
As atividades do movimento dialogam com o conceito Sankofa, originado de um prov�rbio tradicional entre os povos de l�ngua Akan da �frica Ocidental, que diz: se wo were fi na wosan kofa a yenki, que pode ser traduzido por “n�o � tabu voltar atr�s e buscar o que esqueceu”, e representa o olhar para o passado para a constru��o de um futuro.
Ao longo da hist�ria, o MNU tem avan�ado com a pauta antirracista, a come�ar com a defini��o do que � ser negro, explica a integrante da coordena��o nacional do movimento, Simone Nascimento.
“O MNU contribuiu na compreens�o de v�rias quest�es, inclusive com o IBGE, com o pr�prio reconhecimento de negro na sociedade, tirando aquelas varia��es de tom de peles que existiam e que faziam parte do mito da democracia racial. Nos levou � compreens�o de que a popula��o negra � a maioria no Brasil e, portanto, precisa de repara��o hist�rica, pol�ticas p�blicas pensadas na supera��o do racismo”.
O feminismo negro � outra frente, completa Simone. “O movimento contribuiu com a compreens�o da tripla explora��o contra a mulher negra e portanto, contra todas as mulheres, com prote��o da explora��o sexual, o machismo e a desigualdade salarial. Ent�o, o MNU pauta essa quest�o do feminismo, o movimento de mulheres negras brasileira � reconhecido internacionalmente”.
Mais uma contribui��o � na �rea da educa��o, por meio da Lei nº 11.645/2008, que estabelece as diretrizes e bases da educa��o nacional, para incluir no curr�culo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da tem�tica “Hist�ria e Cultura Afro-Brasileira e Ind�gena” nas escolas de ensino fundamental e m�dio.
“O MNU debateu em muitos f�runs de educa��o o que significava o direito � mem�ria, ent�o a pr�pria lei, de ensino de hist�ria africana e ind�gena, que ainda n�o foi implementada plenamente, � uma vit�ria constru�da a partir desses debates”, destaca Simone.
Outra frente, defendida desde a funda��o, � o combate � pris�o de negros a partir do racismo. “A quest�o de que toda pris�o � uma pris�o pol�tica, no sentido da necessidade do desencarceramento da popula��o negra no Brasil e do combate � genocidade negral que o MNU combateu desde o in�cio, quando denunciou o racismo vivido por jovens do Clube Regatas Tiet� e tamb�m pelo Robson Silveira da Luz, um trabalhador que cuja morte, por policiais racistas, originou o nascimento do MNU”.
Um dos fundadores do movimento, Jos� Ad�o Oliveira, elenca as bandeiras que o MNU defende. “O MNU contribuiu expondo suas faixas e lutando em todos os espa�os pela democracia e igualdade racial, pela diversidade sexual, contra a viol�ncia policial e discrimina��o racial, pelo item cor no censo do IBGE em 1980, pelo Dia Nacional da Consci�ncia Negra, celebrado em 20 de novembro, pela hist�ria e cultura negra na educa��o e pelo Parque Hist�rico Cultural-Quilombo dos Palmares/Serra da Barriga”.
Desafios e legado
Os desafios ainda s�o muitos, explica Simone. “Os principais desafios atuais � de fato que a popula��o negra tenha a repara��o hist�rica, n�o conseguimos superar o racismo no Brasil ainda, 135 anos depois da falsa aboli��o. Muitas pol�ticas p�blicas necess�rias n�o est�o implementadas, ent�o a gente precisa de fato fazer com que a principal quest�o hoje da popula��o negra seja resolvida, que � acabar com esses �ndices de genoc�dio, de mortalidade policial, isso trata-se de um outro modelo de seguran�a p�blica".
Ela destaca tamb�m outros direitos fundamentais que s�o desrespeitados. "N�s temos tamb�m a quest�o do acesso � educa��o plena, a trabalho, renda, moradia. Se a gente olhar os direitos democr�ticos da cidadania no Brasil, os negros s� v�o poder ser democr�ticos cidad�os quando a gente eliminar o racismo, porque a popula��o negra � a maioria”.
Na opini�o da integrante do MNU, as novas gera��es t�m contribu�do para manter o debate em torno das pautas antirracistas. “O maior legado do movimento negro no Brasil � esse encontro de gera��es, que no momento que se encontram lutam juntos para superar o racismo, construir o bem viver na sociedade brasileira e dessa forma contribuir com o debate internacional tamb�m como tem feito o MNU h� 45 anos”.