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Estado de Minas 'FILME DE TERROR'

A revers�o dos polos magn�ticos que causou o fim dos neandertais

A invers�o geomagn�tica desencadeou uma s�rie de eventos dram�ticos, desde a destrui��o da camada de oz�nio at� uma mudan�a violenta nos padr�es clim�ticos da Terra.


26/02/2021 09:46 - atualizado 26/02/2021 11:54


As mudanças magnéticas causaram eventos dramáticos com fortes consequências para o nosso planeta(foto: Getty Images)
As mudan�as magn�ticas causaram eventos dram�ticos com fortes consequ�ncias para o nosso planeta (foto: Getty Images)

H� 42 mil anos, o mundo enfrentou alguns s�culos de condi��es apocal�pticas causadas por uma revers�o dos polos magn�ticos da Terra combinada com mudan�as no comportamento do Sol.

Essa � a principal descoberta de nosso novo estudo multidisciplinar, publicado na revista Science.

Esta �ltima grande revers�o geomagn�tica desencadeou uma s�rie de eventos dram�ticos que tem consequ�ncias de longo alcance para o nosso planeta.

O que se desenrolou parecia o enredo de um filme de terror: a camada de oz�nio foi destru�da, tempestades el�tricas varreram os tr�picos, ventos solares geraram espet�culos de luz (auroras), o ar �rtico se espalhou pela Am�rica do Norte, os mantos de gelo e geleiras aumentaram e os padr�es clim�ticos mudaram violentamente.

Durante esses eventos, a vida na Terra foi exposta � intensa luz ultravioleta. Neandertais e a megafauna foram extintos, enquanto os humanos modernos encontraram prote��o em cavernas.


Durante séculos de condições apocalípticas, os Neandertais foram extintos(foto: Getty Images)
Durante s�culos de condi��es apocal�pticas, os Neandertais foram extintos (foto: Getty Images)

O polo norte magn�tico, para onde a agulha da b�ssola aponta, n�o tem localiza��o permanente. Na realidade, geralmente oscila perto do polo norte geogr�fico — o ponto em torno do qual a Terra gira — ao longo do tempo devido aos movimentos dentro do n�cleo do planeta.

Por raz�es que ainda n�o est�o totalmente claras, os movimentos dos polos magn�ticos �s vezes podem ser mais extremos do que uma simples oscila��o. Uma das migra��es mais dram�ticas desses polos ocorreu h� cerca de 42 mil anos e � conhecida como o evento Laschamps, em homenagem � cidade francesa onde foi descoberto.

O evento Laschamps tem sido observado em todo o mundo, inclusive recentemente a ocorr�ncia foi verificada na Tasm�nia, Austr�lia. Mas, at� agora, n�o estava claro se essas mudan�as magn�ticas tiveram algum impacto no clima e na vida no planeta.

Nosso novo trabalho re�ne v�rias evid�ncias, sugerindo fortemente que os efeitos foram globais e de longo alcance.

�rvores kauri


Para investigar o que aconteceu, analisamos as antigas �rvores Kauri da Nova Zel�ndia, que foram preservadas em turfas e outros sedimentos por mais de 40 mil anos.


As árvores kauri da Nova Zelândia revelaram um aumento prolongado nos níveis de radiocarbono atmosférico causado pelo colapso do campo magnético da Terra quando os polos mudaram(foto: Getty Images)
As �rvores kauri da Nova Zel�ndia revelaram um aumento prolongado nos n�veis de radiocarbono atmosf�rico causado pelo colapso do campo magn�tico da Terra quando os polos mudaram (foto: Getty Images)

Usando os an�is de crescimento anual das �rvores kauri, fomos capazes de criar uma escala de tempo detalhada de como a atmosfera da Terra mudou durante este per�odo.

As �rvores revelaram um aumento prolongado nos n�veis de radiocarbono atmosf�rico causado pelo colapso do campo magn�tico da Terra quando os polos mudaram. Isso forneceu uma maneira de vincular com precis�o registros amplamente dispersos geograficamente.

"As �rvores kauri s�o como a Pedra de Roseta, ajudando-nos a juntar os registros das mudan�as ambientais em cavernas, n�cleos de gelo e turfas ao redor do mundo", diz o professor Alan Cooper, que co-lidera este projeto de pesquisa.

Usando a escala de tempo rec�m-criada, pudemos mostrar que os cintur�es de chuva do Pac�fico tropical e os ventos ocidentais do Oceano Ant�rtico mudaram abruptamente ao mesmo tempo, causando condi��es �ridas em lugares como a Austr�lia.

Por sua vez, uma variedade de megafauna, incluindo os cangurus gigantes e wombat�deos, foi extinta.


A inversão dos polos magnéticos também causou a extinção dos cangurus gigantes(foto: Getty Images)
A invers�o dos polos magn�ticos tamb�m causou a extin��o dos cangurus gigantes (foto: Getty Images)

Mais ao norte, a vasta camada de gelo Laurentide cresceu rapidamente no leste dos Estados Unidos e no Canad�, enquanto na Europa os neandertais foram extintos.

Modelo clim�tico

Trabalhando com um programa de computador que simulava intera��es globais entre a qu�mica e o clima, investigamos o impacto de um campo magn�tico mais fraco e as mudan�as na for�a do Sol.

� importante ressaltar que, durante a mudan�a magn�tica, a intensidade do campo caiu para menos de 6% do que � hoje. Uma b�ssola daquela �poca teria dificuldade em encontrar o norte.

Sem nenhum campo magn�tico, nosso planeta perdeu completamente seu escudo eficaz contra a radia��o c�smica e muitas part�culas penetrantes do espa�o entraram na parte superior da atmosfera.

Al�m disso, o Sol experimentou v�rios "grandes m�nimos solares", durante os quais a atividade foi muito menor, mas tamb�m mais inst�vel, enviando in�meras explos�es solares massivas que permitiram que poderosos raios c�smicos ionizantes atingissem a Terra.


O Sol experimentou vários
O Sol experimentou v�rios "grandes m�nimos solares", durante os quais sua atividade foi muito menor, mas tamb�m mais inst�vel (foto: Getty Images)

Nossos modelos mostraram que essa combina��o de fatores teve um efeito amplificador.

Raios c�smicos de alta energia da gal�xia e tamb�m enormes explos�es de raios de erup��es solares foram capazes de penetrar na alta atmosfera, carregando as part�culas no ar e causando mudan�as qu�micas que causaram a perda de oz�nio estratosf�rico.

As simula��es entre qu�mica e clima s�o consistentes com os movimentos ambientais observados em muitos arquivos de mudan�as clim�ticas naturais.

Essas condi��es tamb�m teriam espalhado os espet�culos de luzes deslumbrantes da aurora pelo mundo; por vezes as noites podiam ser t�o claras quanto o dia.

Sugerimos que mudan�as dram�ticas e altos n�veis sem precedentes de radia��o ultravioleta levaram os primeiros humanos a buscar ref�gio em cavernas, o que explica o aparente florescimento repentino da arte rupestre em todo o mundo h� 42 mil anos.

Deve ter parecido o fim dos dias.

O evento Adams

Devido � coincid�ncia de eventos c�smicos aparentemente aleat�rios e mudan�as ambientais extremas encontradas em todo o mundo h� 42 mil anos, chamamos esse per�odo de "Evento de Adams", uma homenagem ao grande escritor de fic��o cient�fica Douglas Adams.


Douglas Adams, autor de
Douglas Adams, autor de "Guia do Mochileiro das Gal�xias" (foto: Getty Images)

Adams escreveu "O Guia do Mochileiro das Gal�xias" e identificou "42" como a resposta para a vida, o universo e tudo mais.

Douglas Adams realmente gostava de algo grande e o mist�rio que resta � como ele sabia disso.

* Este artigo foi escrito por Chris Fogwill, Professor de Glaciologia e Paleoclimatologia na Universidade Keele; Alan Hogg, acad�mico da Universidade de Waikato; Chris Turney, professor de Ci�ncias da Terra e Mudan�as Clim�ticas; e Zo� Thomas, membro do Australian Research Council. O artigo apareceu originalmente no The Conversation e � publicado aqui sob uma licen�a Creative Commons.

Leia o artigo original aqui.


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