Pedro Maciel imagina "O di�rio perdido de Shakespeare"
Livro consiste no di�rio escrito ao longo de um ano pelo autor de "Hamlet", no qual ele aborda suas ang�stias e conflitos, incluindo a rela��o com o pai
Na fic��o constru�da pelo escritor Pedro Maciel, o Bardo de Avon afirma que
Hamlet � seu alter ego
Gustavo Romanelli/Divulga��o
E se encontr�ssemos um di�rio de Shakespeare perdido h� mais de quatro s�culos? O que ser� que o Bardo de Avon teria relatado em suas confiss�es? Essa � a premissa de “O di�rio perdido de Shakespeare”, livro de Pedro Maciel, lan�ado recentemente pela editora Iluminuras.
O di�rio fict�cio contempla o per�odo de um ano, no qual o autor perpassa sentimentos que v�o desde afli��es do dramaturgo brit�nico em rela��o � passagem do tempo e � morte, at� a rela��o de Shakespeare com o pai.
“Hamlet � meu alter ego”, escreve Maciel, atribuindo a frase � Shakespeare. “Ontem eu esqueci o nome do meu pai. Pai, por que me abandonaste? Os antepassados est�o condenados a serem esquecidos. Ele morreu para que eu forjasse a minha trag�dia?”, prossegue.
Todas as inquieta��es abordadas por Maciel no livro tra�am paralelos com pe�as de Shakespeare e com autores e obras que serviram de refer�ncia para o dramaturgo brit�nico, como Homero, Her�clito, Plat�o, o livro do “G�nesis”, entre outros.
“H� s�culos tenho a sensa��o de ser P�ndaro no tempo de Hes�odo”, confessa o autor fict�cio, referindo-se aos poetas gregos da �poca pr�-socr�tica.
Embora tenha escrito e lan�ado s� agora “O di�rio perdido de Shakespeare”, a ideia de Maciel de fazer um livro tendo o dramaturgo como personagem principal, assumindo, inclusive, a condi��o de narrador � antiga.
F� confesso do brit�nico, Maciel se apoia nas palavras de Machado de Assis para falar sobre Shakespeare. “Ele dizia que Shakespeare n�o se comenta, admira-se. E, de fato, � algo impressionante mesmo. Shakespeare � um poeta e dramaturgo que influenciou muita gente”, afirma.
Shakespeare protagonista
A ideia, no entanto, de colocar o dramaturgo como protagonista surgiu quando Maciel assistiu a montagem de “Romeu e Julieta” feita pelo Grupo Galp�o, na Pra�a da Liberdade, na d�cada de 1990. Ao ver a pe�a, ele imaginou que poderia escrever um livro no qual Shakespeare falasse de si mesmo, mas sob a perspectiva de uma terceira pessoa.
“As pessoas falam muito de si mesmas, mas colocando-se como se fossem as melhores do mundo. � um ponto de vista que elas t�m de si pr�prias. Eu queria fazer o Shakespeare falar de si mesmo, mas trazendo avalia��es e pontos de vista de terceiros”, comenta Maciel.
Assim, “O di�rio perdido de Shakespeare” tra�a um perfil do dramaturgo com base na interpreta��o que Maciel faz das obras cl�ssicas do brit�nico. “Rei Lear, Hamlet, Otelo, entre outros, me ensinaram que o sonho nunca vale mais que a exist�ncia”, escreve. “H� noites em que tenho vontade de matar o sono, como Macbeth”, emenda.
Por fim, revela: “Escrevi ‘Rei Lear’, ‘Macbeth’, ‘Hamlet’, ‘Otelo’ e ‘A com�dia dos erros’ inspirado na minha cruel fam�lia. Esta � a mais pura verdade”.
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