Enquanto tratores levantam poeira e comerciantes pedem agilidade nas obras para que os compradores retornem, donos de im�veis, de olho na nova cara da Savassi, nem esperam o fim das interven��es e reajustam alugu�is em mais de 100%. Faltando seis meses para o pesadelo virar sonho, lojistas encaram a queda brusca no faturamento e a obriga��o de avaliar se vale a pena permanecer no local ou se � melhor procurar novo rumo.

O receio do empres�rio � que a obra resulte em aumento tamb�m dos impostos e que novas taxas sejam criadas. Atualmente, ele destaca 30% do faturamento para o pagamento de taxas. S� nas taxas de instala��o de toldo e mesas e cadeiras ele gasta R$ 8 mil por ano. “Uma hora fica invi�vel. Meu medo � a obra valorizar demais a regi�o”, afirma Jo�o, que apesar de sofrer com os problemas da obra contratou uma arquiteta para reformar o bar. “Espero que a clientela aumente.”
Problema semelhante ao de Jo�o enfrenta o propriet�rio da Ag�ncia Status, tradicional livraria da Savassi, Rubens Batista. O propriet�rio do im�vel pediu mais que o dobro no reajuste do aluguel, mas, com as negocia��es, o �ndice acordado ficou em 30% nos 12 pr�ximos meses de contrato e 50% mais nos meses posteriores. “Uma hora ningu�m vai dar conta de pagar isso”, afirma Batista, reiterando que as obras resultaram em queda superior a 50% no faturamento da livraria. A Status � um dos empreendimentos mais antigos da Savassi, dos tempos em que o pirulito – hoje na Pra�a Sete – ficava na Pra�a Diogo Vasconcelos.
Na avalia��o do empres�rio, dono de outras duas casas na Savassi, a obra deve dar ares semelhantes aos de outros centros comerciais mundo afora, como a Rua Florida, em Buenos Aires, na Argentina, mas, “se a obra for at� mar�o nesse ritmo, 80% dos comerciantes n�o aguentam”, diz Rubens.
O presidente do Conselho Savassi da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Alessandro Runcini, esperava que, em virtude das obras, fosse concedida isen��o de IPTU aos lojistas. Foi surpreendido pelo aumento nos alugu�is. “� bem leviano aumentar num momento como esse. Desestimula”, afirma.
O projeto da CDL-BH para a Savassi prev� estender o hor�rio de funcionamento das lojas para at� 21h, criando uma alternativa aos shoppings. Com tr�s horas a mais de vendas e um novo perfil de consumidores, a esperan�a � que haja crescimento de 30% nos neg�cios em rela��o ao per�odo pr�-obras. “Um dos principais problemas na Savassi � a falta de estacionamento. Mas � noite as vagas ocupadas por funcion�rios da regi�o estar�o livres e, com isso, ter�amos um p�blico novo”, diz Runcini.
Palavra de specialista
Demandalt�ssima
Otimar Bicalho
C�mara do Mercado Imobili�rio
“Os aumentos nos alugu�is de lojas comerciais est�o diretamente ligados � falta de oferta de im�veis na regi�o da Savassi. Esse eixo da Savassi at� o Seis Pistas � o mais valorizado hoje, em Belo Horizonte, com o metro quadrado de uma sala valendo at� R$ 12 mil. A demanda ali grande demais. Al�m de ser um ponto nobre, as facilidades da regi�o s�o um atrativo. Tem banco e restaurante perto e a possibilidade da cria��o de estacionamentos subterr�neos. Hoje n�o existe interesse de loca��o sem garagem, principalmente de escrit�rios.”