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Estado de Minas ENTENDA A DIFEREN�A

O que muda se a pandemia da COVID-19 for rebaixada para endemia?

Especialistas acreditam que a situa��o da doen�a no Brasil ainda exige cautela


17/03/2022 17:00 - atualizado 17/03/2022 18:21

Coronavírus e homem de máscara
COVID-19 deixar de ser uma pandemia n�o significa que a doen�a est� controlada, dizem especialistas (foto: Pixabay/reprodu��o )
No in�cio de mar�o, o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou que o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, estuda rebaixar o status da COVID-19 no Brasil de pandemia para endemia, “em virtude da melhora do cen�rio epidemiol�gico”. Nessa quarta-feira (16/3), Bolsonaro voltou a falar do tema ao dizer que a portaria que prev� esse rebaixamento deve ficar pronta ainda neste m�s

 

 


“A ideia � que at� o dia 31, � a ideia dele (Queiroga), passar de pandemia para endemia e voc�s v�o ficar livres da m�scara em definitivo", afirmou o presidente, em entrevista � TV Ponte Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte. 
 

A classifica��o foi determinada em mar�o de 2020 pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Pandemia � o n�vel mais grave de dissemina��o de uma doen�a e a escala da OMS inclui ainda os termos endemia, epidemia e surto.

“A pandemia ocorre quando alguma doen�a, geralmente que n�o se conhecia antes, acomete grande parte do planeta. � um fen�meno global. J� a endemia � usada para doen�as que existem de uma forma cr�nica, em alguns locais no pa�s. Por exemplo, no Brasil, n�s temos regi�es end�micas de esquistossomose, doen�a de Chagas”, explica o epidemiologista Geraldo Cunha Cury. 
 
 

Cury afirma que a mudan�a de status da doen�a deve levar em considera��o crit�rios t�cnicos. “N�o � por decreto ou portaria que se muda de pandemia para endemia. � lament�vel que se pense dessa forma. A OMS ontem j� deixou bem claro que para a pandemia terminar � preciso que aconte�a no mundo todo, n�o tem como acabar em um pa�s e n�o no outro. Isso n�o existe, pois (a COVID) � uma doen�a de grande difus�o. N�o combinaram com os v�rus.”

A professora de Farmacologia da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) e coordenadora do centro SOU Ci�ncia, Soraya Smaili, concorda. 

“N�o cabe a um governo ou governante estabelecer se tem uma pandemia ou n�o. O conceito de pandemia n�o � determinado pelo governo. Isso vem a partir de uma an�lise muito criteriosa feita por organismos internacionais reguladores. A OMS apenas constata uma pandemia a partir dos dados dos pa�ses. Essa an�lise � feita com base no n�mero de casos, �bitos e transmiss�o. Tudo isso deve ser observado criteriosamente para dizer que uma doen�a est� sob controle e deixou de ser pandemia.”

“N�o precisamos entrar nesse debate. Para mim isso � in�cuo, in�til, n�o passa de um fato pol�tico. N�o tem sentido. � poss�vel mudar um pouco as estrat�gias e as pol�ticas de uso de m�scaras em ambientes externos, independentemente de ser pandemia ou endemia”, completa.

Mudan�a n�o significa fim das medidas de preven��o


A professora ressalta que o fato de ser considerada uma endemia n�o torna a situa��o menos grave. “Se passarmos para uma situa��o end�mica significa que vamos conviver com esse v�rus. Ele vai estar presente. Em alguns momentos vai haver um crescimento no n�mero de casos, em outros diminui��o. Mas passar de pandemia para endemia n�o significa que est� tudo bem.” 

Segundo ela, para deixar de adotar o uso de m�scaras, testes e outras pol�ticas p�blicas em rela��o � doen�a, independe se a doen�a � considerada pandemia ou endemia. 

“A pol�tica p�blica visa a sa�de da popula��o. Se no Brasil, o n�mero de casos estiver elevado e no resto do mundo n�o, n�s teremos que usar m�scaras. N�o � isso que determina, por exemplo, a retirada do uso de m�scaras. O que determina a flexibiliza��o das medidas sanit�rias � o n�mero de casos, a taxa de transmiss�o e o n�mero de �bitos, al�m de outros fatores.”

O epidemiologista lembra tamb�m que a queda na contamina��o se deve ao avan�o da vacina��o. 
 
“Observamos que os casos t�m diminu�do, certamente em fun��o do grande n�mero de pessoas que j� est�o vacinadas com as duas doses e com a dose de refor�o. Temos assistido a mudan�as nas a��es governamentais dos v�rios n�veis: municipais, estaduais e federal. Muitas cidades tiraram a obrigatoriedade de m�scaras na rua, inclusive Belo Horizonte. Outras tiraram na rua e em locais fechados, como o Rio de Janeiro fez.”

Mas, de acordo com ele, essa pode ser uma atitude arriscada. “Daqui a um m�s mais ou menos vamos saber das consequ�ncias disso. S�o coisas que, em princ�pio, n�o deveriam acontecer. A doen�a est� diminuindo em muitos pa�ses e aumentando em outros. Na pr�pria China vemos que tem aparecido casos da doen�a em grande quantidade.”

Momento ainda exige cautela

Cury alerta que, apesar dos avan�os, o momento ainda � complicado.

“� preciso que as pessoas se vacinem, usem m�scaras em locais fechados, mantenham o distanciamento. S�o medidas que ainda s�o importantes porque a doen�a est� presente. N�o sabemos como v�o se comportar as novas variantes. Em princ�pio parece ser tranquilo, mas n�s ainda n�o temos nenhuma certeza sobre isso.”

J� Soraya explica que a COVID-19 ainda est� longe da situa��o de controle no pa�s.  

“Para dizermos que a transmiss�o do coronav�rus est� sob controle, � preciso ter algumas muitas semanas de taxa de transmiss�o baixa. Depende do lugar tamb�m, o Brasil tem dimens�es continentais. Ent�o pode haver uma situa��o de controle em um estado e no outro n�o. Isso tamb�m precisa ser analisado com muita calma. � a ci�ncia que determina se tem endemia ou pandemia, s�o os dados e as evid�ncias cient�ficas.”

Para o epidemiologista, na medida em que a transmiss�o da doen�a diminui, � natural haver um relaxamento em rela��o a v�rios fatores. “Mas, o uso da m�scara para determinadas pessoas vai ser mantido sempre: pessoas com comorbidades, que sofrem de doen�as pulmonares, com problemas s�rios de imunodefici�ncia. Para evitar infec��es respirat�rias em geral.”
 
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie. 


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