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Estado de Minas DESIGUALDADE

Renda de m�es solo � 39% menor que a dos pais casados

De acordo com o estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas, essa diferen�a antes da pandemia era menor


12/05/2023 09:58 - atualizado 12/05/2023 16:42
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Imagem da mãe segurando seu bebê
A economista e pesquisadora Jana�na Feij�, que assinou o estudo afirma que "ao contr�rio das m�es solo, a trajet�ria dos homens no mercado de trabalho n�o � afetada ap�s o nascimento dos filhos" (foto: Reprodu��o/Pexels)


M�es solo enfrentam mais dificuldades de inser��o no mercado de trabalho e, quando conseguem uma ocupa��o, t�m uma renda m�dia inferior a de grupos como mulheres e homens casados e com filhos. � o que sinaliza um estudo assinado pela economista Jana�na Feij�, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas).

 

De acordo com o levantamento, o rendimento do trabalho das m�es solo no Brasil foi estimado em R$ 2.105 por m�s no quarto trimestre de 2022. O valor ficou quase 39% abaixo da renda dos homens casados e com filhos (R$ 3.438). Antes da pandemia, no quarto trimestre de 2019, essa diferen�a era menor.

 

Elas recebiam 33,4% a menos do que eles -R$ 2.325 e R$ 3.493, respectivamente. Os dados foram publicados em termos reais, ou seja, com o ajuste pela infla��o. "Ao contr�rio das m�es solo, a trajet�ria dos homens no mercado de trabalho n�o � afetada ap�s o nascimento dos filhos", diz Feij�.

 

No quarto trimestre de 2022, a renda das m�es solo (R$ 2.105) foi cerca de 20% menor do que o rendimento das mulheres casadas e com filhos (R$ 2.626). "As mulheres casadas tamb�m enfrentam dificuldades no mercado de trabalho. A diferen�a � que elas podem contar com uma pessoa a mais com renda", afirma Feij�.

 

O estudo da economista foi elaborado a partir microdados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios) Cont�nua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica). A an�lise � focada nas m�es solo de 15 a 60 anos que s�o consideradas pessoas de refer�ncia nos seus lares. As compara��es s�o feitas com pais e m�es da mesma faixa et�ria que est�o em rela��es conjugais.

Ensino e idade da m�e impactam

O estudo aponta diferen�as dentro do pr�prio grupo das m�es solo. No quarto trimestre de 2022, a renda m�dia do trabalho das m�es solo negras foi estimada em R$ 1.685 no Brasil. O valor ficou 39,2% abaixo do rendimento das m�es solo autodeclaradas brancas ou amarelas (R$ 2.772).

 

Feij� afirma que um dos motivos para essa disparidade � o n�vel de escolaridade. No quarto trimestre de 2022, em torno de 21% do total de m�es solo brancas ou amarelas tinham ensino superior. Entre as m�es solo pretas ou pardas, o percentual ca�a a 9%. De acordo com Feij�, h� uma forte correla��o entre o momento da maternidade e o grau de escolaridade das mulheres. Nesse sentido, quando a gesta��o acontece durante a fase escolar (entre os 14 e 25 anos), pode dificultar e at� mesmo inviabilizar a continuidade dos estudos, com poss�veis reflexos sobre o futuro profissional das m�es, aponta a pesquisa.

 

Segundo o levantamento, entre as m�es solo que tiveram o primeiro filho com 15 anos ou menos, apenas 3% contavam com ensino superior completo. J� entre as que tiveram o primeiro filho aos 30 anos, 22% apresentavam ensino superior completo.

"As m�es negras tendem a ter filhos mais cedo, e isso retroalimenta a situa��o desfavor�vel no mercado de trabalho. Consequentemente, vai repercutir no n�vel salarial", diz Feij�.

 

As m�es solo que tiveram o primeiro filho mais tarde, por volta dos 27 anos, tendem a apresentar um rendimento m�dio em torno de R$ 1.700, diz o levantamento. � mais do que o dobro da renda de quem virou m�e com 15 anos ou menos (R$ 800). No quarto trimestre de 2022, 29,4% das m�es solo estavam fora da for�a de trabalho no Brasil. Considerando somente as m�es solo com filhos menores, de at� cinco anos, a propor��o era maior, de 32,4%.

 

Entre as m�es solo negras, o percentual fora da for�a era de 31% para aquelas com filhos de diferentes idades e de 34,6% para aquelas com filhos de at� cinco anos. Entre as brancas e amarelas, a propor��o estava em 26,6% e 27,5%, respectivamente. A popula��o fora da for�a � composta por profissionais que n�o est�o empregadas nem procurando ocupa��o.

 

Segundo Feij�, um dos reflexos das dificuldades de inser��o no mercado de trabalho � a ida de m�es solo para a informalidade.

De um lado, essa escolha pode permitir maior flexibilidade para que as mulheres consigam conciliar trabalho e cuidado dos filhos, diz a pesquisadora.

 

O efeito colateral � a renda menor que a informalidade costuma gerar na compara��o com vagas com carteira assinada ou CNPJ.

"O que acontece � que a maternidade imp�e um custo alto para a m�e. Para conciliar maternidade e trabalho, ela muitas vezes vai para uma ocupa��o informal", analisa a pesquisadora.

 

O estudo ainda chama aten��o para a evolu��o dos domic�lios cujas pessoas de refer�ncia s�o m�es solo no Brasil. O n�mero aumentou de 9,6 milh�es no quarto trimestre de 2012 para 11,3 milh�es no quarto trimestre de 2022. Isso significa um incremento de 17,8% na d�cada, o equivalente a 1,7 milh�o a mais de m�es solo no per�odo. Segundo o estudo, 90% desse aumento (1,5 milh�o) veio de m�es solo pretas e pardas, que passaram de 5,4 milh�es para 6,9 milh�es entre 2012 e 2022.

 

A maior parte das m�es solo (72,4%) vivem em domic�lios monoparentais, compostos apenas por elas e seus filhos. Ou seja, n�o moram com parentes e n�o contam com uma rede de apoio para ajudar nas responsabilidades familiares e laborais. Na vis�o de Feij�, a melhoria das condi��es para a inser��o dessas mulheres no mercado de trabalho passa por uma jun��o de esfor�os. Um deles viria da adequa��o da oferta e dos hor�rios de creches �s necessidades das trabalhadoras.

 

"Para a m�e com filho pequeno, a creche � fundamental. Muitas vezes, a creche n�o est� perto da m�e, e os hor�rios n�o ajudam. � preciso entender quais s�o as demandas das mulheres", afirma. Ela tamb�m defende medidas de capacita��o para as m�es solo que tiveram de interromper os estudos. Por fim, diz Feij�, empresas deveriam flexibilizar hor�rios de chegada e sa�da do trabalho para que m�es solo pudessem conciliar seus compromissos.


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