
A colunista do Estado de Minas, Etiene Martins, registrou boletim de ocorr�ncia contra uma vizinha que proferia xingamentos racistas e palavras de baixo cal�o para ela e outra vizinha, tamb�m negra. A situa��o foi registrada pela estudiosa das rela��es �tnico-raciais e postada nas redes sociais.
"Hoje vim contar uma hist�ria recorrente na vida de n�s, mulheres pretas, mas n�o � porque � recorrente que ela deixa de ser violenta e cruel", inicia Etiene em seu relato. No v�deo, ela mostra filmagens onde � poss�vel ouvir a vizinha gritando frases como "devia ser proibido uma macaca andar no pr�dio" e "macaca suja".
Entenda o caso
Etiene foi morar no Rio de Janeiro para fazer o curso de doutorado em comunica��o e cultura na UFRJ e mestrado em rela��es �tnico-raciais no CEFET-RJ e se instalou no apartamento no dia 27 de janeiro. Dois dias depois (29/01), come�aram as ofensas por parte da vizinha.
Inicialmente, n�o pensou que as ofensas eram destinadas a ela e sup�s que era com uma terceira pessoa, pois, a vizinha gritava de dentro de casa, no andar de baixo. No dia seguinte, registrou o ocorrido no livro de ocorr�ncias do condom�nio, por ter ficado incomodada tanto com o barulho quanto com o teor racista das falas.
No �ltimo s�bado (04/02), Etiene concedia uma entrevista para uma equipe de filmagem, quando a vizinha come�ou a gritar as ofensas. Etiene, ent�o, foi at� o apartamento da vizinha e disse que ela estava incomodando e se poderia diminuir o tom, ao que foi respondido com ironia, negando que estaria gritando.
Assim que Etiene voltou ao seu apartamento, a vizinha come�ou a gritar que era um absurdo que tivessem pedido que ela parasse de gritar, entre outras ofensas e palavras de baixo cal�o. "Ai que a minha ficha caiu, a ponto de na hora da entrevista eu n�o conseguir me apresentar, de t�o mal que eu fiquei", conta Etiene.
A uni�o faz a for�a
Acreditando que n�o poderia denunciar por falta de provas de que as ofensas eram destinadas a ela, Etiene fez o v�deo que postou no Instagram. Foi ent�o que alguns seguidores da �rea do Direito � informaram que ela poderia sim fazer um boletim de ocorr�ncia, uma vez que se trata de racismo e o mesmo � um crime contra a coletividade.
"� muito violento esse tipo de coisa. Eu vim pra c� para poder estudar, para fazer meu doutorado, n�o foi para passar por esse tipo de situa��o", lamenta. "A gente n�o pode passar por esse tipo de viol�ncia no nosso ir e vir, onde a gente mora, nos nossos momentos de lazer. N�o podemos aceitar esse tipo de situa��o", completa.
Ap�s decidir registrar o boletim de ocorr�ncia, Etiene descobriu que Luana, de 24 anos, tamb�m vizinha e negra, estava sofrendo a mesma situa��o desde setembro de 2022. Juntas, foram at� a delegacia especializada em crimes raciais e registraram a ocorr�ncia contra a vizinha racista.
"No meu caso, sou uma doutoranda, tive acesso � informa��o e a uma rede que conseguiu me assessorar da forma correta. Mas poderia ser uma pessoa que n�o tem acesso ao estudo, e a pessoa pode n�o saber como reagir. Ent�o, quando a gente se prop�e a reagir, n�o � s� de forma individual, � de forma coletiva, � para que outras pessoas n�o sofram racismo".
Etiene refor�a a import�ncia de realizar a den�ncia e n�o se calar. Al�m disso, � necess�rio a divulga��o de informa��es sobre como denunciar o racismo, onde est�o localizadas as delegacias especializadas em crimes raciais e a import�ncia de fazer registros de imagem ou som.
Em casos de racismo, as v�timas podem chamar imediatamente a pol�cia e realizar a den�ncia. Caso o crime n�o seja registrado em flagrante, a v�tima pode se dirigir a uma delegacia a qualquer momento, uma vez que o racismo � um crime imprescrit�vel e inafian��vel.
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