A Rare Beauty, marca de beleza idealizada e fundada pela artista Selena Gomez, chegou ao Brasil. Para al�m das novidades envolvendo produtos que j� estavam viralizados nas redes sociais por sua boa qualidade, a linha de cosm�ticos tamb�m era muito aguardada por conta de suas embalagens, desenvolvidas para pessoas com mobilidade reduzida.
Em 2015, Selena Gomez revelou ao p�blico, pela primeira vez, sofrer de uma doen�a autoimune, o l�pus que, em momentos de crise, enfraquece as articula��es e restringe a mobilidade. Outros sintomas que podem acometer pessoas com l�pus s�o depress�o e ansiedade e, por estes motivos, quando desenvolveu a marca, a artista pensou em como auxiliar este p�blico espec�fico, abrangendo, tamb�m, pessoas com defici�ncia (PcD).
Al�m de embalagens pensadas para n�o precisar usar tanta press�o ou a for�a dos dedos ao abri-las, a marca tamb�m faz parte do Rare Impact Fund, cuja meta � arrecadar US$ 100 milh�es nos pr�ximos dez anos para ajudar a preencher as lacunas nos servi�os de sa�de mental dos Estados Unidos, principalmente em comunidades pobres. Para atingir esse objetivo, 1% das vendas dos produtos da Rare Beauty s�o direcionados ao fundo.
Acessibilidade da marca
A jornalista, influenciadora e ativista PcD Ana Clara Moniz conta que grande parte da dificuldade que pessoas com defici�ncia t�m em rela��o � maquiagem � causada pela anatomia das embalagens, e n�o pelo produto em si. “Apesar de pouco falado, as embalagens foram pensadas anatomicamente para que ela e outras pessoas com fraqueza muscular conseguissem usar. � o caso das embalagens da base, do corretivo e at� dos batons, que s�o achatadinhos nas pontas e facilitam na hora de abrir”, explica ela em uma publica��o em suas redes sociais.
Ela conta que, quando soube desse diferencial, ficou ansiosa para experimentar os produtos. “A marca da Selena n�o preza s� pela beleza natural, mas tamb�m pela beleza natural acess�vel para todos. Pode parecer bobo, mas foi com ela [Selena] que aprendi a ser eu; a me entender, respeitar, lidar com uma doen�a e at� mesmo a me expor mais na internet”, relata Ana Clara em uma outra postagem.
Com a viraliza��o de v�deo falando sobre o tema, a Sephora Brasil a convidou a participar do evento de lan�amento da Rare Beauty no dia 3 de agosto. “Gastei meu ingl�s com gente importante, fiz amizades e at� cantei no karaok� com amigos que fiz na hora. Pude ser eu mesma e ver outras pessoas sendo elas mesmas”, relata a jornalista. Apesar disso, ela pontua que mais pessoas com defici�ncia poderiam estar presentes. "Mas � um come�o e um grande avan�o comparado a outras marcas que nem sequer pensam na gente.”
Marina Melo, tamb�m blogueira e ativista PcD, conta que a maioria das marcas de maquiagem reproduz o que ela chama de ‘capacitismo inconsciente’, quando pessoas com defici�ncia s�o desvalorizadas ou desqualificadas com base no preconceito em rela��o � capacidade corporal ou cognitiva – sem ao menos perceberem que o est�o fazendo. “As marcas [em geral] n�o pensam; eles t�m que aprender. Com a chegada da Rare Beauty ao Brasil, � hora de cobrar as outras marcas. [A partir desse lan�amento], eles v�o ter um olhar, v�o conseguir ver esse mercado”, explica.
Para ela, o processo de desvincula��o das marcas do capacitismo ser� um processo dif�cil, mas os primeiros passos j� s�o vis�veis. “Estamos vendo algum resultado, vendo o posicionamento de marcas, a presen�a de pessoas com defici�ncia em eventos, em novelas, e at� a Barbie”, conta Marina.
Faltam op��es no mercado
Apesar da grande diversidade de produtos encontrados no mercado de cosm�ticos, s�o poucos aqueles que atendem � popula��o PcD, que � bastante diversa. “Tento adquirir produtos que fa�am com que eu tenha independ�ncia na hora de me cuidar em todas as �reas poss�veis, e com maquiagem n�o seria diferente, mas acho dif�cil falar de marcas que sejam acess�veis para pessoas com defici�ncia, at� porque cada pessoa com defici�ncia tem um tipo de necessidade diferente”, explica Ana Clara.
Para a influenciadora, a Rare Beauty � uma das primeiras marcas que pensaram nesse p�blico, desde o desenvolvimento at� o lan�amento dos produtos. “A acessibilidade foi pensada em todos os detalhes, at� porque a pr�pria Selena tem fraqueza muscular. As marcas [em geral] precisam olhar para as pessoas com defici�ncia e fazer com que elas participem dos processos de desenvolvimento dos produtos. No Brasil, temos 45 milh�es de pessoas com defici�ncia, que tamb�m s�o consumidores, ent�o para as marcas tamb�m seria vantajoso que tivessem essa preocupa��o”, comenta ela.
F� da Selena Gomez desde os seus 9 anos de idade, Ana Clara contou ao DiversEM como foi participar do evento de lan�amento da marca da artista no Brasil. “Fiquei muito feliz de verdade, principalmente por ser uma pessoa com defici�ncia e estar l� representando esse p�blico, testando as embalagens e vendo o que funcionava para mim”, relata.
Ela tamb�m conta que se surpreendeu com a diversidade de pessoas presentes, o que refor�ou o posicionamento da marca. “Estiveram presentes muitas pessoas diversas, o que me deixou positivamente surpresa e com o cora��o quentinho. Foi muita gente diversa e importante se divertindo, conhecendo e testando os produtos e ficamos felizes em saber que a preocupa��o da marca n�o � que a gente exponha nossas ‘imperfei��es’, mas sim que a gente possa real�ar a nossa beleza natural e �nica de cada um”, completou.
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