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Estado de Minas LUTA ANTIRRACISTA

V�timas de racismo na Leroy Merlin fazem ato em frente � loja em BH

At� o momento, v�timas alegam que n�o receberam um posicionamento sobre o tratamento discriminat�rio e reivindicam um pronunciamento da empresa


18/03/2023 11:20 - atualizado 18/03/2023 15:57

As pedagogas Marcela Cristina Alexandre e Danielle Fernandes da Silva, que denunciaram pr�ticas racistas de funcion�rios da Leroy Merlin em uma das unidades de Belo Horizonte, realizam, na manh� deste s�bado (18/3), um ato antirracista em frente a um dos estabelecimentos da rede de lojas de materiais de constru��o. Elas reivindicam educa��o antirracista para os funcion�rios da empresa e um pronunciamento diante do ocorrido.

Na manifesta��o, que ocorre em frente � Leroy Merlin localizada no Bairro Uni�o, pr�ximo ao Minas Shopping, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, as v�timas pregam a conscientiza��o da luta antirracista com a entrega de panfletos e aguardam um posicionamento da loja.

"O objetivo � fazer a Leroy Merlin perceber que a gente est� aqui. Perceber que eles precisam se posicionar. Tamb�m falar para as pessoas que passam por essa situa��o e n�o conseguem denunciar, ou n�o sabem como fazer, e fazer um processo educativo", disse Marcela ao Estado de Minas.

"Vamos entregar panfletos, vamos mostrar que a gente est� aqui, fazer um processo de representa��o do nosso corpo, da nossa identidade, que merece respeito, que merece ser visto nesse lugar de respeito", completou.

Racismo na Leroy Merlin


Manifestação em frente a Leroy Merlin
Manifesta��o acontece em frente � Leroy Merlin localizada no bairro Uni�o, pr�ximo ao Minas Shopping, na regi�o Nordeste de Belo Horizonte (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Na �ltima segunda-feira (14/3), as duas mulheres negras foram perseguidas por funcion�rios do estabelecimento ap�s um erro no sistema da loja, que n�o registrou o pagamento que uma delas havia feito via pix. Na ocasi�o, elas alegam que foram tratadas com descaso pela funcion�ria respons�vel pelo atendimento. Conforme a v�tima, a empresa n�o tentou solucionar o caso dela, nem mesmo a ouviu. 

De acordo com Marcela, ela foi at� a loja por volta das 17h30 para comprar alguns insumos de decora��o, mas por conta do problema no pagamento, precisou ser direcionada ao balc�o de atendimento da loja, onde esperou por mais de meia hora na companhia da amiga.

Marcela conta que tentou perguntar se poderia ir embora, afinal ela j� tinha pagado a compra, contudo, a funcion�ria continuou a ignorando. Com isso, ela pegou seus itens e saiu em dire��o ao estacionamento da loja. Neste momento, a v�tima conta que foi coagida por funcion�rios do estabelecimento.

"Uma das funcion�rias tentou pegar a sacola com a minha compra da m�o da minha amiga. Ela [funcion�ria] e o seguran�a ficaram atr�s da gente enquanto �amos para o carro amea�ando a gente de chamar a pol�cia, filmando o meu carro, a mim e a minha amiga", contou ela.

"Caso nitidamente de racismo, uma vez que a tratativa que eles tiveram comigo e com ela [a Danielle], n�o � a mesma que eles t�m com as pessoas brancas, de acionar seguran�a, de n�o ter uma escuta, de achar que a gente estava saindo sem pagar, n�o ter interesse em saber o que a gente estava tentando sinalizar", desabafou.

Sem posicionamento da Leroy Merlin


De acordo com a pedagoga, at� o momento, a empresa entrou em contato, mas ignora o fato de ter havido uma discrimina��o racial no tratamento

"At� hoje a Leroy Merlin n�o se posicionou, teve uma repercuss�o na internet. V�rias pessoas pediram um posicionamento e eles s� falam com jornal, mesmo assim mandam notas extremamente t�cnicas e n�o se posicionam para as pessoas que s�o consumidoras, para a sociedade", desabafou. 

Em nota, a Leroy Merlin afirmou que, na ter�a-feira, entrou em contato com uma das v�timas "para ressaltar as pr�ticas de estorno da companhia" e que "combinou uma nova liga��o para refor�ar as informa��es e prestar demais esclarecimentos, contudo n�o obteve sucesso nas tentativas" e que seguiria tentando falar com as v�timas ainda a quinta-feira (16/3).

A reportagem do Estado de Minas esteve presente durante uma liga��o recebida por Marcela, e n�o houve coment�rio sobre racismo no caso em quest�o, apesar de ter sido questionada a respeito. A empresa insiste em refor�ar que o pagamento foi estornado e que os produtos poderiam ficar com a compradora, mas ignora o descaso e o ass�dio que a v�tima passou nas depend�ncias da loja. Quando a rep�rter do EM se manifestou, a liga��o foi encerrada.

Questionada sobre a situa��o, a empresa alegou que n�o desligou o telefone, que n�o chegou a escutar a fala da rep�rter e que tentou contato novamente, mas n�o conseguiu falar com Marcela.

"Eles est�o no Brasil inteiro, � uma empresa que tem uma refer�ncia, eles n�o podem ter esse comportamento e achar que � normal. � um desrespeito ao consumidor e a toda popula��o brasileira", finalizou Marcela. 

Reivindica��es da manifesta��o:

  • Educa��o antirracista na empresa com mudan�a no modo de agir em rela��o ao tema;
  • Garantia de emprego dos seguran�as que agiram segundo o modo de operar da empresa e reeduca��o para os funcion�rios;
  • Nota P�blica da empresa assumindo nova postura sobre o racismo;
  • Fim do racismo institucional;
  • Repara��o para Marcela e Dani que sofreram a viol�ncia na unidade da Leroy Merlin do Minas Shopping.

Entenda o caso


A jovem de 34 anos denunciou ter sido v�tima de racismo em uma unidade da Leroy Merlin no bairro Dom Joaquim, em Belo Horizonte (MG), na �ltima segunda-feira (13/3). Na ocasi�o, devido a uma inconsist�ncia, o sistema da loja n�o reconheceu um pagamento efetuado via PIX, o que a levou a ser perseguida pelos funcion�rios do estabelecimento.

A v�tima registrou um boletim de ocorr�ncia na ter�a-feira (14/3) e alega descaso no tratamento. 

"Pedi para chamar o gerente, porque queria resolver logo a situa��o, mas s� recebi descaso da funcion�ria que estava nos atendendo. Ela ignorou que est�vamos l�, n�o prestou atendimento algum, n�o perguntou meu nome. Ela n�o teve interesse em nos atender, de pegar meu celular, de tirar c�pia dos meus documentos, e quando finalmente perguntei se poderia ir embora, at� porque j� tinha pago pela minha compra, ela continuou me ignorando, ent�o s� pegamos a sacola e sa�mos", explicou.

Assim que desceram as escadas em dire��o ao estacionamento da loja, um seguran�a chamou por elas, que esperaram que ele chegasse onde estavam, explicaram a situa��o, e ainda assim, foram coagidas.

A v�tima pediu, mais uma vez, que chamassem o gerente, o que n�o foi feito. Incomodada e constrangida, apenas entrou em seu carro e foi embora, pois tinha uma reuni�o de trabalho, mas retornou � loja poucas horas depois para tentar resolver a situa��o.

Quando o gerente apareceu, pediu desculpas e afirmou que o problema era culpa do sistema nacional do pix, o que � negado pela jovem. "Se fosse realmente isso, o dinheiro n�o teria sa�do da minha conta, ou eu j� teria tido um estorno, o que n�o aconteceu. O problema era do sistema deles", diz.

De acordo com a v�tima, ela chegou a receber um reembolso - e n�o um estorno - do valor da compra. No entanto, ela esclareceu  que sua indigna��o pela situa��o n�o era pelo dinheiro, e sim pela falta de dignidade com que foram tratadas. De acordo com a defesa de Marcela e Danielle, o caso � de racismo estrutural e institucionalizado, e Marcela devolver� os produtos que comprou.

A v�tima entrou com um processo contra a empresa, que foi notificada na quinta-feira (16/3). A Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que o fato segue sob an�lise da Delegacia Especializada de Investiga��o de Crimes de Racismo, Xenofobia e Intoler�ncias Correlatas.
 

O que � racismo?

O artigo 5º da Constitui��o Federal prev� que “Todos s�o iguais perante a lei, sem distin��o de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pa�s a inviolabilidade do direito � vida, � liberdade, � igualdade, � seguran�a e � propriedade.”

Desse modo, recusar ou impedir acesso a estabelecimentos, recusar atendimento, impedir ascens�o profissional, praticar atos de viol�ncia, segrega��o ou qualquer outra atitude que inferiorize ou discrimine um cidad�o motivada pelo preconceito de ra�a, de etnia ou de cor � enquadrado no crime de racismo pela Lei 7.716, de 1989.

Qual a diferen�a entre racismo e inj�ria racial?

Apesar de ambos os crimes serem motivados por preconceito de ra�a, de etnia ou de cor, eles diferem no modo como � direcionado � v�tima. Enquanto o crime de racismo � direcionado � coletividade de um grupo ou ra�a, a inj�ria racial, descrita no artigo 140 do C�digo Penal Brasileiro, � direcionada a um indiv�duo espec�fico e classificada como ofensa � honra do mesmo.

Leia tamb�m: O que � whitewashing?

Penas previstas por racismo no Brasil

A Lei 7.716 prev� que o crime de racismo � inafian��vel e imprescrit�vel, ou seja, n�o prescreve e pode ser julgado independentemente do tempo transcorrido. As penas variam de um a cinco anos de pris�o, podendo ou n�o ser acompanhado de multa. 

Penas previstas por inj�ria racial no Brasil

O C�digo Penal prev� que inj�ria racial � um crime onde cabe o pagamento de fian�a e prescreve em oito anos. Prevista no artigo 140, par�grafo 3, informa que a pena pode variar de um a tr�s anos de pris�o e multa. 

Como denunciar racismo?

Caso seja v�tima de racismo, procure o posto policial mais pr�ximo e registre ocorr�ncia.
Caso testemunhe um ato racista, presencialmente ou em publica��es, sites e redes sociais, procure o Minist�rio P�blico e fa�a uma den�ncia.


 


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