Pesquisa de universidade mineira revoluciona produ��o de carne
Dados in�ditos da Universidade Federal de Uberl�ndia testa a t�cnica da aduba��o foliar, com resultados em apenas um ciclo produtivo e vantagens no desenvolvimento da planta
A maior parte da carne bovina produzida no Brasil � de animais criados no pasto, seja em sistemas intensivos, seja nos rotacionados. O investimento na pastagem compreende ferramenta para aumentar os lucros, assim como o melhoramento gen�tico dos bovinos de corte e leite. Os pecuaristas mais atentos aos avan�os tecnol�gicos t�m optado pela aduba��o foliar, cuja pesquisa cient�fica comprovou efic�cia no curto prazo, em apenas um ciclo produtivo.
A t�cnica consiste na aplica��o de nutrientes por meio das folhas com o uso de pulveriza��o. O processo visa corrigir a fertilidade da terra, principalmente no que se refere � defici�ncia de nutrientes, como nitrog�nio, f�sforo, zinco, mangan�s e boro, elementos essenciais ao desenvolvimento da planta. A import�ncia da aduba��o foliar foi testada por meio de pesquisa in�dita, realizada pelo Grupo de Pesquisa em Forragicultura (Gepfor), da Universidade Federal de Uberl�ndia (UFU), no Tri�ngulo.
O estudo teve como objetivo estimular o crescimento do pasto durante o per�odo seco – algo que n�o ocorreria naturalmente – e tamb�m melhorar a rebrota no in�cio das chuvas. Um dos elementos testados foi o adubo foliar, com �leo � base de casca de laranja. O experimento foi realizado durante um ano com duas coletas, uma no in�cio do per�odo seco e outra no in�cio do per�odo das chuvas. O resultado final do trabalho mesclou as duas coletas.
Segundo o coordenador do estudo, o professor da UFU Leandro Martins Barbero, os testes mostraram que as quantidades de fertilizantes apresentam diferen�as na aduba��o foliar. “Dois litros de fertilizante foliar que contenham 20% de nitrog�nio renderiam 400 gramas do nutriente por hectare, enquanto 100 quilos de ureia equivaleriam a 45 quilos de nitrog�nio na mesma �rea. Do ponto de vista qu�mico � imposs�vel substituir”, observa Martins Barbero.
Na pesquisa, foram testados quatro tratamentos comparativos: um de controle, sem aplica��o de qualquer adubo; um segundo com adubo de ureia (110kg/ha) em aplica��o �nica; outro tamb�m com aplica��o �nica, mas que recebeu apenas 21kg/ha de adubo foliar a base de �leo essencial de casca de laranja (o chamado “oro-grass"), e um �ltimo tratamento, no qual foram utilizados tanto ureia (110kg/ha) quanto oro-grass (21/ha). O pasto de controle produziu 1,6 tonelada de mat�ria seca por hectare, enquanto o pasto com o uso do �leo � base de casca de laranja atingiu 2,4 toneladas. J� o composto ureia acrescido de oro-grass gerou quase 3,5 toneladas por hectare.
A pesquisa tamb�m identificou efeito residual da aplica��o dos produtos na rebrota da pastagem, no in�cio da esta��o das �guas, em outubro, com o melhor desenvolvimento da planta, em especial do sistema radicular. O resultado foi a produ��o de uma tonelada de mat�ria seca no controle (sem aplica��o de adubo) e 1,6 tonelada com o uso do composto de ureia com o �leo oriundo da casca de laranja.
Pulveriza��es A aduba��o foliar consiste na aplica��o de nutrientes nas folhas por meio da pulveriza��o. Ela pode ser realizada por meio de trator, aeronave ou de pulverizadores costais. O professor Leandro Barbero afirma que para obter maior efici�ncia, a pulveriza��o deve ocorrer nas horas em que houver mais frescor no dia. “Nunca se deve adubar com pasto sob estresse h�drico”, destaca o especialista. Ele observa tamb�m que a aduba��o foliar n�o exclui a necessidade da aduba��o de base, que ocorre no solo.
Em pastejo cont�nuo, explica o pesquisador, o adubo foliar pode ser pulverizado a qualquer momento, desde que respeitadas as condi��es anteriores. No caso de pastejo rotativo, � necess�rio aguardar alguns dias para a rebrota do capim. De forma pr�tica, para a Brachiaria, considera-se a rebrota com altura de cinco cent�metros das folhas jovens; e para o capim da variedade panicum momba�a, a altura de 10 cent�metros.
De forma geral, uma maneira vantajosa de utilizar fertilizantes foliares pode ser associando-os aos herbicidas. Em sistemas intensivos de produ��o a pasto, a aplica��o pode ser feita ap�s as aduba��es de base com nitrog�nio, f�sforo e pot�ssio, com o objetivo de potencializar o desenvolvimento do capim.
Custos e retorno por hectare
Durante o trabalho de pesquisa na Unversidade de Uberl�ndia, foram avaliados os custos e a vantagem financeira da aduba��o foliar. Considerando-se o pre�o do produto somado � despesa operacional, foi verificado custo menor com o oro-grass, de R$ 80 por hectare, diante de receita bruta estimada de R$ 1.230,61. A op��o pela ureia representaria gasto de R$ 183 por hectare e receita de R$ 1.375,81. J� com o composto ureia/oro-grass, o custo seria de R$ 263 por hectare e o retorno bruto de R$ 1.701,02. O tratamento de controle n�o envolve desembolso e permite receita de R$ 931,50.
Levando-se em conta a receita bruta subtra�da dos custos, cada um dos pastos gerou os seguintes resultados: R$ 846,02/hectare no tratamento controle; R$ 1.250,87/ha no tratamento com ureia; R$ 1.119,85/ha no tratamento com oro-grass e R$ 1.547,81/ha no tratamento com o composto ureia e oro-grass.
Desta forma, como explica o professor Leandro Martins Barbero, uma propriedade com 100 hectares de pastagens consegue os seguintes ganhos, ao investir na tecnologia da aduba��o por pulveriza��o: R$ 40.485 com uso de ureia; R$ 27.383 com o oro-grass, podendo-se ainda obter R$ 70.179 em caso de aplica��o do composto ureia/oro-grass.
“Esses n�meros da pesquisa da universidade de Uberl�ndia comprovam que o adubo foliar se paga e proporciona margens interessantes. O investimento apenas no adubo foliar � base do �leo essencial da casca de laranja j� devolveu um bom dinheiro e quando associado com ureia atingiu seu lucro m�ximo”, avalia o engenheiro-agr�nomo Ricardo Frugis, representante da �rea de pastagem da Oro Agri Brasil, multinacional fabricante do �leo produzido � base da casca de laranja. Frugis cedeu o produto para a pesquisa na UFU.
Presente no Brasil desde 2008, com f�brica em Arapongas (PR), a companhia det�m a patente mundial do uso do �leo essencial da casca de laranja na agricultura e pecu�ria. A empresa atua em 23 pa�ses, com opera��es nos Estados Unidos, Europa, �sia, �frica e Oceania.
Nutri��o eficiente garantida
O �leo essencial � base de casca de laranja foi descoberto por uma multinacional da �frica do Sul, que usava o produto para extra��o de min�rio. Desde que o potencial do produto foi identificado, o �leo para a agricultura e pecu�ria se tornou patente da fabricante global Oro Agri. Representante da companhia no Brasil, o engenheiro-agr�nomo Ricardo Frugis ressalta que o adubo tem uma s�rie de vantagens, entre elas a nutri��o da planta.
A solu��o proporciona um sistema radicular mais vigoroso e alt�ssima efici�ncia na absor��o. Os nutrientes s�o rapidamente assimilados e aproveitados pelas plantas. Por esse motivo, ressalta Rodrigo, chuvas que ocorrem 15 minutos ap�s a aplica��o n�o prejudicam a efici�ncia do produto.
O primeiro objetivo da t�cnica � eliminar as defici�ncias de nutrientes do solo, que n�o podem ser supridas pela chamada aduba��o de base, aquela convencional. Ele destaca que a aduba��o foliar tamb�m permite a aplica��o de produtos bioestimulantes (�cidos f�lvicos e h�micos, amino�cidos e horm�nios de crescimento), que fazem com que a planta tenha mais enraizamento. “O maior enraizamento possibilita que a planta consiga buscar mais nutrientes e mais �gua no subsolo, tornando-a mais resistente � escassez de �gua. Assim, o resultado � a maior produ��o de massa para a planta e, consequentemente, mais produtividade”, diz Frugis.
Os resultados do investimento na tecnologia s�o obtidos na pr�pria safra em quest�o, pois a resposta do adubo foliar se d� em torno de 30 dias ap�s aplicado. Por�m, ele continua agindo ap�s a safra, de forma indireta, ao estimular o sistema radicular da planta, que, uma vez bem manejada, ter� maior longevidade, aumentando, assim, a sua vida �til.