista assumido e declarado, me blinda da ignor�ncia reducionista dos brucutus, que podem me xingar de tudo, menos - como � mesmo? - “comunista". Ali�s, o dia em que essa gente tosca souber o que � comunismo, talvez entendam que contrabandear joias, empregar funcion�rios fantasmas e “rachar” seus sal�rios, receber tr�s proventos diferentes com dinheiro p�blico e comprar mans�es com panetones de chocolate e dinheiro vivo n�o s�o atitudes crist�s nem patri�ticas.

NAZISTOIDES

Por alguma raz�o me lembrei do Chucky, o Boneco Assassino, e de Tiffany, sua noiva, mais conhecida como a Noiva do Chucky. Sinapses s�o sinapses e meus parcos neur�nios, pouco capazes de opera��es e pensamentos complexos, me induzem a pensar em Nikolas e Fl�via como uma esp�cie de casal. Os bonecos assassinos vivem na fic��o. Os vereadores, n�o. Mas subjugados por leis e um certo resqu�cio de civilidade. Por�m, da maneira que pensam, falam e se comportam, n�o sei, n�o.

Para essa gente, a orienta��o sexual ou � como querem ou � coisa do dem�nio. Imaginam o mundo como uma reserva de mercado da pr�pria f�. Veem uma transexual como a Inquisi��o via Joana d’Arc. Fosse poss�vel, talvez mandassem para a fogueira todos os que n�o seguem sua f�. Alguns judeus - e sou judeu! - n�o gostam de compara��es ao Nazisno, mas entendam: Hitler, sua seita e seus crimes n�o se restringem ao Holocausto. A g�nese da ideia ariana n�o � muito diferente do tipo de intoler�ncia que vemos por a�.

TRANSFOBIA

Insurgindo-se contra as transexuais, em Reuni�o Ordin�ria realizada nesta ter�a-feira (4/4), na C�mara Municipal de Belo Horizonte, Borja declarou:  “Esse � um projeto que vai contra a defesa real das mulheres na cidade de Belo Horizonte e contra a liberdade de cren�a, liberdade de religi�o e aquilo que n�s entendemos: que Deus fez homem e mulher e o que passar disso n�o � bem-vindo na nossa sociedade”. Ai, ai, ai… Precisou invocar Deus para defender uma ideia, vereadora? T� faltando argumento para sustentar sua tese?

A ira da valente � por um projeto sobre o uso de banheiro feminino por mulheres trans. Ela, como Nikolas e a irm� transf�bica, acha que essas mo�as t�m de fazer xixi ou em banheiro masculino ou em alguma sarjeta. Na boa, se eu fosse pai de uma menina trans, essa gente teria muito trabalho comigo - bem mais do que j� t�m. Bando de insens�veis, desumanos, hip�critas, inseguros (com a pr�pria sexualidade). E sim: nazistoides ordin�rios! Quem � voc�, Fl�via Borja, para determinar quem �, ou n�o, bem-vindo � sociedade?

LIBERDADES

Mas o bom � a frase: “contra a liberdade de cren�a”. Didi Moc� diria: “cuma”? Uma lei que permite o uso de banheiro masculino por mo�as trans atenta contra a liberdade de cren�a? Fumou erva daninha, senhora? V� professar sua cren�a em paz, em seu templo, como quiser; nenhuma trans est� preocupada com sua f� e como a exerce. � voc� que, por acreditar que “Deus fez homem e mulher e o que passar disso n�o � bem-vindo na nossa sociedade”, atenta contra a liberdade religiosa e de cren�a dos outros.

Eu, por exemplo, n�o penso assim. Mas veja que coisa: voc� existe e eu n�o culpo o Criador por isso. Muito menos acho que voc� n�o pode existir. Mas creio que gente do seu tipo deve ser controlada, mas por leis, e n�o pela for�a ou por suposta “regra cagada” por algum embusteiro religioso, entende? Voc� n�o pode impor � “nossa sociedade” nada, pois essa sociedade n�o � s� sua, ou dos seus. Essa sociedade � minha tamb�m, e n�o admito que voc� me diga quem � bem-vindo, no caso, bem-vinda, por causa do g�nero.

E A�, VEREADORES?

A vereadora tem o direito de acreditar e defender o que quiser e bem entender, desde que o fa�a de maneira compat�vel com o cargo e a Casa. Se � contra a quest�o dos banheiros, que vote da forma que melhor represente seus eleitores. Por�m, o que n�o pode, e este � o motivo desta coluna, � atacar as mulheres trans, chamando-as de “marmanjos”, ou o contr�rio, “mulheres que por alguma cren�a acham que s�o homens”. Deixe de ser est�pida, criatura! V� estudar, v� ler trabalhos cient�ficos, abandone a cloroquina, saia � luz.

Em 2019, a homofobia e a transfobia foram equiparadas ao crime de racismo por decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF). Infelizmente, � mais uma lei para ingl�s ver. Contudo, h� outras leis, no caso, as que regem a atua��o dos vereadores de Belo Horizonte. Ser� que por ter maioria evang�lica (vereadores) a CMBH ser� eternamente palco deste tipo de conduta? A Casa do Povo ir� excluir parte deste povo? Isso � democracia? Ali�s, apelando para Deus, como fez a vereadora, isso � ser crist�o? Amanh� ser� contra quem? Crian�as como em Santa Catarina? Ou algu�m acha que viol�ncia n�o estimula mais viol�ncia?

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