
Em um momento em que o petr�leo registra pre�os recordes e na��es produtoras no Oriente M�dio e no norte da �frica est�o em crise, o presidente americano, Barack Obama, chega ao Brasil neste s�bado de olho no potencial do pa�s de se tornar um grande fornecedor para os Estados Unidos no futuro.
O pr�prio Obama anunciou, ainda na semana passada, que a importa��o de petr�leo ser� um dos temas de sua agenda com a presidente Dilma Rousseff, em Bras�lia. O governo americano busca reduzir sua depend�ncia de petr�leo, mas tamb�m diversificar seu portf�lio de fornecedores.
“O Brasil vai se tornar um ator principal nos mercados globais de energia com suas recentes descobertas de petr�leo em �guas profundas”, disse o vice-conselheiro de seguran�a nacional para assuntos de economia internacional da Casa Branca, Mike Froman.
Al�m de ministros do setor de energia, Obama viaja acompanhado tamb�m de dezenas de empres�rios. Segundo o diretor-executivo do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos da C�mara de Com�rcio americana, Steven Bipes, depois de passarem por Bras�lia, esses empres�rios ir�o ao Rio analisar as perspectivas de investimento nas �reas de petr�leo e g�s.
“Considerando as circunst�ncias atuais enfrentadas pelos pa�ses �rabes, o Brasil � um candidato muito importante a fornecedor dos Estados Unidos em termos de petr�leo no m�dio prazo”, disse em visita a Washington o presidente da C�mara de Com�rcio Americana para o Brasil, Gabriel Rico.
Import�ncia estrat�gica
O Brasil j� � auto-suficiente em petr�leo, com produ��o di�ria de 2,1 milh�es de barris, equivalente ao consumo dom�stico. A explora��o do pr�-sal, por�m, amplia em muito esse potencial. Segundo proje��o da consultoria IHS Cera, at� 2030 o Brasil poderia exportar cerca de 2,5 milh�es de barris de petr�leo bruto por dia.
“A t�tulo de compara��o, este volume seria equivalente ao exportado pelo Ir�, o terceiro maior exportador de petr�leo, em 2009”, disse � BBC Brasil a analista de energia para Am�rica Latina da consultoria, Carla Cohen.
Esse potencial, no entanto, depende de investimentos e de alta tecnologia, devido �s dificuldades de extra��o de petr�leo na camada do pr�-sal, a uma profundidade de at� 7 quil�metros abaixo do leito do mar.
H� entre os americanos um grande interesse em investir no setor. “O pr�-sal vai criar muitas oportunidades de com�rcio e investimentos para empres�rios americanos das cadeias de petr�leo e g�s”, diz o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos.
No entanto, o conselho alerta que, apesar das oportunidades, “a��es regulat�rias” por parte do governo brasileiro, como restri��es a estrangeiros em processos de explora��o e produ��o, podem dificultar a participa��o de empresas americanas. Por�m, mesmo com as dificuldades envolvidas, analistas afirmam que as descobertas do pr�-sal podem aumentar a import�ncia estrat�gica do Brasil para os Estados Unidos.
“Cria oportunidades para os Estados Unidos diversificarem seu portf�lio de importa��o de petr�leo, para longe do Oriente M�dio, potencialmente longe da Venezuela”, disse � BBC Brasil a analista Julia Sweig, do Council on Foreign Relations, em Washington. “A dimens�o energ�tica das capacidades do Brasil � de import�ncia estrat�gica para os Estados Unidos.”
Etanol
O interesse dos americanos n�o � apenas em petr�leo, mas tamb�m em outros setores, como energia renov�vel, biocombust�vel e energia nuclear. O fato de o Brasil ser destaque na produ��o mundial de biocombust�veis, com o etanol, representa um outro atrativo para os Estados Unidos – tamb�m um grande produtor – em um momento em que o pa�s busca diversificar suas fontes de energia e reduzir a depend�ncia de petr�leo.
Os dois pa�ses j� t�m um memorando de entendimento em biocombust�veis, assinado em 2007. Esse acordo prev� coopera��o em pesquisa e o est�mulo ao uso de biocombust�veis em terceiros pa�ses. Em visita a S�o Paulo no m�s passado, o secret�rio-adjunto de Estado dos EUA, Jos� Fernandez, citou a Jamaica como exemplo de pa�s que, estimulado por Brasil e Estados Unidos, aprovou a mistura de 10% de etanol em seu combust�vel.
Segundo o ministro diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, Andr� Aranha Corr�a do Lago, o principal objetivo dessa coopera��o em outras na��es � ajudar a transformar o etanol em commodity internacional. H� estudos de viabilidade do uso em pa�ses como Senegal e Guin�-Bissau, com o objetivo de estabelecer leis que favore�am o plantio da cana e o uso do etanol.
No entanto, a an�lise do setor no Brasil � de que a parceria com os Estados Unidos n�o avan�ou muito. Segundo o diretor-executivo da Unica (Uni�o da Ind�stria da Cana-de-A��car), Eduardo Le�o de Souza, a visita de Obama traz expectativas de avan�o, j� que o ritmo tem sido “lento” at� o momento.
A rela��o dos dois pa�ses no setor � dificultada pelas barreiras � entrada de etanol brasileiro nos Estados Unidos, que al�m de subsidiarem seu produto, imp�em uma tarifa de importa��o de 16 centavos de d�lar por litro. A elimina��o da tarifa, que acaba sobretaxando o produto brasileiro, � uma reivindica��o antiga do Brasil. A decis�o, por�m, n�o cabe a Obama, e sim ao Congresso, que desde as elei��es de novembro passado est� dividido, com a oposi��o republicana no comando da C�mara dos Representantes.
Representantes do setor esperam que Dilma pe�a a Obama que use sua lideran�a no Congresso para impedir uma nova renova��o da tarifa no fim do ano. Mas diante do forte lobby agr�cola nos Estados Unidos, e �s v�speras das elei��es presidenciais de 2012, muitos duvidam da possibilidade de mudan�a no curto prazo.
A pr�pria Casa Branca j� diminuiu as poss�veis expectativas sobre o tema durante a visita. “N�s n�o esperamos um an�ncio sobre as tarifas ao etanol nesta viagem”, disse Froman.