
A pe�a de teatro “Tudo Sobre a Minha M�e”, em cartaz no Teatro S�o Luiz, em Lisboa, em Portugal, teve seu elenco alterado depois de protesto da atriz e ativista Keyla Brasil na �ltima quinta-feira (19/01) pela pr�tica de transfake pela produ��o do espet�culo. O protesto surtiu efeito e o elenco foi alterado. A atriz trans Maria Jo�o Vaz assumir� o papel de Lola, antes dado ao ator cis Andr� Patr�cio.
“O que est� acontecendo � um assassinato, um apagamento da nossa identidade enquanto travesti. Se contrataram quatro mulheres e tr�s homens, por que n�o contrataram duas pessoas trans para fazer a personagem?”, disse Keyla ao invadir o palco seminua.
Keyla segue seu protesto narrando uma situa��o de viol�ncia, na qual quase foi morta por um cliente enquanto se prostituia, e disse que se prostitui por n�o ter oportunidade de trabalho como atriz.
“Eu queria pedir para a produ��o dessa casa, para as produtoras que financiam as produ��es art�sticas de Portugal que sejam nossos aliadas. N�o contratem apenas mulheres, apenas homens, contratem travestis para pelo menos contar nossa pr�pria hist�ria, nossa narrativa, porque isso pode custar vidas.”
Gaya de Medeiros apoiou o protesto e foi ao palco pedir que os presentes entendam � manifesta��o de Keyla e que a liberdade de uma n�o � a liberdade de todas. “Acho que hoje este ato da Keyla Brasil, uma artista que est� na prostitui��o, deve entrar na hist�ria de Portugal, para que se entenda a import�ncia destes corpos ocuparem estes espa�os para contarem as suas hist�rias”, afirmou a atriz.
Mudan�a no elenco
A companhia Teatro do V�o, respons�vel pela realiza��o da pe�a, comunicou na sexta-feira (20/01) a mudan�a no elenco e informou que a atriz trans Maria Jo�o Vaz assumir� o papel de Lola. O ator Andr� Patr�cio segue como parte do elenco uma vez que interpreta outros tr�s personagens, todos cis.
“Assumindo que pod�amos ter feito outra op��o, que dever�amos ter feito outra op��o, no que diz respeito � inclus�o de pessoas trans em ‘Tudo Sobre a Minha M�e’, uma vez que demos o papel de Agrado a uma mulher trans, pela primeira vez no mundo, mas n�o o fizemos em rela��o � personagem Lola”, diz o comunicado.
Andr� Patr�co publicou em sua conta no Instagram que concorda que uma minoria, agredida e maltratada e assassinada deve ser ajudada e apoiada pela sociedade, e que � a favor da igualdade de oportunidades, de direitos e da inclus�o. Entretanto, condenou o ato de invas�o ao palco e com o boicote do espet�culo.
"Senti-me violentado e castrado na minha arte, no meu trabalho. Tamb�m n�s, trabalhadores da cultura (cis ou trans), somos uma minoria. N�o temos as devidas e igualit�rias condi��es de trabalho na nossa �rea. E lutamos para sobreviver”, escreveu o ator.
Ou�a e acompanhe as edi��es do podcast DiversEM
O podcast DiversEM � uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.