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Estado de Minas RACISMO

Executivo encerra contrato de R$ 1 milh�o ap�s ser chamado de 'neg�o'

Termo foi dito durante uma reuni�o de neg�cios por um representante da Optat Consulting; executivo quer que o caso se torne refer�ncia para pessoas negras


30/06/2022 17:22 - atualizado 30/06/2022 17:55

Juliano é um homem negro de cabelos, barbas e olhos escuros. Ele usa óculos e uma blusa preta
Juliano Pereira dos Santos � diretor de tecnologia e s�cio da Proz Educa��o (foto: Arquivo Pessoal/Reprodu��o)


A Oracle, uma das maiores empresas de tecnologia do pa�s, virou alvo de uma a��o judicial depois que um contrato de implementa��o de seu software no valor de R$ 1 milh�o foi encerrado devido a uma den�ncia de racismo. O caso envolveu a Optat Consulting, uma fornecedora homologada de seus servi�os e um dos clientes da prestadora, Juliano Pereira dos Santos, diretor de tecnologia e s�cio da Proz Educa��o.

Durante uma reuni�o de neg�cios via videochamada, Matheus Mason Adorno, fornecedor representante da Optat Consulting, disse "A� n�o, neg�o. Quer me f*?".
 
A declara��o foi considerada racista por Juliano, que � bacharel em Administra��o de Empresas pela Universidade de S�o Paulo (USP), e o executivo declarou querer que seu caso se torne refer�ncia para outras pessoas negras, afirmando que este n�o foi o primeiro caso de racismo no meio de trabalho com que se depara, mas que sua ocupa��o atual lhe d� maior abertura para se manifestar.

"Nos �ltimos anos, fui entendendo melhor que situa��es como essas n�o s�o toler�veis. Acho que comecei a assumir um papel de lideran�a por onde passei e meu cabelo mais comprido virou uma refer�ncia para meus colegas de cor. Tenho um cargo que me permite falar dessas coisas que n�o s�o negoci�veis", declarou.

Encerramento do contrato


Juliano explica que precisou marcar uma reuni�o em outubro de 2021 com a Optat Consulting, empresa implementadora de software, para discutir valores ap�s alguns erros b�sicos de implementa��o terem aparecido em um projeto ap�s seis meses de trabalho. Segundo o executivo, essas falhas seriam de responsabilidade da Optat, mas reconhecia que uma parcela tamb�m poderia ser da Proz, ent�o afirmou que a empresa estaria disposta a arcar com parte do preju�zo para "recome�ar do zero".

A Optat prop�s cobrar R$ 230 mil para refazer o trabalho que levaria cerca de 1800 horas para ser conclu�do, mas a Proz esperava que a implementadora de software se comprometesse a arcar com metade do preju�zo, mas a empresa se negou.

O executivo, ent�o, afirmou que exp�s seu nome ao contratar o trabalho da Optat, mas que alertaria as empresas sob seus servi�os sobre o problema que estavam enfrentando. Foi quando Matheus Mason Adorno respondeu “A� n�o, neg�o. Quer me f*?".

"O cidad�o (Matheus) foi extremamente agressivo e grosseiro na hora de falar, numa tentativa de me descredenciar", declarou Juliano, que aponta o tratamento como racismo. "N�o tem desculpa, n�o negocio com racista. Aquilo era crime e n�o ficaria assim. Se viesse de um amigo, negro, e se estiv�ssemos conversando num ambiente familiar, n�o teria problema, mas num contexto de uma pessoa branca que eu n�o conhe�o, com quem n�o tenho intimidade, discutindo comigo uma soma de dinheiro consider�vel, � claramente agir de forma a me desmoralizar, e isso � inaceit�vel. � muito simples separar uma coisa da outra", completa ele.
 

Consequ�ncias do caso 


Juliano tamb�m conta que, al�m de um sentimento ruim, o encerramento do contrato de R$ 1 milh�o gerou estresse e custos extras � Proz Educa��o. "Um projeto importante para a minha companhia foi parado. O motivo � leg�timo, mas � uma derrota n�o conseguir implementar o projeto, fiquei muito chateado. N�o descarto racismo estrutural, j� que a gente (popula��o negra) sempre tem que demonstrar que � capaz", explica.

O diretor prestou queixa por inj�ria racial e quer ser indenizado por danos morais tanto pela Oracle do Brasil, quanto pelo representante da Optat Consulting, Matheus Mason Adorno.

A Proz Educa��o afirmou que "assim que recebeu o relato do epis�dio de preconceito, tomou a decis�o de rescis�o do contrato com o prestador de servi�o, notificando a organiza��o e tomando as medidas cab�veis". Ainda informou que "apoia seus colaboradores em qualquer situa��o de discrimina��o vivida no ambiente empresarial".

A Oracle Brasil, detentora do software contratado, disse que "prontamente ofereceu apoio � pessoa diretamente atingida pelos fatos descritos e tem lhe oferecido o suporte necess�rio. Ademais, a Oracle se colocou � disposi��o para colaborar com as autoridades competentes em quaisquer investiga��es e, em mar�o de 2022, informou � empresa envolvida nos fatos que descontinuaria a rela��o contratual", al�m de ter compromisso "inegoci�vel" com a diversidade e com a inclus�o.

J� a Optat Consulting, implementadora do sistema da Oracle, informou que "tomou conhecimento do ocorrido na reuni�o e tomou todas as medidas cab�veis para averigua��o dos reais fatos suspendendo de imediato o Sr. Matheus Mason". No entanto, de acordo com a empresa, a averigua��o interna ouviu testemunhas que "disseram n�o ter havido o suposto crime". A empresa diz, ainda, que ir� responder o processo para "esclarecimento da verdade" e que "ingressar� com as medidas judiciais cab�veis".
 

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podcast DiversEM ï¿½ uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.

 
 
*estagi�ria sob supervis�o do subeditor Diogo Finelli.


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