Mulheres foram historicamente perseguidas por acusa��es de bruxaria (foto: Sierra Koder)
Dia 31 de outubro � comemorado o Dia das Bruxas, que tem origem no Reino Unido com o Samhain, festa celta que celebrava o fim do ver�o e a prepara��o para o inverno. Atualmente � um dia de comemora��o em v�rias partes do mundo, com festas a fantasia e brincadeiras.
Apesar de hoje em dia a fantasia de bruxa ser uma das mais populares, o xingamento “bruxa” quase sempre � usado para ofender uma mulher fazendo alus�o � idade avan�ada, � fei�ra, � presen�a de imperfei��es como rugas e corcunda, ou ao comportamento, como ranzinza ou cruel.
Nos filmes � comum que a vil� seja uma bruxa m�, como em Branca de Neve, O m�gico de Oz, e at� mesmo no programa Chaves, com a Bruxa do 71. Enquanto homens que possuem habilidades m�gicas e idosos s�o vistos como s�bios anci�os, como Merlin e Dumbledore.
Historicamente, o termo “bruxa” era usado para designar mulheres que praticavam a��es que a sociedade n�o conseguia compreender, sendo consideradas como magia, mas, muitas vezes, era apenas um conhecimento avan�ado do uso de plantas e medicamentos, sendo muito mais curandeiras do que feiticeiras.
No s�culo XV, na baixa Idade M�dia quando a Igreja Cat�lica exercia forte influ�ncia sobre grande parte da Europa, as pr�ticas de cura realizadas pelas mulheres come�ou a ser associada a pactos com o diabo, e tanto a figura do dem�nio quanto a da bruxa passou a ganhar poder no imagin�rio popular.
Entre o s�culo XV e XVII, ocorreu o que conhecemos como Ca�a �s Bruxas, por quase toda a Europa, em especial no Reino Unido, onde as mulheres da cultura celta eram fortemente ligadas �s for�as da natureza e, por serem consideradas pag�s, foram duramente perseguidas. Outros pa�ses que tiveram intensa persegui��o a mulheres foram Alemanha, Su��a e a regi�o da Escandin�via.
A cidade de Salem, nos Estados Unidos, ficou eternizada pela s�rie de julgamentos realizados entre entre 1693 e 1694, que julgaram mais de duzentas pessoas e levou � condena��o de trinta delas, sendo dezenove executados na forca.
Estima-se que cerca de 50mil pessoas, em sua maioria mulheres, tenham sido condenadas por bruxaria na Europa (foto: Ilustra��o de William A. Crafts - 1876)
Os tribunais exerciam tortura nas acusadas a fim de admitirem o uso de for�as ocultas, por�m as mulheres que se negavam a admitir culpa eram executadas na fogueira, o que levou muitas mulheres a admitirem a pratica de bruxaria para terem uma morte mais r�pida, pela forca. Ou seja, aquelas que eram acusadas de bruxaria, seja pelo marido ou pela sociedade, raramente escapavam da morte.
Sinais considerados de feiura, como verrugas, corcunda, m� forma��o, entre outros, foram atrelados a marcas de bruxaria. Mulheres independentes e expressivas ou curandeiras eram mal vistas e acusadas de realizarem feiti�os para conquistarem poder e influ�ncia.
O alto n�mero de execu��es em pra�a p�blica s� aumentou o medo da sociedade perante as mulheres, aumentando tamb�m o n�mero de lendas, f�bulas e contos demonizando-as.
“A ca�a �s bruxas foi, portanto, uma guerra contra as mulheres; foi uma tentativa coordenada de degrad�-las, de demoniz�-las e de destruir seu poder social. Ao mesmo tempo, foi precisamente nas c�maras de tortura e nas fogueiras onde se forjaram os ideais burgueses de feminilidade e domesticidade”, escreveu a historiadora Silvia Federici em seu livro Calib� e a Bruxa.
Assim crescia o controle masculino sobre as mulheres, criando uma estrutura machista e mis�gina, que repercute ao longo da hist�ria at� os dias de hoje, baseado no imagin�rio de que as mulheres eram facilmente manipul�veis e seduzidas pelas for�as do mal, desqualificando-as e relegando-as a pap�is secund�rios na sociedade, idealmente submissa a figura masculina, como o marido ou pai.