
Em 2021, Belo Horizonte foi a capital do pa�s com maior frequ�ncia de diagn�sticos de depress�o em mulheres. � o que revela um estudo realizado pela Vigitel e reconhecido pelo Minist�rio da Sa�de: o �ndice da doen�a entre elas na capital mineira foi de 23,3%.
O levantamento aponta ainda que Belo Horizonte tamb�m � a segunda capital do pa�s com mais casos de depress�o entre os adultos no ano passado, com 17,15% de diagn�sticos confirmados. O primeiro lugar ficou com Porto de Alegre (RS), onde 17,49% dos entrevistados relataram ter a doen�a.
A pandemia trouxe, inegavelmente, muitos conflitos para o dia a dia da mulher, o que pode ter contribu�do para esse cen�rio. "A gente tem visto um aumento da cobran�a das pessoas em torno de si mesmas. Isso sem falar do aumento do medo, trazido pelo coronav�rus, junto a uma sensa��o de inseguran�a diante das possibilidades e do futuro", afirma a psic�loga Adriana Pedrosa.
Al�m disso, a profissional, que pertence � equipe multidisciplinar da Cetus Oncologia, destaca a import�ncia de saber lidar com a chamada "falta de controle" e entender as fraquezas e fragilidades comum a todos. "Essa necessidade de 'pseudo-controle' que n�s temos, traz uma falsa sensa��o de que tudo est� nos eixos, quando na verdade n�o est�. E a pandemia escancarou isso".
Assim como Adriane, a psiquiatra do Hospital Semper, Nayara Zinato, acredita no fator pandemia como explica��o para o aumento dos casos de depress�o, mas acrescenta que as mulheres tamb�m procuram mais ajuda e atendimento m�dico. Logo, os casos entre elas aparecem mais nas estat�sticas.
"Podemos pensar que as mulheres podem sim ter mais fatores de risco relacionados � depress�o, mas tamb�m acabam procurando com mais frequ�ncia os servi�os de sa�de mental. � algo que ainda n�o sabemos ao certo, mas estamos em pesquisa para buscar as justificativas", pontua.
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A sociedade machista, na qual predominam conceitos ultrapassados sobre as mulheres, tamb�m acabam gerando uma sobrecarga nelas, o que afeta a sa�de mental. A psiquiatra elenca alguns fatores da pandemia que deixou a mulher predisposta a ter mais diagn�sticos de depress�o como, cuidar dos filhos, cumprir com as demandas da empresa no home-office e ainda administrar as tarefas do lar.
"� preciso muito equil�brio para suportar todas essas emo��es. Todos esses fatores juntos, sem o m�nimo de apoio do parceiro, podem predispor a mulher a ter mais diagn�sticos de depress�o. Isso sem falar do pr�prio medo de pegar COVID-19", comenta.
Assumir as fraquezas e ter aten��o aos sinais
Em uma sociedade que cada vez mais estimula a competitividade e a cobran�a, a psic�loga Adriane Pedrosa defende a import�ncia das mulheres romperem com o r�tulo de "super-mulheres", e serem realistas em rela��o �s situa��es do dia a dia, assumindo suas vulnerabilidades e fraquezas.
"N�o temos e nem devemos ter a obriga��o de achar que damos conta de tudo. Todos n�s temos um limite e devemos respeit�-lo. � fundamental delegar fun��es, pois vivemos, sobretudo, em comunidade, seja dentro ou fora de casa. Quando n�o entendemos at� onde podemos ir, as possibilidades de frustra��es aumentam, o que, certamente pode desencadear em danos � sa�de mental", explica.
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Nayara Zinato, por sua vez, recomenda aten��o aos primeiros sinais da depress�o, que incluem:
- Sentimento de culpa;
- Perda de motiva��o;
- Sensa��o e vazio;
- Apatia;
- Olhar excessivamente negativo sobre as coisas;
- Cansa�o;
- Falta de energia;
- Fala e pensamento lentos;
- Perda de concentra��o;
- Dist�rbios do sono e diminui��o da libido.
"A pessoa com sintomas de depress�o parece colocar �culos que a fazem enxergar tudo em preto e branco", declara a psiquiatra.
Ao perceber os sinais, tanto a psiquiatra quanto a psic�loga s�o enf�ticas em indicar a procura pelo atendimento de sa�de mental o quanto antes. "Uma pessoa que tenha esses sinais deve procurar ajuda especializada sem vergonha ou receio. O tratamento � multidisciplinar e a pessoa [com depress�o] n�o pode jamais se sentir s�. Ela precisa de apoio, de abra�os, de acolhimento. Com a ajuda daqueles que a amam, tudo fica mais leve e menos penoso", finaliza Nayara.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.