(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas M�SICA

Maria Beth�nia dedica 'Noturno' aos 'sobreviventes' da pandemia

Novo �lbum da cantora tem 12 faixas e ser� lan�ado nesta sexta-feira (30/07), nas plataformas digitais e em CD


30/07/2021 04:00 - atualizado 29/07/2021 20:26

Maria Bethânia conta que, para gravar o álbum, pediu à sua equipe:
Maria Beth�nia conta que, para gravar o �lbum, pediu � sua equipe: "Me consigam as condi��es sanit�rias que vou cumprir todas" (foto: JORGE BISPO/DIVULGA��O)

Claro e escuro; doce e amargo; alegre e triste. � por meio dos contrastes que Maria Beth�nia reencontra-se com seu p�blico. Com lan�amento nesta sexta (30/07), em CD e nas plataformas digitais, “Noturno” (Biscoito Fino) re�ne em 12 faixas a tradu��o que a cantora fez para os �ltimos 16 meses. “� vida atrav�s da morte, da alegria, da for�a, dos esfor�os. Vida atrav�s da luz, afinal”, afirma Beth�nia.

Em 13 de mar�o de 2020, a cantora estava em S�o Paulo, onde faria um show. Quando a apresenta��o foi cancelada, Beth�nia voltou para sua casa, no Rio de Janeiro, e pouco saiu de l� desde ent�o. 

“Sa� para a live (em fevereiro passado), para duas grava��es e para fazer o disco. Levo toda a situa��o de forma seri�ssima. N�o poder me expressar me deu muita agonia. Ent�o tive necessidade de fazer o disco. Disse: ‘me consigam as condi��es sanit�rias que vou cumprir todas’.”

Em setembro do ano passado, foi para o est�dio de sua gravadora, a Biscoito Fino, para dar in�cio a um processo r�pido – foram duas semanas e meia de grava��es bastante solit�rias. Pela impossibilidade do encontro, parte do repert�rio foi registrada com apenas um ou poucos instrumentos. 

Voz e viol�o (de 7 cordas, de Jo�o Camarero, caso de “Vidalita” e “M�sica m�sica”); voz e piano (de Z� Manoel, nas faixas “Bar da noite” e “A flor encarnada”); voz, viol�o de 7 cordas e acordeon (“O sopro do fole”, com Pedro Franco e Toninho Ferragutti, respectivamente).

"Fiquei em casa, escondidinha, quieta, mas com Deus. E � mais uma idade. L�gico que o corpo d� uns gritos, mas eu quero 85, 95, 105"

Maria Beth�nia, cantora



MAESTRO 
Diretor musical e arranjador, o maestro baiano Letieres Leite, que vem trabalhando com a cantora desde o show “Claros breus” e o �lbum “Mangueira: a menina dos meus olhos” (ambos de 2019), esteve somente por duas vezes no Rio para conduzir o trabalho. 

As cordas, que aparecem nos arranjos de “Lapa santa” e “Prud�ncia”, foram gravadas depois. Xande de Pilares, que divide os vocais com ela no samba “Cria da comunidade” (parceria com Serginho Meriti) s� registrou sua voz depois que Beth�nia havia gravado a dela.

“Eu sou mais r�gida do que os protocolos, sou insuport�vel. Tenho medo, ainda n�o d� para encontrar muita gente”, diz ela. “Noturno” tem um forte di�logo com “Claros breus” – “Luminosidade”, “Bar da noite”, “M�sica m�sica” foram pin�adas do repert�rio daquela turn�.

O novo �lbum, de certa maneira, foi antecipado na live que ela realizou no in�cio deste ano – “Dois de junho”, a can��o de Adriana Calcanhotto que relata a morte do menino Miguel, no Recife, h� um ano, e que tanto impactou o p�blico quando interpretada na voz de Beth�nia, tamb�m est� no repert�rio.

Beth�nia d� o seu recado com sutileza. As can��es contam uma hist�ria at� mesmo na ordem em que s�o apresentadas no �lbum. “Lapa santa” fala de religiosidade de uma Bahia do interior, enquanto “De onde eu vim” remonta a saudade que ela tem de seu estado natal – nunca ficou tanto tempo sem ir � Bahia. 

J� a explos�o de alegria de “Cria da comunidade” mostra um Brasil colorido – um mesmo pa�s “negro e racista”, como denuncia “Dois de junho”, a can��o que vem na sequ�ncia.

HOMENAGEM 
Cada uma das faixas recebeu sua pr�pria dedicat�ria, “modo de mostrar minha saudade das pessoas”, explica Beth�nia, que dedicou “Prud�ncia” “aos cora��es inquietos” e “M�sica m�sica” aos sobreviventes. O encarte, � sua maneira, tamb�m homenageia aqueles que sofreram com a pandemia. 

Uma imagem singela de uma tenda de circo escrita “fechado” foi bordada por Beth�nia, que tamb�m criou a imagem de um cora��o. “Estudei em col�gio de freira e l� aprendi a bordar. Mas � tudo malfeito, muito solto. O circo sempre foi um ponto de refer�ncia, de alumbramento. E com essa situa��o aguda, de circos fechados, quis fazer um bordado para traduzir uma tristeza muito profunda.”

Mas as tristezas tamb�m d�o espa�o para momentos de alegria. O sobrinho Zeca Veloso � o autor de “O sopro do fole”. “Um dia, ele me escreveu dizendo: ‘Tenho pensado em voc�, minha tia. Fiz uma m�sica inspirado em voc�’”, conta Beth�nia. Ela pediu para ouvir, mas o mais velho dos dois filhos de Caetano Veloso e Paula Lavigne a “enrolou uns dias”. 

“Quando ele me mostrou a cria��o, mas jamais pedindo nada, fiquei enamorada imediatamente”, conta Beth�nia, que gravou a can��o a cappella – somente depois o viol�o e o acordeon foram acrescentados.

O disco � encerrado pelo poema “Uma pequena luz”, do poeta portugu�s naturalizado brasileiro Jorge de Sena (1919-1978). O trecho escolhido foi sugest�o do poeta Eucana� Ferraz, que escreveu a apresenta��o do �lbum para a imprensa. “Esse poema n�o mostra uma luz encantadora, linda, alegre. Mas � uma luz perene, firme, uma luz que mostra que vale a pena viver”, diz Beth�nia. 

VACINA 
“Eu quero vacina, respeito, verdade e miseric�rdia.” A afirmativa de tamanho impacto feita por Beth�nia em fevereiro na �nica live realizada na pandemia continua valendo quase seis meses depois. 

“(Depois) Eu vi o povo brasileiro dizendo que quer vacina. Eu quero vacina, tenho direito e ju�zo. Deus tem que ter miseric�rdia de n�s, pois se n�o, ningu�m aguenta”, afirma ela, que saiu de casa “soltando foguete daqui at� o posto” para ser vacinada.

Mesmo com a evolu��o da vacina��o, Beth�nia sabe que, no momento, n�o h� como pensar em uma turn� de “Noturno”. “A falta de p�blico me causa tristeza. Por outro lado, consigo alcan�ar as pessoas com meu canto, minhas ideias. Agora, como n�o tem encontro, n�o tem resposta imediata.” 

Ela descarta uma segunda live. “N�o tenho vontade, n�o. O que quero (quando poss�vel) � cantar com p�blico, subir no palco. Muitas casas em que cantei viraram supermercado. Quero que os espa�os voltem a ser um lugar de apresenta��o da arte, de energia.”

Mas ao contr�rio de milh�es de pessoas, artistas ou n�o, Beth�nia n�o sente a opress�o de n�o poder sair. “Sou interiorana, n�o sou de sair. Meus amigos, que n�o s�o muitos tamb�m, quando podem v�m aqui. Tem gente que escreve que queria dar abra�o. N�o sinto saudade do abra�o, pois tamb�m n�o sou de ficar abra�ando. O que sinto falta � da normalidade, de voc� encontrar por um acaso algu�m quando sai. O que me angustia � o perigo, o risco.” 

Sendo assim, ela n�o comemorou a chegada aos 75 anos (em 18 de junho passado). “Fiquei em casa, escondidinha, quieta, mas com Deus. E � mais uma idade. L�gico que o corpo d� uns gritos, mas eu quero 85, 95, 105”, conclui.

FAIXA A FAIXA

“Bar da noite” (Bidu Reis e Haroldo Barbosa)
“O sopro do fole” (Zeca Veloso)
“Lapa santa” (Paulo D�filin e Roque Ferreira)
“De onde eu vim” (Paulo D�filin)
“A flor encarnada” (Adriana Calcanhotto)
“Vidalita” (Mayte Martin)
“Prud�ncia” (Tim Bernardes)
“M�sica, m�sica” (Roque Ferreira)
“Cria da comunidade” (Serginho Meriti e Xande de Pilares)
“Luminosidade” (Chico C�sar)
“Dois de junho” (Adriana Calcanhotto)
“Uma pequenina luz” (Jorge de Sena) 

“NOTURNO”
.Maria Beth�nia
.Biscoito Fino (12 faixas)
.CD (R$ 50,90, no site da gravadora) e nas plataformas digitais.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)