A crise na Europa e nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, os rem�dios usados at� aqui para enfrent�-la, s�o as raz�es pelas quais os pa�ses emergentes, como o Brasil, est�o enfrentando redu��es no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A an�lise � da presidente Dilma Rousseff, feitas ontem, em Hannover, na Alemanha, ao t�rmino de um encontro com a chanceler Angela Merkel. Para Dilma, a turbul�ncia econ�mica desaquece os pa�ses emergentes, que ainda enfrentam o "tsunami monet�rio", causador de valoriza��o artificial do c�mbio e perdas na balan�a comercial.
As declara��es foram feitas durante r�pida entrevista coletiva ao final de uma visita � feira de tecnologia de Hannover. Descrevendo o teor das reuni�es bilaterais realizadas com Merkel Dilma reiterou as cr�ticas ao excesso de liquidez promovido pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, desde o in�cio da crise, em 2008. S� a autoridade monet�ria europeia despejou no sistema financeiro um total de 1 trilh�o de euros em dois megaempr�stimos subsidiados aos bancos, entre dezembro e mar�o.
"Eu manifestei para a chanceler Merkel a preocupa��o do Brasil com a expans�o monet�ria que vem ocorrendo por parte dos pa�ses desenvolvidos, que come�ou com os Estados Unidos, obviamente com uma parte bem mais significativa do que a Uni�o Europeia", disse a presidente. "Mas agora a expans�o monet�ria da Uni�o Europeia provoca desvaloriza��o das moedas, o que n�s consideramos bastante adverso para o com�rcio internacional do Brasil."
Coopera��o
Dilma disse entender as adversidades da zona do euro causadas pela crise das d�vidas soberanas, mas reiterou a necessidade de "buscar melhores formas de coopera��o". A presidente brasileira relativizou a redu��o do ritmo de crescimento dos pa�ses em desenvolvimento. "� um per�odo adverso para a economia internacional, uma vez que n�o s�o s� os pa�ses desenvolvidos que est�o sofrendo press�es nas suas taxas de crescimento, mas tamb�m os pa�ses emergentes", disse, reiterando em seguida: "Os pa�ses emergentes t�m visto suas taxas de crescimento diminuir".
A presidente tamb�m se comprometeu diante de Merkel a imprimir uma pol�tica econ�mica de expans�o sustent�vel do PIB brasileiro. "O governo ter� uma posi��o pr�-ativa no sentido de ampliar cada vez mais a taxa de crescimento do Brasil de forma sustent�vel, respeitando o equil�brio macroecon�mico com finan�as p�blicas e uma estrutura fiscal s�lida", ressaltou.
As considera��es foram feitas no dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou os dados sobre o PIB de 2011. Segundo o organismo, o crescimento do Brasil foi de 2,7% no ano passado, resultado que ficou dentro das �ltimas proje��es, que oscilavam entre 2,6% e 3%. O resultado, no entanto, � o mais fraco porcentual desde 2009, quando a economia recuou 0,3%, longe tamb�m dos 7,5% registrados em 2010. Al�m do Brasil, outro emergente, a China, informou que prev� �ndices de crescimento menores. Dos 8% projetados em 2005, a estimativa passa a ser de 7,5%, segundo o primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Real
Questionada por um jornalista alem�o sobre se o governo brasileiro pretendia voltar a subir impostos sobre produtos importados, como fez com o IPI para ve�culos que n�o tenham no m�nimo 65% de componentes montados no pa�s, Dilma voltou a afirmar que "tomar� medidas" para evitar a aprecia��o do real. "Eu queria assegurar que, diante da desvaloriza��o de moedas de forma artificial, o Brasil tomar� todas as medidas que n�o firam as disposi��es da Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) para evitar que esta desvaloriza��o artificial das moedas desindustrialize a economia brasileira", assegurou.
Diferentemente da noite de segunda-feira, quando advertiu de forma indireta o Brasil contra a ado��o de "medidas protecionistas unilaterais", ontem Merkel se mostrou menos incisiva, evitou cobran�as e reconheceu a interconex�o da expans�o de liquidez na Europa e da aprecia��o de outras moedas em rela��o ao euro. "A presidente manifestou sua preocupa��o com a expans�o monet�ria que conduz a uma valoriza��o da moeda brasileira, de modo que haja mais importa��es e menos exporta��es", afirmou. "Isso tem naturalmente a ver com a liquidez no �mbito do BCE. (...) Na hist�ria h� muitos exemplos no sentido de que grandes volumes de liquidez tamb�m conduziram � instabilidade. Este n�o � o nosso objetivo."