Ap�s as excessivas rea��es do p�blico, o ator concedeu uma entrevista � jornalista Patr�cia Kogut, e afirmou que n�o se importava com as cr�ticas que estava recebendo e que fez os procedimentos em raz�o de sua profiss�o, pois, segundo acredita, estar rejuvenescido pode ser um atributo a mais para conseguir pap�is. Questionado se achava que tinha ficado bonito ap�s a harmoniza��o facial, St�nio Garcia disse que estava se sentindo com menos de 15 anos e que sua autoestima tinha melhorado muito.
Ainda que a autoestima n�o esteja ligada diretamente � apar�ncia, n�o temos d�vida de que dar uma repaginada, seja por meio de procedimentos est�ticos, seja por meio de processos de emagrecimento, por exemplo, pode ser muito positivo para o sujeito.
E provavelmente foi isso o que aconteceu com o ator, que relatou que ap�s o procedimento estava se sentindo com mais qualidade de vida. Ao se sentir mais confiante ap�s a harmoniza��o facial, o ator nos mostra que procedimentos est�ticos podem sim impactar positivamente a qualidade de vida de uma pessoa e n�o deveria haver qualquer problema nisto.
Deixando de lado o debate sobre a busca de juventude eterna, que n�o parece ter sido o objetivo do ator, o que a situa��o em quest�o nos mostra � que o modo como a sociedade encara as interven��es est�ticas femininas � muito diverso do modo como encara as masculinas. Provavelmente, se fosse uma mulher de 91 anos, como � o caso do ator, passando pelo mesmo procedimento, ela n�o seria v�tima de t�o severas cr�ticas e tampouco viraria meme.
Os estere�tipos de g�nero s�o constru��es sociais profundamente enraizadas em nossa sociedade, moldando as expectativas e normas impostas a homens e mulheres. Embora tenhamos avan�ado em muitos aspectos na busca pela igualdade de g�nero, � surpreendente como pouco progresso foi feito na altera��o dessas expectativas em rela��o ao masculino e ao feminino.
Segundo os estere�tipos do masculino e do feminino enraizados em nossas sociedades, quando uma mulher decide se submeter a procedimento est�tico, � comum que isto seja encarado como uma forma de cuidado pessoal, aceita��o social e at� mesmo de empoderamento. Muitas vezes a mulher � elogiada por sua coragem de assumir o controle de sua apar�ncia e se sentir bem consigo mesma. Por outro lado, quando um homem decide realizar procedimentos est�ticos semelhantes, frequentemente enfrenta cr�ticas e ridiculariza��o.
Essa disparidade reflete as expectativas sociais impostas a homens no que se refere � sua apar�ncia: que deve ser imut�vel. Enquanto a feminina pode ser flex�vel e pass�vel de aprimoramentos. Tais estere�tipos de g�nero t�m ra�zes profundas em nossa cultura, refor�ando a press�o para que os homens se enquadrem em uma imagem de virilidade, for�a e praticidade, sem qualquer espa�o para “futilidades”.
Os estere�tipos de g�nero s�o repetidos e refor�ados em nossas pr�ticas cotidianas. Por meio dessas reafirma��es as expectativas e as normas de masculinidade s�o constantemente reafirmadas e acabam por limitar a express�o e a liberdade dos homens. Essa rigidez na concep��o do masculino contribui para a cria��o de uma imagem estereotipada que exclui a possibilidade do cuidado com a apar�ncia.
A manuten��o dos estere�tipos, associada com uma vis�o limitada da situa��o coloca uma forte carga sobre os ombros dos homens, restringindo sua express�o e limitando suas op��es para buscar qualidade de vida, que foi o que St�nio Garcia achou ter conseguido com a interven��o que sofreu. � fundamental desconstruirmos os estere�tipos de g�nero ligados ao feminino e ao masculino, reconhecendo que os homens tamb�m t�m o direito de se cuidar, buscar melhorias est�ticas e refor�ar sua autoestima do melhor modo que lhes convier.