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Estado de Minas SUELI VASCONCELOS

Suic�dio: algumas considera��es

O suic�dio � um fen�meno complexo que envolve vari�veis psicol�gicas, sociais e ambientais, que continua a crescer em diversas regi�es do mundo


25/09/2023 06:00 - atualizado 25/09/2023 08:52
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Lacinho da campanha Setembro Amarelo
Globalmente, todos os anos, mais de 700 mil pessoas (desconsiderando os casos subnotificados, que elevariam a cifra para mais de um milh�o) morrem dessa forma (foto: Alesp/Reprodu��o )
Esta � a �ltima semana do m�s de setembro. O m�s que d� in�cio � esta��o da primavera �, tamb�m aquele dedicado ao alerta sobre os �ndices de suic�dio, cuja palavra � recente na hist�ria (1734), apesar de o ato ser antigo. O termo � originado do latim, "suicidium", composto pelo prefixo "sui" que significa "pr�prio", e o verbo "caedere", que significa "matar". Na �ltima semana, a not�cia da morte da jogadora de voleibol Walewska, surpreendeu a todos e colocou em evid�ncia essa pr�tica.   

Globalmente, todos os anos, mais de 700 mil pessoas (desconsiderando os casos subnotificados, que elevariam a cifra para mais de um milh�o) morrem dessa forma. � a 13ª causa de mortes no mundo, de acordo com Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), e a quarta principal causa de morte de jovens entre 15 a 29 anos, em 2019. Um grito de alarme entre os profissionais da inf�ncia e adolesc�ncia est� a soar.   

Decidir morrer � um direito que os homens, ao longo da hist�ria, e em diversas culturas, desejaram ter. Os primeiros registros remontam � Antiguidade. Na �ndia, em busca do Nirvana, s�bios o cometiam, seguidos pelas vi�vas que os seguiam nas piras de crema��o.  Fil�sofos, como S�neca, que afirmava que "pensar na morte � pensar em liberdade" e poetas, como Lucano, influenciaram os suic�dios durante o per�odo de decad�ncia do Imp�rio Romano. 

A partir do S�culo V, com a expans�o das religi�es monote�stas (principalmente, no Cristianismo) e fortalecimento dos Estados, a pr�tica passa a ser condenada, e a morte volunt�ria torna-se objeto de desaprova��o social em quase todas as culturas. Na Idade M�dia, foi considerado o mais abomin�vel dos crimes, considerado um insulto divino e com uma execu��o macabra para quem o praticasse, de acordo com o historiador, George Minois. 

Isso explica, em parte, os motivos que inibem o suic�dio assistido, permitido apenas a um reduzido grupo de pa�ses, na atualidade.

Segundo dados da OMS, morrem mais pessoas por suic�dio do que por doen�as como a mal�ria, o c�ncer de mama, o HIV, ou por guerra e homic�dios. De modo geral, as taxas s�o maiores entre os homens nos pa�ses desenvolvidos (16,6% por 100 mil habitantes) e entre as mulheres nos pa�ses subdesenvolvidos (7,1% por 100 mil habitantes). Estima-se que a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo. 

No Brasil s�o calculados em 14 mil casos anuais.  Aproximadamente, 38 pessoas, diariamente, desistem de viver no pa�s. Conforme dados divulgados no site da Campanha Setembro Amarelo, 12,6% de cada 100 mil homens, contra 5,4% de cada 100 mil mulheres, morrem cometendo suic�dio.

O dia 10 de setembro, desde 2003, � a data oficial do Dia Mundial da Preven��o ao Suic�dio. No Brasil, o "Setembro Amarelo" foi institu�do em 2014, quando a Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP), em conjunto com o Conselho Federal de Medicina (CFM), deu inicio � campanha, que em 2023 tem o lema "Se precisar, pe�a ajuda", na busca de conscientizar e estabelecer a��es de preven��o a um grave problema de sa�de p�blica, com severos impactos sobre a sociedade como um todo. 

Os �ndices est�o diminuindo em alguns pa�ses europeus, mas essa regra n�o � v�lida para a Am�rica do Sul, Am�rica Central e Leste Asi�tico, onde os n�meros est�o em ascens�o (OMS).  

A causa mais comum � associada a doen�as mentais, nem sempre identificadas ou tratadas de forma adequada.  Isso indica que boa parte desses �ndices poderiam ser evitados com os tratamentos psiqui�tricos corretos. 
 

Todavia, segundo a OMS, muitos fatores desencadeantes acontecem em momentos de crises pessoais ou familiares. A quebra de uma rotina pode criar dificuldades para lidar com a vida.  Os estresses cont�nuos, o consumo alco�lico e de outras subst�ncias qu�micas, problemas financeiros, rompimento de relacionamentos, dor e doen�as cr�nicas, conflitos, desastres, viol�ncia, abuso ou perdas e uma sensa��o de isolamento est�o fortemente associados aos comportamentos suicidas.

Infelizmente, as taxas de suic�dio s�o igualmente elevadas entre grupos vulner�veis, que sofrem persegui��o ou discrimina��o, como os refugiados e imigrantes, pessoas ind�genas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ e prisioneiros.  

Para quem desiste, a vida � muito dolorosa, mas, geralmente n�o se deseja morrer. Quer acabar com suas dores e dificuldades, sejam elas quais forem. Mas  o suicida n�o consegue e usa um "bombardeio nuclear" para eliminar o que o aflige. 

A professora de psiquiatria na Escola de Medicina John Hopkins, Kay Jamison (ela mesma uma suicida),  afirma  que  grande parte da decis�o de se matar tem a ver com a forma como o individuo interpreta os eventos vividos. Os dist�rbios da sa�de mental, como depress�o, transtorno de humor bipolar, esquizofrenia etc. respondem por parte expressivas desses atos. 

A depress�o, segundo ela, � toler�vel at� o ponto em que as pessoas acreditam que pode haver melhoras.  Mas, por outro lado, quando o desespero cresce a ponto de se tornar intoler�vel, a capacidade de a psiqu�  conter os impulsos suicidas enfraquece, gradualmente, como os freios de um carro que se desgastam por serem usados demais. 

H� os fatores desencadeantes e fatores subjacentes, que tamb�m devem ser considerados, como a hereditariedade (h� algumas fam�lias mais propensas � interrup��o volunt�ria da vida que outras, segundo estudos, por for�a dos genes) e a qu�mica do c�rebro, que pode reduzir os n�veis de serotonina e aumentar os riscos de depress�o, que levam ao suic�dio. 

A realidade, por�m, � que ningu�m nasceu destinado a esse fim. Todos os dias, incont�veis pessoas est�o mais insatisfeitas e infelizes, embora buscando solu��es para superar seus desgostos. A mente e o cora��o s�o fundamentais para mostrar outros caminhos que n�o seja o suic�dio. 

O ato � catastr�fico e traum�tico, causando extrema dor entre os que ficam. Considera-se que um suic�dio deixa, em m�dia, setes entes de luto e impacta mais de vinte pessoas, com reflexos entre aquelas mais pr�ximas, pois h� uma tend�ncia a aumentar os riscos na fam�lia, entre os colegas de classe, trabalho etc. 

O controle e a preven��o exigem uma atua��o conjunta de v�rios segmentos sociais, de acordo com a OMS. Isso inclui os setores de sa�de, educa��o, trabalho, agricultura, os neg�cios, a justi�a, o direito, a defesa, a pol�tica e os meios de comunica��o. Os esfor�os devem ser abrangentes e integrados, pois, isolados, os efeitos s�o ineficientes para um problema t�o complexo. 

Individualmente, buscar ajuda m�dica e psicol�gica � fundamental. Evitar o isolamento, afastar-se da solid�o e, ao mesmo tempo, de pessoas t�xicas, rodear-se de poucos e fi�is amigos, t�m um efeito muito positivo, mostrando outras possibilidades e acreditar, mesmo nos momentos mais dif�ceis, que tudo passa. 

Aten��o: Se conhece algu�m que est� lutando contra a desesperan�a, a depress�o ou pensamentos suicidas, voc� pode ajud�-lo. Estenda a m�o e pergunte a essa pessoa se est� tudo bem.  De acordo com os especialistas em preven��o e pessoas que j� tentaram contra a pr�pria vida no passado, uma das melhores maneiras de ajudar algu�m em risco � iniciar uma conversa sobre suic�dio e apoiar a pessoa para encontrar o tipo certo de ajuda.  

Ligue para o Centro de Valoriza��o da Vida, pelo n�mero 188, que funciona 24 horas.

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