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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

ONU: Agropecu�ria predat�ria devastou 40% do solo do planeta

Maior relat�rio produzido sobre o tema indica o impacto do uso inadequado do solo. Estrat�gias de recupera��o poder�o evitar uma cat�strofe, diz a ONU


28/04/2022 08:44 - atualizado 28/04/2022 08:54

vista aérea do terreno desmatado na Amazônia
(foto: Carlos Fabal/AFP)
Quarenta por cento do solo do planeta est� degradado devido ao mau uso e � m�-administra��o da terra, segundo um novo relat�rio da Conven��o das Na��es Unidas para Combater a Desertifica��o (UNCCD). O documento, divulgado �s v�speras da confer�ncia sobre biodiversidade, que acontece na Costa do Marfim entre 9 e 20 de maio, destaca que o problema amea�a a sa�de e a sobreviv�ncia de esp�cies, incluindo o ser humano. De acordo com o Global Land Outlook 2 (Glo2), se a tend�ncia atual de destrui��o n�o sofrer um rev�s, em 2050 uma �rea adicional do tamanho da Am�rica do Sul estar� comprometida.

"A agricultura moderna alterou a face do planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Precisamos repensar urgentemente nossos sistemas alimentares globais, que s�o respons�veis por 80% do desmatamento, 70% do uso de �gua doce e a maior causa de perda de biodiversidade terrestre", afirmou Ibrahim Thiaw, secret�rio-executivo da UNCCD, no lan�amento do relat�rio. Segundo as Na��es Unidas, a publica��o � a mais completa sobre o tema e baseia-se em evid�ncias coletadas nos �ltimos cinco anos pela conven��o e por 21 organiza��es parceiras. O texto traz mais de 1 mil refer�ncias a artigos cient�ficos.

De acordo com Thiaw, n�o investir na restaura��o do solo em larga escala significar� mais desertifica��o, eros�o e perda de produ��o agr�cola. "Como um recurso finito e nosso ativo natural mais valioso, n�o podemos nos dar ao luxo de continuar n�o dando � terra sua devida import�ncia." O relat�rio indica que o mau uso da terra coloca em risco US$ 44 trilh�es, ou metade da produ��o econ�mica mundial anual.

Restaurar e reduzir a degrada��o, as emiss�es de gases e efeito estufa e a perda de biodiversidade geraria at� US$ 140 trilh�es ao ano, equivalente a 50% a mais do produto interno bruto (PIB) registrado em 2021.

Com base em evid�ncias cient�ficas, o relat�rio faz previs�es para tr�s cen�rios de uso da terra. O primeiro considera a manuten��o das tend�ncias de degrada��o do solo e dos recursos, ao mesmo tempo em que aumenta a demanda por alimentos, ra��o e bioenergia. Nesse caso, at� 2050, 16 milh�es de quil�metros quadrados cont�nuos estar�o destru�dos, com um decl�nio de produtividade de 12% a 14% das �reas agr�colas, sendo a �frica subsaariana a mais afetada. Al�m disso, a m�-administra��o dos recursos naturais adicionar� 69 gigatoneladas de carbono, equivalente a 17% das atuais emiss�es anuais.

Colheitas


O cen�rio intermedi�rio pressup�e a restaura��o de cerca de 5 bilh�es de hectares (50 milh�es de quil�metros quadrados ou 35% da �rea terrestre global) usando medidas como incentivo a agroflorestas, manejo de pastagens e regenera��o natural assistida. Na maioria dos pa�ses em desenvolvimento, o rendimento das colheitas seria entre 5% e 10% maior, comparando-se � manuten��o das tend�ncias. Embora a biodiversidade continue a diminuir, com perda de 11%, o ritmo seria mais lento. Al�m disso, haveria uma captura, pelo solo, de 17 gigatoneladas de carbono.

"Assim como as vacinas para covid-19 foram desenvolvidas, testadas e lan�adas em velocidade e escala sem precedentes, tamb�m a restaura��o de terras e outras solu��es baseadas na natureza devem ser realizadas para evitar mais decl�nio ambiental e garantir um futuro saud�vel e pr�spero", destacou Nichole Barger, pesquisadora do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Colorado, nos EUA, e integrante do comit� de dire��o do relat�rio. "Podemos reduzir o risco de transmiss�o de doen�as zoon�ticas, aumentar a seguran�a alimentar e h�drica e melhorar a sa�de humana e os meios de subsist�ncia gerenciando, expandindo e conectando �reas protegidas e naturais, melhorando a sa�de do solo, das culturas e do gado nos sistemas alimentares e criando �reas verdes dentro e ao redor das cidades."

No cen�rio com metas mais ambiciosas, haveria um adicional de 83 gigatoneladas de armazenamento de carbono; mais de quatro milh�es de quil�metros quadrados de �reas naturais (tamanho da �ndia e do Paquist�o) seriam salvos e um ter�o da perda da biodiversidade projetada no primeiro panorama. O relat�rio destaca que, at� 2050, recuperar o total de US$ 1,6 trilh�o dos US$ 700 bilh�es anuais investidos em subs�dios �s ind�strias agr�colas e aos combust�veis f�sseis permitiria recuperar, daqui a duas d�cadas, 1 bilh�o de hectares degradados, �rea equivalente aos EUA ou � China.

Solu��es poss�veis

Ibrahim Thiaw veste terno preto e fala em fundo verde
O Secret�rio Executivo da Conven��o das Na��es Unidas para Combater a Desertifica��o, Ibrahim Thiaw (foto: Loic Venance/AFP)
Al�m de apresentar os cen�rios, o documento da ONU indica solu��es potenciais para a recupera��o do solo, com base em exemplos de v�rios pa�ses. Experi�ncias de agrofloresta como a da marca de cosm�ticos brasileira Natura na extra��o de �leo vegetal sem desmatamento s�o citadas no relat�rio. Segundo o texto, o sistema, implementado no Par�, permitiu que, em cinco anos, os rendimentos do dend� fossem maiores que os produzidos em monoculturas. "Os estudos de caso de todo o mundo apresentados no GLO2 deixam claro que a restaura��o de terras pode ser implementada em quase todos os ambientes e em muitas escalas espaciais, sugerindo que cada pa�s pode projetar e implementar uma agenda de restaura��o de terras sob medida para atender �s suas necessidades de desenvolvimento", disse Ibrahim Thiaw.

"Restaurar a sa�de e a produtividade a longo prazo em paisagens alimentares � uma das principais prioridades para garantir a sustentabilidade futura", destacou a diretora de mecanismo global da UNCCD, Louise Baker. "Assim como um investidor usa capital financeiro para gerar lucros, regenerar uma floresta ou melhorar a sa�de do solo fornece retornos na forma de um fornecimento futuro de madeira ou alimentos", exemplificou.

H� tr�s semanas, o Painel Intergovernamental de Mudan�as Clim�ticas (IPCC) da ONU tamb�m destacou as consequ�ncias do mau uso da terra no aumento da temperatura global. Segundo a an�lise, feita por 278 cientistas, em 2019, foram emitidas 59 gigatoneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, 54% a mais do valor registrado na d�cada de 1990. A agricultura e as mudan�as na utiliza��o do solo foram respons�veis por 22% desses lan�amentos.

Mais ciclones tropicais

As mudan�as clim�ticas causadas por atividades humanas tornar�o fortes ciclones tropicais duas vezes mais frequentes at� meados do s�culo, colocando em risco grandes partes do mundo, de acordo com um estudo publicado na revista Scientific Advances. A an�lise tamb�m projeta que as velocidades m�ximas do vento associadas a esses fen�menos podem aumentar em torno de 20%. Muitas das �reas de maior risco est�o em pa�ses de baixa renda, como Camboja, Laos, e Mo�ambique, al�m de na��es insulares do Pac�fico. Segundo os autores, a pesquisa pode ajudar governos e organiza��es a avaliar melhor a probabilidade de ocorr�ncia desses eventos, apoiando, assim, o desenvolvimento de estrat�gias de mitiga��o para minimizar impactos materiais e mortes.


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