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Estado de Minas

Invas�o de javaporcos em Minas preocupa produtores rurais

Invas�o da esp�cie resultante do cruzamento de javalis com porcos dom�sticos � relatada em 91 cidades. For�a-tarefa discute solu��es, diante da destrui��o de lavouras e nascentes


postado em 20/08/2018 06:00 / atualizado em 21/08/2018 14:54

Em Minas, os ataques dos javaporcos provocam prejuízos nas propriedades(foto: Rafael Oliveira / Divulgação)
Em Minas, os ataques dos javaporcos provocam preju�zos nas propriedades (foto: Rafael Oliveira / Divulga��o)
Preocupa��o j� antiga de autoridades sanit�rias e ambientais brasileiras, a prolifera��o de javalis e javaporcos – esp�cie resultante do cruzamento de javali com porco dom�stico –, acende alerta em Minas Gerais. Com registro da presen�a desses animais nas regi�es Sul, Alto Parana�ba e no Tri�ngulo, a situa��o foge ao controle, diante dos problemas que esses invasores provocam, de devasta��o de lavouras, morte de pequenos animais, de filhotes de ovelhas e gado, assoreamento de rios e nascentes.

 

De acordo com a coordenadora da assessoria de meio ambiente da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Minas Gerais (Faemg), Ana Paula Bicalho de Mello, uma for�a-tarefa foi criada em parceria com a Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA) para solucionar os impactos dos ataques dos javalis e javaporcos. Eles j� s�o vistos no meio urbano e cada vez em maior n�mero.

 

“No fim dos anos 90 era comum encontrarmos fam�lias com cinco, 10 animais, e agora nos deparamos com bandos de at� 50 javalis e mesmo nos locais onde n�o aparecem, h� vest�gios crescentes”, destaca o engenheiro ambiental do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, Reinaldo dos Santos Rezende. Ele coletou diversos relatos de produtores rurais sobre danos �s propriedades e � cria��o nas fazendas.

 

Lavouras são arrasadas e não adiantou a prátic de alguns produtores do Alto Paranaíba de substituir a plantação de milho pelo sogro(foto: Sindicato dos produtores rurais de Sacramento)
Lavouras s�o arrasadas e n�o adiantou a pr�tic de alguns produtores do Alto Parana�ba de substituir a planta��o de milho pelo sogro (foto: Sindicato dos produtores rurais de Sacramento)

Segundo Reinaldo Rezende, na esperan�a de salvar as lavouras, muitos ruralistas de Sacramento, no Alto Parana�ba, substitu�ram a cultura do milho pela do sorgo. “Mas eles comem de tudo e mudaram o card�pio. H� associados do sindicato que aproveitaram apenas 10% do plantio de sorgo em suas propriedades”. As institui��es de meio ambiente e agroneg�cio t�m intensificado o trabalho, tanto no que se refere � pesquisa sobre a portabilidade e transmiss�o de patologias, quanto o comportamento e as op��es de controle dos javalis.

 

Contudo, faltam ainda muitos dados a respeito desses fatores, o que � preocupante do corte de verbas para a pesquisa e os setores ligados � preserva��o do meio ambiente, como alerta Lia Treptow Coswig, chefe da divis�o de sanidade su�dea (referente � esp�cie de porcos selvagens) do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa). “Os cortes de recursos nas �reas de prote��o ambiental t�m diminu�do o n�mero de funcion�rios, o que interfere nas pesquisas tanto nesses setores governamentais quanto nas universidades”.

 

N�o h� estimativa de quantos animais est�o soltos pelo pa�s. Na aus�ncia de controle populacional efetivo, sem predadores naturais e inverno rigoroso, eles se reproduzem durante todo o ano. A presen�a de bandos cada vez mais numerosos v�m sendo registrada principalmente nos estados do Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Em Minas, 91 munic�pios mineiros registraram a presen�a deles.

Doen�as A javalina se torna f�rtil antes de completar um ano de vida e a gesta��o dura por volta de tr�s meses, com cada f�mea podendo gerar at� 14 filhotes por ninhada. O consumo da carne do javali n�o � recomendado, uma vez que ela n�o � inspecionada pelos �rg�os de controle de sa�de animal. A venda e o transporte do animal morto tamb�m s�o proibidos. O javali pode ser portador e transmissor de doen�as para outros su�nos (tuberculose, brucelose, leptospirose), bovinos (brucelose e tuberculose) e tamb�m para o homem. Ele tamb�m pode ser veiculador de febre aftosa, como o Mapa adverte.

 

Esses animais se alimentam de quase tudo, atacam planta��es de milho, trigo, sorgo, gostam de arauc�ria e s�o predadores de ovelhas e bezerros, al�m de pequenos roedores e filhotes de outros animais e aves. T�m causado preju�zos em �reas de prote��o ambiental, onde destroem nascentes, uma vez que � h�bito da esp�cie pisotear as nascentes para formar barro onde se deitam, e acabam por enterr�-las e chafurdam terrenos em busca de ra�zes e tub�rculos.

OS PROBLEMAS

A��o do javaporco nas fazendas

» Destr�i lavouras;
» Riscos como reservat�rio e transmissor de muitas doen�as (Leptospirose e Febre Aftosa);
» Fu�a a vegeta��o nativa;
» Dispersa ervas daninhas;
» Desregula processos ecol�gicos (sucess�o vegetal e composi��o de esp�cies);
» Predador  (juvenis de tartarugas terrestres, tartarugas marinhas, aves marinhas e r�pteis end�micos).
» Para impactos s� de ordem ambiental, uma revis�o global listou 27 tipos de efeitos da a��o do animal

Fonte: Plano Nacional de Preven��o, controle e monitoramento do javali

ONDE ELES APARECERAM

Munic�pios mineiros com registro de maior incid�ncia da presen�a de javali

» �gua Comprida; Alterosa; Alto Capara�; Arax�; Bom Despacho; Bom Sucesso; Botelhos; Brasil�ndia de Minas; Brumadinho; Buritis; Cachoeira Dourada; Caiana; Caldas; Cambu�; Campestre; Campina Verde; Can�polis; Capara�; Capelinha; Capim Branco; Capin�polis; Capit�lio; Carangola; Carmo do Parana�ba; Carmo do Rio Claro; Carneirinho; Centralina; Concei��o das Pedras; Conquista; Coromandel; Divino; Dores�polis; Esmeraldas; Espera Feliz; Estrela do Sul; Extrema; Faria Lemos; Fortuna de Minas; Ibi�; Iguatama; Ijaci; Indian�polis; Itamarandiba; Itamonte; Ituiutaba; Iturama; Jacutinga; Jana�ba; Jequitib�; Jo�o Pinheiro; Lavras; Liberdade; Limeira do Oeste; Machado; Madre de Deus de Minas; Manhua�u; Manhumirim; Maravilhas; Minduri; Monte Alegre de Minas; Monte Carmelo; Munhoz; Nepomuceno; On�a de Pitangui; Oriz�nia; Ouro Fino; Papagaios; Par� de Minas; Passos; Patroc�nio; Pedra Dourada; Pedro Leopoldo; Perdizes; Perd�es; Piedade do Rio Grande; Pirangu�u; Piumhi; Po�os de Caldas; Prata; Ribeir�o Vermelho; Rio Manso; Rio Parana�ba; Sacramento; Santa Juliana; Santa Rita de Caldas; Santo Ant�nio do Monte; S�o Francisco de Sales; S�o Jo�o del Rei; S�o Roque de Minas; S�o Vicente de Minas; Serrania; Sete Lagoas; Tapira; Tiros; Tai�va; Tombos; Tupaciguara; Uberaba; Uberl�ndia; Una�; Varj�o de Minas

Fonte: Plano Nacional de Preven��o, controle e monitoramento do javali (publicado em 2017)

Ca�a e trato dif�cil nas fazendas

 

Estudos que levaram � cria��o do Plano Nacional de Preven��o, Controle e Monitoramento do Javali, desenvolvido pelos minist�rios do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, conclu�do em 2017, indicam que impactos socioecon�micos tiveram amplitude menor do que aqueles ambientais e “muito provavelmente dependentes do uso e aptid�o agr�cola regional”. O impacto mais comum ocorreu em lavoura de milho.

 

Ataque em cultura de milho � tamb�m um potencial problema social, apontam os estudos, porque pode danificar proporcionalmente mais �reas em lavouras pequenas, de agricultores familiares, que podem perder at� 100% de suas planta��es. H� registros de ataque de javalis em floresta com Arauc�ria, no Sul do Brasil, e perdas significativas na ovinocultura por preda��o de cordeiros.

 

O Plano descreve a chegada desses animais, origin�rios da Europa e �sia, ao continente sul-americano. De acordo com Lia Coswig, do Mapa, nos anos 90, houve grande difus�o em territ�rio nacional de informa��es sobre a qualidade da carne do animal e de uma suposta facilidade da cria��o do javali e retorno econ�mico positivo, comparado ao do porco dom�stico.

 

“Eles s�o bem diferentes dos su�nos; s�o mais agressivos, n�o d� para criar nas mesmas condi��es e instala��es dos porcos dom�sticos e ent�o as pessoas viram que era um animal de trato mais dif�cil e come�aram a soltura por n�o ter como mant�-lo presos” explica a chefe da unidade do Mapa. Alguns javalis foram capados e outros escaparam.

 

A dissemina��o al�m da fronteira sul se deu tamb�m por meio de pessoas que passaram a levar o bicho para as regi�es centro-oeste e sudeste, com o objetivo de ca�a (at� ent�o proibida pela legisla��o brasileira) promovendo descontrole sobre essa popula��o. “Quase n�o temos mais javalis puros, os animais s�o resultado de cruzamento com o porco, s�o os su�dios asselvajados (javaporco)”, pontua Lia, que reconhece que o controle n�o tem sido efetivo.

 

Em 1998, o Ibama (Portaria 102/98) proibiu a implanta��o de criadouros de javalis no Brasil estabelecendo o prazo de 180 dias para que os j� instalados regularizassem sua situa��o no �rg�o. Em 2008, uma instru��o normativa (IN 169/2008) estabeleceu prazo de tr�s anos (at� 20/02/2011) para os criadouros encerrarem suas atividades. Esse prazo foi prorrogado (IN nº 07/2010) at� 1º de mar�o de 2013. Assim, todos os criadouros j� deveriam estar fechados. Por�m, ainda existem alguns em funcionamento devido a decis�es judiciais.


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