Paulo conta que a ideia surgiu quando chegou no Brasil e viu muitos imigrantes parecidos com ele, mas ao mesmo tempo muito diferentes. “Mas, o Brasil colocava a gente no mesmo grupo. O fato da gente vir aqui com sonhos nos fez pensar que chegar�amos no Brasil como um pa�s irm�o, porque muitos deles se sentiram muito atra�dos, por exemplo, pelo futebol e pelo fato da sele��o brasileira ter muitos jogadores negros, ent�o passava uma imagem de pa�s muito acolhedor. Mas, ao chegar aqui a gente se depara com uma s�rie de quest�es que nos excluem: tem a xenofobia e o racismo, que a gente n�o sabe muito lidar”, conta Chavonga.
Artista nascido em Benguela (Angola), Paulo atualmente vive em S�o Paulo. Ele conta que em sua terra natal, o sofrimento � pela desigualdade social, n�o por racismo. “Viemos de um pa�s em que a gente no m�ximo sofria desigualdade social, mas nunca por falta de refer�ncias, por falta de oportunidade e n�o essa desigualdade por conta da ra�a. Trouxe as hist�rias dessas pessoas que s�o muito silenciadas”.
O cineasta mostra que o racismo no pa�s leva muitos imigrantes africanos � migra��o reversa, ou seja, quando os imigrantes saem do Brasil para outros pa�ses ou mesmo para retornarem � sua terra natal.
“No filme eles contam os sonhos que tinham antes de vir para o Brasil e o sonhos que eles t�m j� aqui, inclusive mostro tamb�m uma migra��o reversa, dessas pessoas que vieram para o Brasil para poder procurar melhores condi��es de vida, mas por conta desses estigmas, dessa viol�ncia, eles fazem o caminho de volta ou v�o para outros pa�ses”, explicou.
Al�m dos dissabores, o filme aborda tamb�m a alegria ao viver no pa�s e a atra��o dos africanos pelo Brasil. “� de fato um povo muito alegre, a cultura � muito diversa e a gente se encanta com o jeito de ser do Brasil, com essa mistura, essa alegria. Como falei do futebol, essa diversidade racial na sele��o brasileira, isso nos atrai de alguma forma. E o fato tamb�m do Brasil nos oferecer um misto de experi�ncias, isso amplia nosso campo de vis�o sobre o mundo quando a gente chega aqui”.
O cineasta pretende, com o filme, abrir o di�logo entre os imigrantes africanos e os brasileiros. “O filme abre porta para o di�logo e tamb�m pretende questionar o imagin�rio brasileiro sobre o imigrante africano e negro, porque o Brasil tem essa m�scara de um pa�s super acolhedor, mas tem quest�es que nos silenciam e v�o consumindo a gente por dentro. Meu objetivo com o filme � abrir um di�logo e tamb�m questionar as pessoas, o imagin�rio brasileiro, o continente africano e negro aqui no Brasil”.
O curta foi lan�ado na �ltima ter�a-feira (27), no Cine Olido, em S�o Paulo e j� pode ser assistido no Canal Conex�o Angola Brasil, do Youtube. A produ��o integra a exposi��o “Onde o arco �ris se esconde”, que come�a em 8 de julho, no Museu da Imigra��o, em S�o Paulo e ser� exibido tamb�m no local.
Exposi��o
Al�m de cineasta, Paulo Chavonga, � poeta e artista pl�stico. Na exposi��o individual do artista, organizado pelo coletivo conex�o Angola Brasil atrav�s do projeto “Hist�rias que pintam �frica Pelas Ruas de S�o Paulo”, mostra suas obras.
Na exposi��o Onde o arco �ris se esconde, Chavonga faz conex�es entre trajet�rias de imigrantes africanos, a experi�ncia cotidiana em outro pa�s e o universo da representatividade art�stica. A exposi��o integra 60 pinturas, uma instala��o que reproduz uma barraca de venda de tecidos da Pra�a da Rep�blica, dois v�deos e 12 poemas, que ser�o apresentados escritos ou em �udios espalhados pelo Museu. No dia da estreia, os poemas ser�o declamados pelos poetas angolanos Ermi Pazo e Mwana N´gola.
O projeto “Hist�rias que pintam �frica Pelas Ruas de S�o Paulo” foca nas m�ltiplas rela��es constru�das entre Angola e Brasil pelas artes.