
A cantora Cinara Gomes escolheu o samba como estilo de m�sica para interpretar por ser uma forma de reafirmar as ra�zes afro-brasileiras. No entanto, n�o esperava que fosse v�tima de racismo exatamente quando se apresentava com a sua banda em um bar no Bairro Castelo, na Regi�o da Pampulha em Belo Horizonte, no dia 13 de fevereiro. Neste domingo (20/2), eles voltaram ao local para realizar um ato antirracista.
H� uma semana, quatro homens, que estavam em uma cobertura ao lado do estabelecimento comercial, come�aram a hostilizar a apresenta��o e, inclusive, fizeram gestos em imita��o a macacos para ofender Cinara e os quatro integrantes da banca que s�o negros.
"No dia 13, estava cantando neste bar por volta das 18h. A banda estava terminando de tocar e essas pessoas, que fizeram a inj�ria estavam na cobertura do pr�dio em frente ao bar, come�aram com joinha pra baixo depois passaram a fazer gestos obscenos. A� parei a m�sica e perguntei 'o que foi que est� acontecendo? Se voc�s n�o gostam da m�sica', entrem pra casa de voc�s. N�o entendi ofensa gratuita. Recomecei a cantar e, ent�o, eles imitaram macaco. Quando imitaram macaco, partiram para ofensa muito mais s�ria".
Assim que terminou o show, ainda abalada com ocorrido, Cinara chamou a Pol�cia Militar para registrar o boletim de ocorr�ncia. Foram identificados dois dos quatro homens que fizeram os gestos. Conforme o boletim de ocorr�ncia da PM, os suspeitos de terem cometido crimes raciais foram dois irm�os. "Eram homens, brancos, de 20 e poucos anos", informou.
Ato antirracista re�ne artistas

Cinara realizou o ato antirracista como uma resposta de que n�o cabe mais o racismo. Ela contou com o apoio de artistas, da Comiss�o de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), amigos e moradores do bairro. "Esse tipo de ato tem que ocorrer para que esse tipo de ofensa n�o aconte�a mais. Fizemos o protesto com esse objetivo de publicizar um crime, inj�ria racial e racismo s�o crimes. Ent�o isso n�o pode acontecer. Fiz o ato para as pessoas terem certeza que isso n�o pode ficar impune".
O racismo de forma velada j� a atingiu em outras situa��es, mas foi a primeira vez que foi agredida de forma expl�cita. "Foi dirigido a mim, a cantora, mas atingiu a todo mundo ali."
Cinara escolheu o samba como estilo de m�sica exatamente pelo fato de o estilo permitir uma busca pelas ra�zes. "Samba � essencialmente ligada �s ra�zes afro-brasileiras. Falo disso o tempo todo, chamo aten��o para isso o tempo todo", afirma.
Ela espera que as pessoas que fizeram os gestos racistas sejam criminalizados. "Vamos fazer essa representa��o para iniciar as investiga��es. Eles ter�o que depor", diz. No momento que os gestos foram feitos, cerca de cem pessoa sestavam no bar e viram tudo. "O ato deles foi a queima-roupa. � como se tivesse levado um tiro. Ningu�m espera", diz.