
A percep��o de exclusividade em torno do acesso trouxe � tona o debate sobre inclus�o e diversidade. E o que poderia ser uma fragilidade do Clubhouse, virou fermento para o que o aplicativo tem de melhor: propiciar conversas relevantes.
Rapidamente o time da plataforma se posicionou informando que j� foi iniciado o desenvolvimento do app para Android e que a acessibilidade para pessoas com defici�ncia auditiva tamb�m ser� incorporada. Al�m disso, deixaram bem claro que desde a origem est�o muito atentos para n�o tolerar racismo, discurso de �dio e abusos. Este cuidado � muito bem-vindo e pode ser uma vantagem competitiva em rela��o �s redes sociais que j� conhecemos, por vezes t�o exaustivas.
A aura do radioamador, com uma pitada de disque-amizade e a contemporaneidade dos podcasts
Depois de alguns dias explorando o Clubhouse, naturalmente surgem analogias a outras refer�ncias midi�ticas que trouxeram o �udio como elemento principal da conex�o entre as pessoas.
A plataforma � feita de salas tem�ticas criadas pelos pr�prios usu�rios. E dentro de cada sala, com capacidade para at� 5000 participantes, acontecem as conversas entre os convidados (speakers), enquanto os ouvintes podem a qualquer momento levantar a m�o para participar da conversa. Lembra mais uma comunidade do que uma audi�ncia. � tudo muito fluido, aut�ntico e � proibida a grava��o dos encontros.
Sempre ao vivo e n�o deixa rastros. Voc� pode seguir algu�m que considera interessante e acompanhar futuras conversas, mas n�o existem playlists nem timelines com o hist�rico do conte�do para assistir depois.
Quem sabe fala ao vivo, sem filtro nem edi��o
A instantaneidade � uma das caracter�sticas mais interessantes do Clubhouse. Cada pessoa constr�i sua relev�ncia pela contribui��o que traz para as conversas em tempo real, sem o verniz imag�tico das outras plataformas. E isso exige tempo e dedica��o.
N�o h� como terceirizar a presen�a para um time de social media ou produzir previamente os conte�dos para alimentar a rede depois. E essa identidade constru�da pela fala aut�ntica e pessoal traz um outro benef�cio coletivo: menor probabilidade de exist�ncia de bots e perfis falsos, pr�tica t�o recorrente nas outras redes.
Um ponto estimulante da centralidade do conte�do em �udio � redu��o do atrito para participar de uma conversa. Ningu�m precisa se preocupar com a roupa, penteado, maquiagem, cen�rio ou ilumina��o.
Surge um novo tipo de influenciador
Em meio a artistas, gurus digitais, jornalistas e figuras comuns que habitam as salas do ClubHouse em sua primeira onda, identificamos um perfil extremamente relevante para a flu�ncia das conversas: o moderador. Os debates mais proveitosos t�m acontecido quando h� algu�m dedicado a articular o espa�o de fala, conectando ideias e pessoas com diferentes perspectivas.
Em uma sala sobre marketing, com centenas de participantes, o fundador de uma foodtech que produz carnes � base de plantas fazia uma envolvente apresenta��o sobre seu neg�cio. Atento, o moderador percebeu a entrada de um executivo de uma famosa rede de fast food como ouvinte e rapidamente j� o convidou para participar da conversa, enriquecendo bastante a discuss�o sobre o futuro da alimenta��o.
Um encontro improv�vel e que dificilmente aconteceria em um evento tradicional. Viva a serendipidade da plataforma e a ast�cia do moderador.
Mais di�logo e menos autopromo��o, por favor
Nem tudo � m�sica para nossos ouvidos no Clubhouse . H� quem ignore que as salas s�o ambientes de conversa e entre em uma jornada eg�ica de autopromo��o, perdendo completamente o senso de di�logo. Felizmente s�o minoria e costumam se aglutinar em salas com nomes pretensiosos. Depois de alguns dias navegando pela plataforma, � poss�vel identificar este comportamento e se distanciar. Ainda assim, a rede � um ambiente prop�cio para networking a partir de afinidade de interesses.
O que vem por a�?
O est�gio atual do Clubhouse, ainda com cara de laborat�rio, tem sido uma oportunidade para que as pessoas e tamb�m as empresas identifiquem possibilidades futuras de intera��o.
Agendadas como eventos, as salas recorrentes brasileiras j� est�o se tornando frequentes na plataforma. Isso confirma que tem muita gente boa dedicando tempo e energia para conquistar autoridade e ampliar a base de seguidores.
Nas �ltimas semanas, v�rias marcas come�aram a promover encontros para debater sobre tem�ticas espec�ficas de interesse de seus p�blicos.
No Brasil, a grande expectativa � pela abertura da plataforma para dispositivos Android, que representam 90% dos celulares vendidos no pa�s. Al�m do crescimento do n�mero de usu�rios, veremos mais diversidade e caldo cultural para enriquecer as conversas e, at� mesmo, inova��o nas din�micas de uso das salas.
Pra quem for ingressar agora no Clubhouse, um lembrete: h� muitas salas simult�neas e, em algum momento, voc� vai se deparar com uma conversa desinteressante. Esta ser� a hora de recorrer ao bot�o leave quietly – em bom portugu�s, uma discreta sa�da � francesa em sua vers�o digital.