
"N�o sab�amos quantos ir�amos encontrar e estamos animados por ter identificado tantos", enfatiza, em comunicado, N�ria Miret-Roig, pesquisadora do Laborat�rio de Astrof�sica da Universidade de Bordeaux, na Fran�a, e principal autora do estudo. A cientista explica que planetas flutuantes s�o dif�ceis de serem rastreados, j� que ficam distantes de estrelas, ou seja, no escuro, dificultando, assim, a capta��o de suas imagens.
Para contornar esse problema, Miret-Roig e sua equipe testaram um m�todo novo e se aproveitaram do fato de que, nos poucos milh�es de anos ap�s a sua forma��o, esses planetas ainda s�o quentes o suficiente para brilhar, o que os torna diretamente detect�veis por c�meras sens�veis em grandes telesc�pios. "Medimos os min�sculos movimentos, as cores e a luminosidade de dezenas de milh�es de imagens de uma grande �rea do c�u. Essas medi��es nos permitiram identificar com seguran�a os objetos mais fracos nessa regi�o, esses planetas rebeldes", detalha.
Os planetas flutuantes foram identificados na regi�o Upper Scorpius OB, que est� a 420 anos-luz da Terra. Essa �rea cont�m v�rias das nebulosas (nuvens formadas por poeira c�smica) mais famosas, incluindo a Rho Ophiuchi, a Nebulosa do Pipe, Barnard 68 e o Coalsack. At� 3.455 candidatos a objetos c�smicos significativos foram identificados na an�lise, dos quais pelo menos 70 e at� 170 objetos do tamanho de J�piter podem ser considerados planetas �rf�os.
Os astr�nomos relatam que n�o � poss�vel fechar um n�mero exato de planetas devido a incertezas relacionadas � idade presumida da regi�o e � massa dos objetos. "Pudemos inferir as massas individuais comparando o brilho de cada planeta apenas com modelos te�ricos. A principal dificuldade � que os planetas s�o relativamente brilhantes quando jovens e desaparecem rapidamente com o tempo. Ent�o, se a idade do planeta n�o for conhecida com precis�o - o que � o caso em nossa amostra -, � dif�cil diferenciar um planeta massivo antigo de um mais jovem, mas menos massivo", explica Miret-Roig.
No artigo, os autores destacam que a descoberta s� foi poss�vel gra�as � grande quantidade de imagens avaliadas, que foram captadas por uma s�rie de telesc�pios de porte amplo espalhados pelo mundo e avaliadas com "ferramentas estat�sticas modernas combinadas com t�cnicas de minera��o de dados". "A grande maioria dos nossos dados vem de observat�rios do European Southern Observatory (ESO), que foram absolutamente essenciais para esse estudo. Seu amplo campo de vis�o e sua sensibilidade �nica foram fundamentais para o nosso sucesso", afirma Herv� Bouy, pesquisador do Laborat�rio de Astrof�sica da Universidade de Bordeaux e tamb�m autor do estudo. Segundo ele, a equipe usou dezenas de milhares de imagens de campo amplo fornecidas pelo ESO, somando "centenas de horas de observa��es e, literalmente, dezenas de terabytes de dados."
Enigma
A descoberta in�dita poder� ajudar a melhorar o entendimento de como planetas rebeldes se formam. H� a hip�tese de que esses objetos c�smicos podem ter surgido a partir do colapso de nuvens de g�s, que seriam muito pequenas para levar � forma��o de uma estrela. Tamb�m cogita-se que eles foram expulsos de seu sistema original. O novo estudo pode trazer uma outra resposta, segundo Miret-Roig. "Nosso resultado excede o n�mero de planetas flutuantes caso eles realmente surgissem apenas de uma pequena nuvem molecular, indicando que outros mecanismos devem estar em jogo", justifica. "Pode haver v�rios bilh�es desses planetas gigantes de flutua��o livre vagando livremente na Via L�ctea, sem uma estrela hospedeira", cogita Bouy.
Os autores enfatizam a necessidade de um estudo de acompanhamento para medir, com precis�o, a idade e a massa desses novos planetas, al�m de determinar outras propriedades f�sicas, como a temperatura efetiva e a composi��o. Como pr�ximo passo, eles pretendem avaliar um n�mero ainda maior de imagens, utilizando dados coletados pelo Extremely Large Telescope (ELT), tamb�m do ESO, que est� em constru��o no Deserto do Atacama, no Chile, e deve iniciar as observa��es no fim desta d�cada.
"Esses objetos s�o extremamente t�nues e pouco pode ser feito para estud�-los com as instala��es atuais. O ELT ser� absolutamente crucial para reunir mais informa��es sobre a maioria dos planetas invasores que encontramos", diz Bouy. "Esse projeto ilustra a incr�vel import�ncia de fornecer acesso a dados de arquivo de diferentes telesc�pios, n�o apenas nos EUA, mas em todo o mundo."
Lan�amento do maior telesc�pio

Depois de mais de 30 anos de espera e de superar uma s�rie de problemas, o telesc�pio James Webb, o maior e mais potente instrumento de observa��o j� constru�do, deve ser lan�ado amanh� ao espa�o, onde vai explorar as origens do Universo e buscar por exoplanetas parecidos com a Terra. A tecnologia, desenvolvida pela Ag�ncia Espacial Americana (Nasa), em colabora��o com a Ag�ncia Espacial Europeia (ESA) e a Ag�ncia Espacial Canadense (CSA), partir� de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo do foguete Ariane 5.
"Estamos muito emocionados, esperamos esse momento h� muito tempo", disse � Ag�ncia France-Presse de not�cias (AFP) Pierre Ferruit, um dos cientistas da ESA encarregados do projeto. A lista de espera para acessar os hor�rios de observa��o do novo telesc�pio s� cresce, e a ag�ncia europeia informou que j� recebeu mais de mil solicita��es s� para o primeiro ano de funcionamento. Na avalia��o de Ferruit, isso mostra que "as quest�es pelas quais o Webb foi concebido continuam sendo atuais, 20 anos depois".
Segundo especialistas, trata-se de um observat�rio incompar�vel, tanto em tamanho quanto em complexidade. Equipado com um imenso espelho composto por 18 segmentos hexagonais, James Webb tem di�metro de 6,5 metros, tr�s vezes o do Hubble. Seu espelho � t�o grande que precisou ser dobrado como um origami para ser colocado na nave que o levar� ao espa�o.
O lan�amento estava previsto para ontem, mas foi adiado devido �s m�s condi��es meteorol�gicas, anunciou a Nasa. Ele ser� posicionado na �rbita do Sol, a cerca de 1,5 milh�o de quil�metros da Terra. Essa localiza��o, conhecida como Lagrange 2, foi minuciosamente escolhida, explica Ferruit. Permite que "a Terra, o Sol e a Lua estejam situados do mesmo lado de seu guarda-sol, o que lhe permite permanecer na escurid�o, facilitando o seu trabalho."
