(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas LITERATURA

Mar�al Aquino e Tony Bellotto debatem romance policial no Sempre um Papo

O escritor paulista lan�a 'Baixo esplendor', em que agente da pol�cia infiltrado em organiza��o criminosa se apaixona pela irm� do chefe da organiza��o


20/04/2021 04:00 - atualizado 20/04/2021 07:26

Casal caminha em estação de metrô de São Paulo, onde estão expostas fotografias de trabalhadores da saúde. Isolamento imposto pela pandemia contribuiu para que Marçal Aquino escrevesse o novo livro, segundo o autor(foto: Nelson Alme ida/AFP - 29/07/20)
Casal caminha em esta��o de metr� de S�o Paulo, onde est�o expostas fotografias de trabalhadores da sa�de. Isolamento imposto pela pandemia contribuiu para que Mar�al Aquino escrevesse o novo livro, segundo o autor (foto: Nelson Alme ida/AFP - 29/07/20)
Foram 16 anos sem publicar um livro desde “Eu receberia as piores not�cias dos seus lindos l�bios'', em 2005 . Tempo suficiente para Mar�al Aquino dizer que se sente “um escritor de primeiro livro” com o lan�amento de “Baixo esplendor” pela Companhia das Letras, no �ltimo dia 9/4. 

O jornalista, escritor e roteirista de 63 anos se diz curioso em saber como ser� a recep��o de leitores formados nesse hiato marcado por tantas novidades, entre elas o surgimento das redes sociais. A expectativa, segundo Aquino, � que o p�blico possa se reencontrar com as ruas por meio da leitura, algo que ele experimentou no processo de escrita, segundo conta.

Leia a cr�tica: 
Mar�al Aquino exibe narrativa tensa e impiedosa em 'Baixo esplendor'


O per�odo longe da literatura foi ocupado pela produ��o de roteiros para filmes e s�ries de TV, como “O ca�ador”, “Supermax” e “For�a-tarefa”, exibidas pela TV Globo. O surgimento da trama que possibilitou o reencontro com essa outra escrita foi espont�neo, diz o autor, mas potencializado pelo isolamento social imposto pela pandemia do novo coronav�rus e a consequente saudade da vida nas ruas. 

“N�o tenho um processo criativo met�dico. N�o penso na hist�ria antes, com completude. Se eu souber muito sobre a hist�ria, � perigoso eu nem come�ar a escrever. Preciso da emo��o da descoberta, como se eu estivesse me contando a hist�ria”, afirma. 

CENA 

O escritor paulista Marçal Aquino, que volta a publicar um livro após hiato de 16 anos(foto: TV Brasil/Divulgação)
O escritor paulista Mar�al Aquino, que volta a publicar um livro ap�s hiato de 16 anos (foto: TV Brasil/Divulga��o)

"O submundo � o meu cen�rio e, de uns anos para c�, gosto muito de hist�rias de amor. O amor � a �nica coisa subversiva, � a �nica coisa capaz de fazer algu�m mudar de ideia. Ent�o, procuro hist�rias capazes de examinar as rela��es entre homens e mulheres"

Mar�al Aquino,� roteirista e escritor


O escritor conta que “esbarrou em um trecho do meio do livro” ainda em 2018. O contato imagin�rio virou uma anota��o sobre uma cena em que Miguel, que viria a ser o protagonista, leva um menino a uma casa de mulheres, no Centro de S�o Paulo. Algo desconexo do veio principal da hist�ria, mas que permitiu ao escritor iniciar o que se transformaria em “Baixo esplendor”. 

“Depois disso, eu descobri que Miguel tem uma hist�ria com a irm� do chefe do bando em que ele se infiltrou e entendo que esse, sim, � um dos eixos. Tudo espont�neo, n�o mexo no tempo, e tudo vai se encaixando, inclusive o menino na casa de mulheres”, relata. 

Aquino diz que o tempo “solit�rio e silencioso” em casa foi decisivo para o andamento da obra, conclu�da em agosto do ano passado, mais de um ano antes do prazo imaginado

Diante dessas condi��es favor�veis � escrita, ele alimentou suas inspira��es com a experi�ncia dos anos atuando como rep�rter policial em S�o Paulo. O resultado � a hist�ria de Miguel, um agente da pol�cia que se infiltra em uma quadrilha de roubo de carga, no ano de 1973. 

Em meio � tens�o da opera��o, o protagonista se envolve em um amor t�rrido com N�dia, a irm� do chefe do bando. Uma constru��o que ele prefere definir como “um drama criminal” em vez de um cl�ssico romance policial, refor�ando novamente a espontaneidade de cria��o.

“Costumo guardar, h� muito tempo, not�cias policiais, recortes dos mais inusitados e bizarros. Eu os utilizo nos roteiros que escrevo com o Fernando Bonassi para a TV. Neste ano, j� com o livro pronto, coincidentemente, fui ver esses arquivos e encontrei uma not�cia que falava sobre um policial que estava trabalhando infiltrado e se apaixonou por algu�m do bando. � a g�nese do meu livro, sem que eu tivesse me dado conta. Era algo que podia estar no meu subconsciente. Eu n�o sei o que estou escrevendo e, de repente, vejo que h� amor numa novela policial”, comenta.
O músico e escritor Tony Bellotto participa do Sempre um Papo sobre 'Baixo esplendor'(foto: Chico Cerchiaro/divulgação )
O m�sico e escritor Tony Bellotto participa do Sempre um Papo sobre 'Baixo esplendor' (foto: Chico Cerchiaro/divulga��o�)

A rela��o amorosa dos personagens � descrita em “ Baixo esplendor” sem pudores em sua intimidade. Essa � uma caracter�stica de obras anteriores do autor, assim como a ambienta��o em um submundo urbano.  

“Olhando para tr�s, alguns elementos s�o caros ao que eu escrevo e poderia soar como repeti��o. Por�m, o que muitos cr�ticos chamam de repeti��o � a reafirma��o de um estilo. O submundo � o meu cen�rio e, de uns anos para c�, gosto muito de hist�rias de amor. O amor � a �nica coisa subversiva, � a �nica coisa capaz de fazer algu�m mudar de ideia. Ent�o procuro hist�rias capazes de examinar as rela��es entre homens e mulheres”, argumenta o autor.

Segundo ele, “� poss�vel misturar o amor a um ambiente hostil”. Aquino cita como exemplo o seu livro “Eu receberia as piores not�cias dos seus lindos l�bios”, mas observa que, desta vez, “o amor aparece num tempo hostil, com o policial balan�ado, mas mergulhado no personagem que assume, a ponto de pensar em confrontar at� o Ex�rcito. Uma hist�ria de amor tem essa fun��o. A pergunta que paira na hist�ria �: at� onde as pessoas est�o dispostas a ir em nome do amor?”.

Se a forma da narrativa � consequ�ncia de um estilo consolidado, o tempo em que ela se passa foi escolhido sob alguns crit�rios, embora o escritor reitere a espontaneidade do processo tamb�m nesse aspecto. 

“N�o tinha uma �poca definida para a hist�ria, mas, quando comecei a reler os primeiros trechos escritos, notei que n�o havia nenhum s�mbolo de modernidade. Ningu�m na hist�ria atendia um celular. Hoje, isso acontece o tempo todo, de maneira brutal, como mostram as s�ries. Ent�o percebi que se passaria em 1973. Um ano duro da repress�o, mas do qual eu me lembro bem. Tinha 15 anos, tenho muitas lembran�as do que se passava, das m�sicas, etc.”, comenta. 

Embora a trama do livro n�o se concentre no contexto pol�tico da ditadura militar brasileira (1964-1985), Mar�al Aquino aproveitou para direcionar o olhar a algumas especificidades da �poca do regime. 

“Pela primeira vez, quis abordar um Brasil na paranoia, numa �poca de repress�o forte. Especificamente, queria tratar de como era a bandidagem nesse tempo. Havia o Esquadr�o da Morte, que era um grupo de exterm�nio, entre outros aspectos. � um caldo diferente do que j� escrevi, mas n�o � uma hist�ria sobre ditadura. No livro, h� um enlace, mas n�o era meu interesse esmiu�ar a ditadura em si”, afirma.  

O escritor participar�, nesta ter�a-feira (20/4), do projeto Sempre Um Papo, que contar� tamb�m com a participa��o de Tonny Bellotto. Integrante da banda Tit�s, Bellotto tamb�m � autor de diversos romances policiais, com destaque para a s�rie protagonizada pelo detetive Remo Bellini. Mediada por Afonso Borges, a conversa ser� on-line, com transmiss�o gratuita pelos canais do Sempre Um Papo no YouTube, Instagram e Facebook. 

#SempreUmPapoEmCasa com Mar�al Aquino e Tony Bellotto
Nesta ter�a-feira (20/4), �s 19h, nos canais do Sempre Um Papo no Youtube (www.youtube.com/c/SempreUmPapo), Facebook (www.facebook.com/SempreUmPapo/) e Instagram (www.instagram.com/sempreumpapo/). Gratuito

“Baixo esplendor”
 Mar�al Aquino
 Companhia das Letras (264 p�gs.)
 R$ 49,90 e R$ 29,90 (e-book)  



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)