O sonho de ser pai fez com que o professor de ingl�s Rafael Moreira e o sargento Valdi Barbosa, da Cavalaria da Pol�cia Militar de Pernambuco, buscassem a Justi�a para conquistar o direito a uma licen�a-paternidade de seis meses.
A decis�o aconteceu de forma in�dita na corpora��o, motivada pelo nascimento de Sofia, filha do casal.
A menina nasceu no dia 27 de junho de 2022, por meio de uma fertiliza��o in vitro e concebida por uma barriga solid�ria. A respons�vel por participar do processo de gesta��o foi a irm� do policial, Rosilene.
O procedimento incluiu o �vulo de uma doadora an�nima e o esperma do sargento. O primeiro procedimento gerou sete embri�es e apenas dois foram utilizados inicialmente. Contudo, os embri�es n�o vingaram.
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No segundo procedimento, a chegada de Sofia foi confirmada.
"Come�amos outro preparo, transferimos mais dois embri�es. Com nove dias, fizemos o exame e deu positivo. Eu lembro como se fosse hoje. [A not�cia aconteceu] no dia de Nossa Senhora Aparecida, que tamb�m � celebrado o Dia das Crian�as", diz Barbosa.
"A primeira tentativa foi feita com uma pessoa que n�s n�o conhec�amos. Os primeiros dois embri�es n�o vingaram. Eu chorei, me desesperei. Foi quando a minha irm� decidiu que seria a barriga solid�ria. N�s reiniciamos o processo: trabalhar para juntar dinheiro e tentar tudo de novo", conta Barbosa.
Com a not�cia da chegada de Sofia, Rafael e Valdi iniciaram os questionamentos sobre o tempo dedicado � cria��o da filha. Pela PM, o policial atua em um regime de plant�o de 24 horas de trabalho e 72 horas de folga. J� Rafael trabalha de forma aut�noma, pela internet.
"Em janeiro [de 2022], quando eu j� havia anunciado para todo mundo da gravidez, eu fui falar para os meus superiores. Porque eu precisava correr atr�s da licen�a. Eu vi processos favor�veis a pais solo, mas pai gay, casado com outro homem, n�o", conta o sargento.
Para que ele buscasse na Justi�a o direito � licen�a, o pedido precisaria ser analisado pelas inst�ncias administrativas da Pol�cia Militar.
Na Procuradoria-Geral do Estado, �ltimo passo, o pedido foi negado definitivamente. Ent�o, no come�o de junho, ele deu entrada no pedido judicialmente.
Enquanto esperava, o policial conseguiu apenas a licen�a padr�o de 20 dias, como ocorre com casais heteronormativos. Depois, retornou ao trabalho.
Em julho de 2022, a Justi�a concedeu a licen�a maior, que durou at� fevereiro deste ano. "Foi um per�odo intenso, mas foi tudo que eu sempre sonhei. Eu sempre quis ser pai de verdade, viver a plenitude de ser pai. A alegria de ver ela sorrindo, de ver ela falando papai, n�o tem pre�o. Eu faria tudo de novo. J� estamos conversando para termos um segundo filho", declara.
De acordo com a advogada do casal, Deise Lima, a decis�o foi in�dita em Pernambuco.
Por meio de nota, a Pol�cia Militar de Pernambuco informou que, atendendo a determina��o, concedeu 180 dias de licen�a "e que n�o h� decis�es semelhantes" no �mbito da corpora��o.
A hist�ria da fam�lia passou a ser compartilhada atrav�s do perfil no Instagram @somos2pais. Para o policial, a ideia � encorajar outros casais que, assim como eles, tamb�m sonham em ser pais.
"Eu criei o perfil no Instagram porque n�s n�o t�nhamos representatividade nenhuma. Vimos que a nossa comunidade precisa de representatividade, ver que temos os mesmos direitos. O feedback foi muito positivo. Outros casais nos procuraram, porque eu sei que � dif�cil ter acesso a essas informa��es", afirma.