Interromper a menstrua��o pode ajudar na qualidade de vida?

 

 O professor e doutor em ginecologia da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais (FCMMG), Walter Pace, explica que para muitas mulheres a supress�o da menstrua��o ainda � um assunto que envolve alguns tabus: "Resist�ncia associada a fatores culturais e � falta de informa��o podem influenciar na decis�o da mulher de bloquear ou n�o a menstrua��o, mesmo quando surgem sintomas que interferem na qualidade de vida." 

 

Walter Pace destaca que o tema ganhou notoriedade no Brasil e no mundo a partir dos estudos de Elsimar Coutinho, professor e doutor em ginecologia e cientista renomado que, com pioneirismo, defendeu a ideia de que a menstrua��o ï¿½ um sangramento desnecess�rio ou in�til. "Entre suas contribui��es para a ci�ncia destacam-se “Is Menstruation Obsolete?” (A Menstrua��o � Obsoleta?”), publicado pela Oxford University Press, e “Menstrua��o, a sangria in�til” - em que revelou como a supress�o menstrual pode contribuir para a sa�de das mulheres." 

 

� durante o ciclo menstrual que o corpo se prepara para a gravidez. A menstrua��o corresponde ao processo de descama��o do endom�trio (membrana interna do �tero) quando n�o h� a fecunda��o do �vulo pelo espermatozoide. A camada espessa, formada durante o per�odo de prepara��o da gesta��o desprende-se da parede uterina ocasionando o sangramento.

Ainda � nesta fase que ocorrem importantes mudan�as no organismo feminino devido �s oscila��es hormonais. "Os horm�nios trazem, muitas vezes, uma s�rie de manifesta��es cl�nicas que podem propiciar altera��es emocionais. Como eles (horm�nios) v�o mudando durante o m�s, os n�veis aumentam e diminuem, o que faz com que haja altern�ncia de comportamento da mulher."

A mudan�a de comportamento, ali�s, � um dos fatores, conforme Walter Pace, que tem incentivado mulheres a buscarem tratamento para suspender a menstrua��o, "pois o bloqueio do ciclo menstrual favorece o equil�brio no comportamento feminino que, naturalmente, � afetado por conta de intensas varia��es hormonais."

Outro fator que merece ser enfatizado, lembra Walter Pace, � que a menstrua��o pode causar consequ�ncias � sa�de: "Quando o sangramento ocorre em excesso, n�o � raro o surgimento de anemias e doen�as infecciosas."

Walter Pace diz que existe uma s�rie de doen�as que s�o horm�nio dependentes, ou seja, quando n�o h� o equil�brio dos horm�nios elas podem ficar mais prevalentes ou evolu�rem rapidamente, principalmente, o estrog�nio, que estimula a forma��o e o agravamento de doen�as tais como, a endometriose, a miomatose, hiperplasia doen�as de mama, entre outras.

"A supress�o menstrual deve ser indicada nos casos em que a mulher apresenta sintomas que inviabilizam ou pioram a sua qualidade de vida, a exemplo de sangramento excessivo, tens�o pr�-menstrual (TPM), oscila��es significativas de humor e as doen�as horm�nio dependentes – j� mencionadas. Interromper esse processo pode prevenir doen�as que prevalecem quando as mulheres menstruam."

Walter Pace afirma que h� muitas formas de suspender a menstrua��o. "A mais conhecida � por meio da utiliza��o de p�lulas anticoncepcionais. Em muitos casos, as mulheres recorrem a esse tratamento com o intuito de se livrar dos sintomas caracter�sticos dessa fase, com as c�licas e a tens�o pr�-menstrual, a TPM. No entanto, tamb�m h� situa��es em que a supress�o menstrual � indicada com o prop�sito de reduzir os riscos de doen�as horm�nio dependentes mais graves, como por exemplo, a endometriose, o c�ncer de �tero e de ov�rio."

Como tudo evolui, Walter Pace destaca que hoje existem in�meras alternativas medicamentosas capazes de diminuir os efeitos colaterais proporcionados pelo uso di�rio das p�lulas. "Os mais eficazes s�o os implantes hormonais e o DIU. Os implantes hormonais nada mais s�o do que uma via de administra��o de horm�nios."