
O estudo foi feito na cidade de S�o Paulo entre os anos de 2016 a 2019 com 800 crian�as e adolescentes de 120 escolas p�blicas e privadas. Um extenso question�rio perguntando o contato das crian�as e adolescentes com as pol�cias foi aplicado nesse per�odo.
Considerando os anos pesquisados, 21,5% das crian�as pretas disseram j� terem sido revistadas por policiais, enquanto entre os brancos o percentual foi de 8,33%; e 9,74% entre os pardos. A discrep�ncia entre a abordagem de crian�as pretas e brancas tamb�m aparece quando se trata da condu��o para delegacia ou de agress�es policiais.
Para o pesquisador do NEV Renan Theodoro, o fato de crian�as e adolescentes observarem desde cedo a abordagem violenta da Pol�cia Militar (PM) com vi�s racista pode deslegitimar a atua��o de PMs perante a sociedade. “Quando eles percebem que a pol�cia � violenta no seu bairro, mesmo que seja para, supostamente, combater o crime, isso n�o melhora a legitimidade da pol�cia, pelo contr�rio”, aponta.
Ele acrescenta que, ao abordar algu�m, a pol�cia passa uma mensagem para aquele cidad�o.
“Quando ela aborda mais pretos do que brancos, a mensagem que ela est� passando � que os pretos n�o s�o membros leg�timos da sociedade, como os demais. � preciso ter muito cuidado com isso. � preciso ter muito cuidado para que a pol�cia seja o espelho do Estado Democr�tico”, analisa.
Ainda de acordo com Renan, a quest�o do vi�s racista das pol�cias deve ser discutida e abordada nos cursos de forma��o dos agentes, e n�o invisibilizada ou negada pelas institui��es militares. “Na forma��o das pol�cias, nas escolas, n�o se fala sobre discrimina��o racial a fundo ou, quando se fala a respeito, nega-se que isso existe: ‘Isso n�o existe, n�o � um problema, n�s j� resolvemos’”, critica.
Para o pesquisador, dados do NEV e de outras institui��es t�m demonstrado que o curso de forma��o das pol�cias � insuficiente para enfrentar esse problema. “Se h� cursos de forma��o para as pol�cias, eles n�o est�o funcionando. � preciso levar a s�rio e � preciso compreender isso como um problema institucional, n�o � problema individual de cada policial que est� na rua.”
De acordo com o Estatuto da Crian�a e do Adolescente, nenhuma pessoa menor de idade pode ser revistada pela pol�cia sem a presen�a do respons�vel ou de um conselheiro tutelar. E, mesmo que ela seja flagrada cometendo um ato infracional, deve ser encaminhada ao Conselho Tutelar, que far� a aplica��o de medida protetiva.
Em nota, a Secretaria de Seguran�a P�blica de S�o Paulo afirmou que a abordagem policial segue os par�metros t�cnicos definidos por lei e que, ao longo dos anos, a PM tem buscado evoluir e se aprimorar de forma cont�nua.
A resposta diz ainda que, nas escolas de forma��o da PM, os agentes estudam a��es antirracistas e que a PM tem participa��o acad�mica no grupo de trabalho Movimento Antirracista- Seguran�a do Futuro, coordenado pela Universidade Zumbi dos Palmares.
A �ntegra da pesquisa pode ser encontrada no site do NEV.