Capital dos botecos: 10 caracter�sticas que tornam bares de BH aut�nticos

Belo Horizonte � a cidade criativa da gastronomia, segundo a Unesco, e a "capital dos botecos". De acordo com um levantamento da Prefeitura de BH (PBH), a cidade concentrava 28 bares por quil�metro quadrado em 2017.

A alta frequ�ncia dos mineiros nos bares pode ser explicada pela nostalgia e o sentimento de identidade trazido por esses ambientes, conforme a tese de doutorado defendida pela pesquisadora Ge�rgia Caetano dos Santos no Programa de P�s-gradua��o em Administra��o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo a pesquisa, os botecos da capital mineira t�m elementos que os tornam caracter�sticos, classificados por Ge�rgia como "aut�nticos", e os que fogem desse padr�o s�o “n�o-aut�nticos”. Para ela, as caracter�sticas aut�nticas s�o atrativas para os clientes.

Confira uma lista com dez aspectos que fazem dos bares de BH �nicos:

O copo americano, conhecido em Belo Horizonte como copo lagoinha, � uma caracter�stica marcante dos bares da capital dos botecos. O nome remete ao bairro de mesmo nome, na regi�o Noroeste de BH. Eul�lia Ara�jo, diretora do festival gastron�mico Comida di Buteco, conta que, ao longo dos 23 anos do projeto, o copo se manteve como �cone nos bares.

Os pratos s�o tradicionais da culin�ria mineira e recorrentes nas mesas dos bares de Belo Horizonte. De acordo com Gustavo Coutinho, coordenador do Comida di Buteco em BH, dos 95 botecos que participam do festival, a maioria apresenta o torresmo no card�pio. Ele conta que o Bar do Mul�o, no Cai�aras, na regi�o Noroeste, atrai os clientes especialmente pelo bolinho de carne.

A rela��o do cliente com os gar�ons e o dono do bar � diferente em Belo Horizonte. Os funcion�rios costumam participar ativamente das conversas que acontecem nas mesas, quando passam por elas para atender. Segundo Eul�lia, o que atrai a clientela � o “jeito acolhedor do mineiro”, e, para Gustavo, os bares que mais fazem sucesso no festival “t�m a cara do dono”.

Para a pesquisadora da UFMG, � “em torno da mesa que se formam rela��es”, e para Eul�lia, � uma “outra forma de ocupar a cidade”. Quando o cliente senta nas mesas que ficam na �rea externa do bar, � poss�vel interagir com o boteco e a cidade ao mesmo tempo.

Na maioria das vezes, atr�s do balc�o do caixa � poss�vel encontrar uma prateleira com garrafas de cacha�a expostas. A produ��o da bebida � tradicional em Minas Gerais, e a diretora do Comida di Buteco conta que, muitas vezes, o destilado � produzido por familiares ou pelo pr�prio dono do estabelecimento.

A comida guardada em uma estufa no balc�o � um cen�rio muito recorrente pelos bares da capital mineira. Assim como o copo lagoinha, mesmo com a evolu��o do com�rcio gastron�mico, a estufa se manteve por ser um �cone e fazer parte tamb�m da composi��o est�tica dos bares.

A pesquisa de Ge�rgia aponta que os pratos tradicionais e que se assemelham aos que s�o feitos nas casas do interior de Minas Gerais fazem mais sucesso. Comidas “gourmetizadas” integram o grupo de elementos n�o aut�nticos. Ao comer nos bares, o cliente busca o sentimento de nostalgia e identidade com as cidades interioranas.

Assim como acontece com a culin�ria, a decora��o serve para ambientar a clientela no interior. Para a pesquisadora da UFMG, “o bar � uma extens�o das nossas casas”, e local “fortalece a cultura”. Para Eul�lia, � “o link entre o antigo e o contempor�neo”, refletindo a hist�ria de como Minas Gerais se tornou urbana.

As mesas e as cadeiras, al�m de ocuparem as cal�adas, s�o mais atrativas quando ficam “coladas” umas nas outras, permitindo que os di�logos em diferentes mesas se interceptem e se integrem. Gustavo Coutinho cita um bar que se destaca por isso, o S�lvio’s Bar, no bairro Esplanada, na Regi�o Leste da capital, em que os frequentadores se sentam em mesas com pessoas que n�o conhecem.

 

A pesquisa mostra que Belo Horizonte concentra muitos bares voltados para p�blicos espec�ficos, como botecos que vestem a camisa de um certo time, estabelecimentos tem�ticos e voltados para o p�blico LGBTQIA+, por exemplo. Os g�neros musicais tamb�m ditam os temas de alguns bares.

* Estagi�rio sob supervis�o do subeditor Thiago Prata