
A presidente Dilma Rousseff chegou a Pequim nesta segunda-feira para uma visita de seis dias em que tentar� inaugurar uma nova etapa na rela��o do Brasil com a China. “A China � uma grande compradora de commodities. Nos interessa que continue sendo uma grande compradora, mas nos interessa tamb�m abrir uma nova etapa nessa rela��o em que a gente seja parceiro na �rea de ci�ncia e tecnologia e na �rea de pesquisa”, disse o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Fernando Pimentel.
“O objetivo da visita da presidente Dilma � inaugurar essa nova etapa. N�o queremos perder a China como parceiro, mas queremos qualificar mais nossa
Pimentel anunciou ainda que a empresa chinesa de equipamentos de telecomunica��es e computa��o vai investir cerca de US$ 300 milh�es no Brasil na constru��o de um centro de pesquisa e tecnologia e tamb�m doar US$ 50 milh�es em equipamentos para universidades brasileiras.
“Come�amos com p� direito”, comemorou Pimentel. A busca por mais e “melhores” investimentos chineses ocorre no momento em que a China desponta como um dos principais investidores do mundo, o quinto maior, segundo o governo chin�s.
No ano passado, investiu US$ 59 bilh�es no exterior, segundo o Minist�rio do Com�rcio. A maior parte teve como alvo obter acesso a commodities na �rea de petr�leo e minera��o, mas h�, segundo analistas, potencial para uma maior diversifica��o.
Reciprocidade
Em Pequim, Dilma Rousseff ter� uma reuni�o com o presidente Hu Jintao para discutir o “aprofundamento da parceria estrat�gica sino-brasileira”. Nas palavras de Dilma Rousseff � ag�ncia estatal chinesa Xinhua, em entrevista ainda no Brasil, essa rela��o deve ser baseada na “reciprocidade”.
O grande desafio de Dilma Rousseff nesta primeira viagem � China como presidente � criar bases para uma maior diversifica��o da pauta de exporta��es brasileiras, garantir melhor tratamento a empresas na China, como a Embraer, e tamb�m atra��o de investimentos em setores que n�o apenas o de extra��o de recursos naturais.
"Esta � uma rela��o que, eu acredito, ser� muito bem desenvolvida entre os dois pa�ses porque h� algumas �reas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China (…) baseada em um conceito que eu considero muito importante em uma rela��o entre iguais: a reciprocidade", disse Dilma Rousseff � Xinhua.
Desvantagem
Os n�meros que embasam a defesa do discurso da reciprocidade s�o bem claros. A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. Mas as caracter�sticas dessa pauta comercial deixam o Brasil, na opini�o de muitos setores, em posi��o de desvantagem.
Cerca de 95% das exporta��es brasileiras para a China s�o de mat�rias-primas. A via contr�ria, da China para o Brasil, � dominada quase em sua totalidade por produtos industrializados. Al�m de principal parceiro comercial, o pa�s se tornou tamb�m o principal investidor estrangeiro no Brasil em 2010. E tamb�m a �rea de investimentos diretos reflete a sede chinesa por commodities que sustentem seu crescimento.
Segundo o Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ci�ncias Sociais, 85% dos investimentos no Brasil est�o nos ramos de minera��o e petr�leo.
Al�m disso, empresas brasileiras como a Embraer enfrentam grandes dificuldades em suas opera��es na China. H� expectativa de que um acordo seja anunciado nesta visita para encomenda de jatos da Embraer por uma empresa chinesa, o que poderia representar um avan�o na solu��o de uma quest�o pol�mica que se arrasta h� anos.
Coopera��o
Em entrevista � BBC Brasil, o diretor do Centro de Pesquisa Econ�mica da Universidade de Pequim, Yang Yao, disse que o Brasil deveria buscar mais coopera��o da China em busca de competitividade."O que o Brasil realmente precisa � de investir o que ganha com recursos naturais em ampliar sua capacidade industrial", disse Yang Yao.
"E a China pode oferecer algum tipo de ajuda nesta �rea aumentando seus investimentos no pa�s. O Brasil deveria encorajar mais investimentos da China para incentivar sua manufatura e infraestrutura", recomendou.
Agenda
Na China, Dilma Rousseff deve assinar uma s�rie de acordos bilaterais em �reas como ci�ncia e tecnologia, defesa, agricultura, energia e educa��o. No campo empresarial, ser�o firmados acordos nos setores de energia, telecomunica��es e eletr�nica. Al�m da visita oficial � China, sua terceira viagem ao exterior desde que tomou posse, Dilma Rousseff participa, na cidade de Sanya, da c�pula dos pa�ses que integram o grupo dos Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e que passa agora a incluir a �frica do Sul).
De l�, vai para a cidade de Boao para participar do F�rum de Boao para a �sia, um encontro de empres�rios da regi�o. O roteiro prev� ainda uma visita � cidade de Xi'an, na prov�ncia de Shanxi, onde a presidente visitar� o centro de pesquisa de uma empresa chinesa, ZTE, com interesses no Brasil. Dilma Rousseff embarca de volta � Bras�lia no s�bado.